Matteo
A notícia tão em cima da hora sobre o julgamento de Lucius, fez com que minha sede de justiça se revigorasse. Mas no entanto, algo não me agradava naquela notícia. O fato dos Licantropos, mesmo sobre feitiço e sem controle sobre suas vontades, terem que enfrentar o Ministério da Magia.
Claire teve que voltar para a sede do Clã Dos Vampiros antes dos outros, ela tinha alguns assuntos pessoais para resolver. Magnos, Rafael e Gabriel continuaram em minha casa por mais um tempo. Eles insistiam em me fazer um pouco mais de companhia, mesmo eu insistindo que não era necessário.
Agora nós estávamos sentados à mesa de jantar, que ficava localizada em um dos cantos da cozinha. Ofereci bebida à eles enquanto conversávamos.
- Então... - Começou Magnos. - Compartilhe com a gente o que está se passando aí nessa cabeça, Matteo.
- Hã...? Como assim? - Eu estava um pouco disperso.
- O que você tanto pensa? - Reforçou Rafael. - Você tá tão aéreo...
- Não é nada demais. - Menti.
- Como não é nada demais? Está quieto já faz o maior tempão!
- Não sei, galera... Só não entra na minha cabeça essa história de os Licantropos também terem de enfrentar o júri do Ministério. De certo modo, eles não tiveram culpa do que fizeram. Eles estavam sendo controlados. - Resolvi ser franco.
- É como eu digo, meu amigo... Certas coisas são incompreensíveis para nós. O Ministério é realmente muito severo e certas coisas nós nunca conseguiremos entender. - Explicou Gabriel.
- Eu só espero que eles sejam justos. Os licantropos já são punidos há séculos com o banimento de Avonlea, e nós nem sabemos o por quê. - Confessei.
Verdade. - Concordou Rafael. - Eu confesso que queria entender o motivo que levou o Ministério a tomar essa medida há séculos atrás. É uma história tão mal contada. Não é à toa que os Licantropos não se dão muito bem com os seres mágicos que vivem em Avonlea.
- Só me pergunto uma coisa: será que algum dia teremos a resposta para essa pergunta? - Murmurou Gabriel.
- Isso nós não sabemos, meu caro... - Disse Magnos dando um tapinha no ombro do amigo.
- Mas tem certeza que por enquanto é só isso que está tirando seu sossego, Matteo? - Rafael foi direto.
- Confesso que não. - Eu agora passava a mão pela parte de trás do meu pescoço.
- Então desabafa, cara... Poē pra fora! Somos seus amigos.
- É que não sei... Algo que aconteceu essa manhã tem me perturbado muito... Eu queria fazer, porém, ao mesmo tempo não sei como fazer... - Disse tenso.
- Como assim? Seja mais direto, por favor. - Pediu Gabriel me olhando interessado.
- Não sei nem por onde começar.
- Pelo começo??? - Ele disfarçou um sorriso.
- Isso mesmo, cara... Manda tudo de uma vez. Fala tudo que está te preocupando. - Rafael disse colocando a mão esquerda sobre minhas costas.
Então eu parei e pensei por alguns instantes, e então, resolvi me abrir com eles. Quem sabe eles me ajudariam a tomar uma boa decisão e também a ter uma boa idéia sobre o que fazer:
- É que hoje cedo a mãe de Élio me ligou. Ela estava com a voz tão abatida.
- E então...? O que ela queria? - Quis saber Magnos.
- Ela foi tão amável comigo, gente... Ela disse que quer me ver, que eu sou como um filho pra ela e que será mais fácil enfrentarmos esse luto se estivermos juntos.
- E qual é o problema disso? - Questionou Gabriel. - Isso é uma coisa boa, sinal de que ela tem afeição por você e não te culpa por nada, meu amigo.
- É que eu me sinto inseguro, Gabe... Eu não sei como agir quando estiver frente a frente com ela depois do que aconteceu. E se, eu falar alguma besteira? Ela vai ficar ainda mais magoada. Eu não vou saber o que fazer, o que falar...
- Ei... Pode parar, cabeça dura! - Magnos foi direto. - A mãe do garoto que você ama te oferece um colo de mãe e você ainda tem dúvidas? Por que isso cara? Não há motivos para temer.
- Olha... - Rafael se intrometeu na conversa. - Se você não souber o que falar de início, apenas use a notícia que lhe trouxemos... Fale sobre o julgamento, vá a casa dela como que para dar essa notícia.
- Não sei se seria uma boa dizer a ela que o pai do filho dela está para ir a julgamento essa noite e que, com certeza, será condenado a morte. - Franzi o cenho. - Tá ouvindo o peso disso, cara?
- É... Parece meio pesado agora, ouvindo você falar desse jeito. - Rafael confessou.
- E outra... - Continuei... - Ela trabalha em uma das agências do Doutor James. Ele já deve ter dado a notícia sobre o julgamento a ela.
- Não é pra tanto também, gente... Você pode simplesmente chegar lá e perguntar se ela está sabendo que o julgamento do Lucius é essa noite. Diga que quis a dar a notícia pessoalmente. Daí em diante tenho certeza que ela saberá levar uma conversa, se ela já souber, ela vai dizer. Grace está triste, mas é uma mulher muito inteligente. - Gabe explicou calmamente. O nerd realmente tinha idéias que pareciam simplificar as coisas.
- "Problema" resolvido. - Disse Magnos fazendo aspas com os dedos.
- Vocês realmente acham uma boa eu ir visitá-la? Teimei.
- Sim! - Responderam os três em coro.
- Já que vocês dizem que é uma boa, mais tarde eu vou até a casa dela. Mesmo que isso vá me doer muito. - Eu voltei a ficar muito triste naquele instante.
- Ei... Por quê?... - Perguntou Gabriel.
- Vai ser muito difícil entrar naquela casa de novo sabendo que o pequeno não vai estar lá... Dói, só de imaginar o quão triste aquele lugar deve ter se tornado após a partida dele.
- Matt... - Rafael começou a falar em um tom de voz doce e sereno. - Eu sei que é difícil, mas você tem que voltar a levar sua "vida" adiante, mesmo que aos poucos. Mas você precisa se libertar se quiser seguir em frente. E não há como se libertar se não enfrentar alguns fantasmas.
- Disse tudo, Rafa! - Gabriel fez um sinal de positivo para o amigo. - E, Matt... Você sabe que pode contar com a gente pra tudo. Não somos apenas seu Clã, somos sua família e amigos.
- Isso mesmo, amigão. - Magnos disse concordando. - Vamos te ajudar a passar por esses períodos difíceis. E não se esqueça que você também tem seus amigos mais próximos, a Sandy, o Renan, o Gregori... Tenho certeza que eles serão seu maior apoio.
- Valeu, gente! - Agradeci. Eu estava bastante emotivo.
Infelizmente, era nesse estado em que eu me encontrava atualmente. O sofrimento me corroía por dentro. Mas de certo modo, isso tudo estava servindo para me mostrar o tanto de pessoas especiais que eu tinha à minha volta e nunca havia dado muita atenção a isso.
Eu realmente tinha amigos muito especiais. Com eles ao meu lado parecia que tudo ficaria um pouco mais fácil.
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O Híbrido: Despertar do Híbrido {Livro 2}
General FictionA vida é uma caixinha de surpresas, que nos vive pregando peças às vezes boas e às vezes nem tão boas... O segundo livro da Saga O Híbrido.