Resquícios do Apocalipse

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Mareena


Eu não conseguia entender como uma pessoa podia desaparecer sem deixar qualquer tipo de rastro. Já faziam dias que nossas buscas continuavam e nem sequer tínhamos conseguido um único vestígio do paradeiro de Élio. Quanto mais o tempo passava, mais frustrada e desesperançosa eu me sentia.

Os grupos de busca seguiam com os trabalhos sem cessar. Meus companheiros de grupo, Gabriel e Rafael não se deixavam desanimar com nossa falta de respostas.

Estávamos nos limites da cidade onde terminava o bosque. O dia estava claro e agradável, o sol que já não dava as caras por dias se encontrava majestoso no céu. Uma brisa leve e gélida tornava o clima ainda mais agradável.

Eu e Gabriel caminhávamos mais atrás, seguindo Rafael por uma trilha que dava acesso às montanhas. O nerd desajeitado caminhava com as mãos nos bolsos do casaco e olhava para o chão como se medisse cada centímetro percorrido. Rafael se mantinha concentrado na trilha sem olhar para trás.

- Como a mãe de Élio tem reagido com essa falta de notícias do filho? - A voz de Gabriel cortou o silêncio.

- Ela está bastante abalada. Não se conforma que o corpo do filho possa ter desaparecido assim... - Eu explicava enquanto continuávamos a seguir Rafael. - Eu acho que ela nem sequer consegue acreditar que ele está realmente vivo. O que é compreensível, é muita loucura pra cabeça dela. Qualquer outro humano estaria no mesmo estado de negação.

- Verdade... Certas coisas por mais que alguém tente entender, não entra na cachola. - Ele deu um meio sorriso. - Eu também tenho minhas dúvidas quanto a essa loucura toda.

- Sei bem... Nunca tínhamos presenciado nada do tipo. - Suspirei.

Conforme íamos caminhando, notei que o caminho parecia ter ficado um pouco familiar. Eu tinha a impressão de já ter estado naquele lugar...

Após mais alguns minutos de caminhada, percebi um pequeno galpão de madeira já bem maltratada... Era oficial, eu reconhecia aquele lugar.

- Não acredito que estamos aqui! - Um sentimento de desconforto me invadiu.

- O que quer dizer com isso? - Rafael parou de caminhar e olhou para trás me encarando.

- Esse maldito galpão! - Respondi franzindo a testa.

- O que tem ela? - Quis saber Fred.

- Foi aqui que Hugo manteve Mattro em cárcere aquela vez em que nosso amigo desapareceu.

- Nossa! Quando me disseram que o lugar era horrível, eu não imaginava que era tanto! Isso é ainda pior do que eu imaginava. - Disse Rafael encarando o local.

- Acho que deveríamos dar uma olhada. - Sugeriu Gabriel.

- Vocês podem, por favor, fazer isso? Eu não quero entrar nesse lugar nunca mais! - Pedi. - Só de lembrar no estado lamentável em que Matteo se encontrava quando estava preso aí, me dá um ódio enorme! Não tenho estruturas para reviver tais lembranças.

- A gente entende. - Disse Rafael. - Pode deixar que olhamos, você espera aqui e tome cuidado. Qualquer coisa você vai até nós.

- Eu vou ficar bem. - Cruzei os braços olhando em volta.

- Cuidado com as pessoas silenciosas. Não sabemos em que lugar e momento podem aparecer. Sabe que não estamos mais seguros. - Lembrou-me Rafael.

- Pode deixar... Eu ficarei atenta.

Fiquei observando os rapazes se afastarem e entrar no galpão. Ela me parecia estar ainda pior do que eu me lembrava. Estar naquele local novamente me trazia sentimentos que eu não queria reviver.

O Híbrido: Despertar do Híbrido {Livro 2}Onde histórias criam vida. Descubra agora