Alec
O dia estava sendo mais cansativo do que eu poderia imaginar. Eu e Magnos já havíamos vasculhado praticamente todo o Templo, porém, não encontramos qualquer vestígio que nos desse a entender que Élio, ou até mesmo Lucius, houvessem passando por ali.
Agora só faltava uma sala... A sala onde o pai doentio do Élio havia feito o ritual. A sala onde lembranças obscuras de uma noite tenebrosa.
Eu parei de pé diante daquela gigantesca porta que se encontrava entreaberta, por todos os lados que eu olhava, marcas da batalha passada eram evidentes. Manchas de sangue, objetos e paredes quebrados ou parcialmente danificados, davam um ar de ruínas ao local que antes parecia ser deslumbrante.
As cenas daquela noite de batalha cercada de horrores e desespero ficavam indo e voltando em minha memória...
- Alec - A voz de Magnos me trouxe de volta à realidade. Senti sua mão pousar em meu ombro direito.
- Ãh?! - Sacudi a cabeça devido ao leve susto que tomei por estar tão distraído.
- Vamos entrar ou não? Está aí parado com o olhar distante já faz um temро...
- Foi mal... - Tentei amenizar a preocupação do rapaz. - Só estava pensando.
- Em quê? Pode falar comigo sobre o quiser... Estamos juntos nessa!
- Valeu! - Agradeci me afastando um pouco dele. - É que de repente, comecei a me lembrar de tudo o que aconteceu naquela noite!
- Eu te entendo perfeitamente... Estar aqui de novo causa uma sensação estranha na gente, né? - Magnos deu um meio sorriso forçado. Ele claramente estava tentando mascarar seu desconforto em estar ali.
Eu sabia muito bem que o garoto em minha frente, assim como eu, não estava nem um pouco à vontade de estar ali. Aquele ambiente estava nos fazendo relembrar momentos que com toda a certeza queríamos esquecer... Queríamos enterrar e colocar uma pedra sobre àquelas lembranças perturbadoras. Mas infelizmente, ali estávamos nós mais uma vez, cara-a-cara com aquele passado cruel.
- Bem... Já que estamos aqui, vamos encarar nossos fantasmas. - Falei empurrando a pesada porta de madeira que se abriu em um rangido assustador.
Lá estava, no centro da sala, a maldita mesa de pedra... Fria, sem vida... A maldita mesa que causou tanto sofrimento e tirou a paz de todos nós. Claramente aquele cômodo era o mais destruído de todo o Templo. Uma luz exterior bem fraca invadia o ambiente pelas pequenas janelas que ficavam quase na altura do teto.
- Como eu odeio esse lugar! - A voz de Magnos ecoou pelo ambiente, cortando o silêncio.
- Falando francamente?... Esse lugar me dá medo. - Fui sincero.
- Vamos dar uma olhada pelo local e sair logo daqui! - Ele disse em tom autoritário.
Passamos alguns minutos vasculhando cada canto daquela sala, porém, não encontramos absolutamente nada que indicasse a passagem de alguém por ali recentemente. Não havia nada além de destroços e muita poeira... Pelo visto, a idéia de irmos até Tenebria tinha sido uma grande perda de tempo.
Magnos e eu nos encontramos novamente no centro do cômodo. O mesmo, com o semblante totalmente frustrado, me encarou e perguntou:
- E então? Encontrou alguma coisa?
- Nada. Só lixo e poeira. - Dei de ombros.
- Que bela perda de tempo! Eu sabia! Seria óbvio demais...
- Verdade... Mas pelo menos tiramos as nossas dúvidas.
- Vamos cair fora daqui! - Disse ele saindo da sala imediatamente.
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O Híbrido: Despertar do Híbrido {Livro 2}
Ficción GeneralA vida é uma caixinha de surpresas, que nos vive pregando peças às vezes boas e às vezes nem tão boas... O segundo livro da Saga O Híbrido.