Princípios do Fim

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Mareena

Eu estava na cozinha, havia acabado de comer um lanche... Agora eu estava lavando alguns utensílios que haviam sido largados na pia por alguém... Eu pensava sobre tudo que estava nos acontecendo naqueles últimos dias. O medo e a incerteza, haviam se tornando meus companheiros constantes... Estava passando muito tempo sozinha.

Olhando por uma das janelas localizadas por cima da pia, eu conseguia claramente ter uma idéia dos estragos causados lá fora por aquela tempestade constante. O vento sacudia as árvores ao redor com fúria, a forte chuva provocava um barulho quase que ensurdecedor, os raios e trovões davam um ar ainda mais macabro para aquela visão apocalíptica.

Terminei de lavar os utensílios, sequei-os, e em seguida guardei em um dos armários. Caminhei até a mesa do outro lado da cozinha, e me sentei em um dos bancos de madeira que ficavam ao redor da mesma.

Poucas luzes do cômodo estavam acesas, a deixando a meia luz. Eu queria aproveitar aquele tempo sozinha, mesmo que fosse breve, para tentar colocar algumas idéias em ordem. Eu precisava me preparar psicologicamente para o que estava por vir, eu estava com um pressentimento estranho já faziam horas.

Aquele aperto no peito, aquela angústia, pareciam estar me consumindo lentamente...

Sons de passos adentrando a cozinha me fizeram desviar o olhar para a passagem do cômodo. Um certo sentimento de ansiedade me tomou por completo, assim que percebi de quem se tratava.

- E aí?! - Era David quem chegava, esboçando o mesmo lindo e simpático sorriso de sempre... O sorriso que me hipnotizou à primeira vista.

Engoli em seco. Fiquei sem palavras... Não sabia o que responder. Depois do que havia acontecido entre a gente no porão na noite anterior, eu estava dedicando meu tempo a fugir dele... Eu tinha um certo receio de encontrá-lo novamente.

Mas para minha total frustração, ele agora estava ali, parado bem diante dos meus olhos. Esbanjando o charme espontâneo que o acompanhava onde quer que ele fosse. Ele me encarava atentamente, parecia realmente estar esperando uma resposta minha ao cumprimento dele.

Depois de constrangedores minutos nos olhando, acho que o rapaz percebeu que eu não conseguiria dizer qualquer palavra... Ele puxou o banco à minha frente e se sentou apoiando os cotovelos sobre a mesa juntando as mãos.
Aquela ação de David me deixou ainda mais desconcertada. O pânico parecia querer me consumir, eu sentia meu rosto queimar. Provavelmente naquela altura do campeonato, eu já estava suando frio.

O beta dos licantropos inclinou-se um pouco mais para a frente, quase que encostado seu peitoral sobre a mesa, ele deu um suspiro enquanto apertava os olhos me encarando, e falou:

- Por que não responde ao meu cumprimento? Não quer falar comigo?

Minha respiração ficou mais pesada. Eu queria que naquele momento o chão se abrisse sob mim e me engolisse, para me poupar de ter que ficar frente a frente com ele. Eu não fazia a menor idéia de como proceder depois do ocorrido da noite anterior. Eu havia deixado a excitação sexual me levar, mas confesso que arrependida eu não estava. Só estava insegura em como seriam nossos contatos a partir daquele momento em diante.

Mais uma vez, David voltou a me cobrar uma resposta enquanto inclinava o corpo para trás, cruzava os braços e franzia o cenho:

- É... Acho que não vai mesmo falar comigo...

Lentamente ele se levantou. Assim que deu alguns passos para se retirar da cozinha, eu fui invadida pela coragem e o chamei:

- David, espera!

O Híbrido: Despertar do Híbrido {Livro 2}Onde histórias criam vida. Descubra agora