Cartas a Mesa

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Mareena

A fraca luz do sol que atravessava as cortinas de tecido branco aquecia meu rosto, lentamente fui abrindo meus olhos assim que despertei do meu sono profundo. Fiquei por alguns minutos observando uma leve brisa balançar as cortinas...

Cocei meus olhos respirando bem fundo. Mais uma vez eu me dava conta de que aquele não era meu antigo quarto.

Como eu sentia falta da minha antiga vida... Da minha antiga casa, dos momentos com os meus amigos no colégio... Estar confinada no alojamento do Ministério era desanimador.

Comecei a me lembrar de como estavam as coisas lá fora, de como cada dia o mundo exterior se tornava mais perigoso... Parecíamos estar à beira de um colapso. Nunca que eu poderia imaginar passar tal situação.

O que mais me preocupava no momento, era a tal profecia... O fato de ainda não termos conseguido encontrar o Élio só me amedrontava ainda mais. A quantidade de pessoas silenciosas cercando a barreira mágica que Diretora Ofélia havia erguido ao redor do prédio, só fazia por aumentar descontroladamente. Sem Élio para completarmos a poção de reversão, não havia esperanças... Estávamos condenados.

Leves batidas na porta do quarto me fizeram emergir de meus pensamentos perturbadores. Do outro lado da porta, ouvi a voz muito familiar de minha mãe me chamar:

- Mare, está acordada?

- Sim, mamãe! - Respondi dando um longo bocejo ao terminar de falar.

- Não vai se levantar para tomar o café da manhã?

- Já vou me levantar, mamãe... Mas estou sem fome. Podem tomar café sem mim!

- Você precisa se alimentar, querida! - Insistiu ela.

- Não estou com o estômago muito bom esta manhã, mãe... Por favor, tente não insistir!

- Teimosa! - O tom dela era claramente de desagrado. - Então tá bom... Qualquer coisa me chame se não estiver se sentindo bem!

- Pode deixar!!!

O silêncio voltou a predominar. Minha mãe era muito insistente quando queria, e insistência era a última coisa que eu precisava naquele momento.

Mas eu, de fato, não estava sentindo a menor vontade de me alimentar naquela manhã. Tanta preocupação tirava o meu foco em outras coisas que eu julgava menos importantes.

Resolvi sair da cama. Fui até o banheiro,escovei os meus dentes... Tomei um bom banho quente... Era tudo que eu precisava para me sentir novinha em folha naquela manhã.

Saí do banho e vesti um roupão logo após me secar. Em seguida caminhei até a penteadeira do quarto, e comecei a secar os cabelos com o auxílio de um secador. Eu encarava meu reflexo no espelho e tentava pensar nos passos que daríamos a seguir. Eu não queria colocar meus amigos em perigos extremos, eu tinha medo de perder qualquer um deles.

Como continuar procurando por Élio? O mundo lá fora estava perigoso demais! Onde será que ele estava? Como meu amigo pôde simplesmente desaparecer no ar sem deixar nenhum vestígio? Morto eu sabia que ele não estava, pois se estivesse, eu não estaria viva. Devido a nossa forte ligação pela promessa que o fiz no passado, se o pior acontecesse com ele, eu voltaria a me transformar em pedra. Então onde poderia esta meu amigo? Tal pergunta só me deixava mais angustiada a cada dia que se passava. Ficar sem uma notícia dele, era o pior de meus pesadelos!

Terminei de secar os cabelos e me vesti. Coloquei um discreto vestido branco bem armadinho e bem engomado. Passei apenas um gloss incolor para não dizer que estava totalmente sem maquiagem. A preocupação estava me deixando cada vez menos preocupada em cuidar da minha aparência. Calcei por fim uma sandália e saí do meu quarto.

O Híbrido: Despertar do Híbrido {Livro 2}Onde histórias criam vida. Descubra agora