O Híbrido: Despertar do Híbrido {Livro 2}

Recepção !

Mareena

Já faziam algumas horas que os garotos haviam partido para Tenebris, na tentativa de convencer os licantropos a aceitarem abrigo junto a nós.

Eu imaginava que convencê-los, não seria uma tarefa nada fácil. Os lobos eram conhecidos por terem a cabeça dura na maioria das vezes... Pelo menos era o que sempre me contavam a respeito deles...

Mais uma vez, eu tive de ajudar Diretora Ofélia em uma tarefa muito difícil. Reunimos as outras pessoas que estavam abrigadas no prédio do Ministério, e comunicamos sobre o que estava por vir. Preparamos as pessoas para a possível chegada dos novos refugiados.

Logicamente houveram muitas objeções, muitos dos feiticeiros eram contra acolhermos os licantropos ali. Todos haviam ouvido histórias horríveis sobre os mesmos no passado, algo que não me admirava. Eu só não podia deixar que aquelas idéias plantadas de forma errônea, insistissem em permanecer mesmo depois de séculos. Eu fiz questão de deixar esclarecido que a chegada dos licantropos seria benéfica para todos nós.

Diretora Ofélia, com seu jeito paciente e meigo de falar de sempre, fez questão de esclarecer o mau entendido. A mor disse que certas coisas deviam ser deixadas no passado, que era o lugar a que pertenciam, que os descendentes não tinham que pagar por erros que não eram deles.

Muitas pessoas continuavam duvidando de nossas palavras, eu teria que dar meu golpe de misericórdia com meu discurso, caso quisesse que os lobos fossem respeitados assim que chegassem:

- Pessoal, prestem atenção aqui em mim, por favor...

- O que vai fazer? - Diretora Ofélia cochichou discretamente. - Esse pessoal está meio irredutível, não sei mais o que dizer para convencê-los de que os pobres licantropos atuais não tenham que pagar por crimes dos seus antepassados...

Eu apenas pedi que a mor confiasse em mim. Ao fundo do grande salão, avistei minha mãe que estava com um semblante típico de mãe coruja, como se estivesse orgulhosa de me ver naquela posição... Mal sabia ela o quanto aquilo me deixava amedrontada. Eu tinha medo que, por uma palavra errada, eu pudesse colocar tudo a perder.

Depois de alguns instantes imersa em meus pensamentos, tentando organizar as idéias, tentei colocar pra fora minhas palavras na ordem certa, eu não poderia errar. A segurança dos licantropos estava em minhas mãos e minhas palavras a partir daquele momento:

- Gente, eu sei que é difícil lidar com mudanças!
Principalmente quando essas mudanças ferem profundamente tudo em que sempre acreditamos... Mas agora é chegado o momento de termos mais empatia para com nossos iguais. Os licantropos são seres mágicos que merecem atenção e respeito assim como qualquer um de nós aqui, seja feiticeiro ou vampiro! Não podemos punir eternamente pessoas que não têm culpa de erros de um passado distante. Eu mesma já tive provas de que os licantropos não são do jeito que sempre disseram por aí. E quando eles estavam trabalhando para Lucius, nem sequer tinham vontade própria. Vocês odeiam aqueles humanos lá fora? Só me respondam: aqueles humanos que estão nos cercando, têm culpa do que estão fazendo?!!! São apenas escravos sendo usados por um ser maligno!... - Eu fiz uma pequena pausa. Notei que todo mundo estava bastante atento ao que eu dizia. Depois de um leve suspiro, continuei. - Voltemos ao passado mais uma vez... Agora me dirijo diretamente à vocês, irmãos do Clã Dos Feiticeiros, que no momento é maioria dentro desse prédio... Há séculos atrás, nossos antepassados foram caçados e mortos na fogueira pelos humanos... Isso nos fez odiar os seres humanos atuais? Seus bisavós, avós, pais... Alimentaram ódio em vocês contra os humanos? Só peço que pensem nisso... Espero de coração, que assim que os licantropos chegarem, eles sejam recebidos como os iguais que sempre foram! Chega dessa divisão, precisamos nos unir!
O nosso inimigo está lá fora, espreitando para nos atacar no momento certo, e com a ajuda dos licantropos, com certeza seremos muito mais fortes!