Fim de Tarde

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Élio

Naquele fim de tarde, eu estava sentado mais uma vez no banco de medeira onde Gregori havia me revelado tudo que havia acontecido durante a minha ausência. Eu observava o pôr do sol no horizonte, uma brisa fresca tocava o meu rosto como se noticiando a chegada de dias melhores.

Eu pensava em todo o caminho que minha vida havia trilhado até aquele presente momento. Cada mudança, cada novidade... Aos poucos eu ia começando a me lembrar de coisas que aconteceram comigo no dia em que despertei no cemitério... Coisas que, até então, eu não conseguia me lembrar...

Um tempo atrás:

Eu estava com muitas dificuldades para respirar, eu sentia como se todo o meu corpo estivesse preso por algo, meus movimentos eram bem limitados...

Quando consegui abrir meus olhos, tudo que enxerguei foi uma imensa escuridão. Eu estava cego? Não, não podia ser verdade, eu me recusava a aceitar que algo do tipo tivesse acontecido comigo. Por que eu mereceria algo assim? Sempre fui um garoto tão bom. Por que a vida estava me castigando daquela maneira tão cruel?

Eu comecei a tentar me mover. Quanto mais eu me debatia, mais eu sentia meu corpo preso... Céus, o que poderia estar acontecendo?!

O ar estava cada vez mais rarefeito. Se eu não tomasse uma atitude logo, eu iria sufocar. Já completamente tomado por um desespero, comecei a lutar pela minha vida. Lágrimas começaram a correr pela minha face, eu sentia uma angústia enorme.

Me debatia mais e mais. O silêncio daquele lugar devorado pela escuridão aumentava ainda mais o meu pavor... Comecei a gritar em meio aos soluços do meu choro:

- Socorro!!! Alguém me ajuda, por favor!!! Socorro!!!

Mas eu não ouvia qualquer resposta. O silêncio teimava e permanecer presente para aumentar minha agonia ainda mais, a cada segundo que se passava... Segundos esses, que me pareciam uma eternidade.

Munido das poucas forças que me restavam, comecei a chutar. Notei que meus pés estavam em contato com uma peça de madeira. O que poderia ser?

Permaneci investindo com força. Golpeava a peça de madeira com todas as minhas forças, pois sabia que minha sobrevivência dependia daquilo. Meu tempo estava acabando, eu podia sentir...

Depois de muito tentar, consegui ouvir um estalo, senti a peça de madeira sob meus pés se dividir em duas. Lentamente escorreguei o meu corpo para baixo. Me dei conta de que estava em uma espécie de caixa.

Para minha surpresa, meus pés agora tocavam uma peça que parecia ser mais maciça. Concreto? Eu estava perdido. Minhas esperanças de sobreviver foram reduzidas a zero imediatamente.

Comecei a golpear o local. Entre um chute e outro, meu rosto se molhava cada vez mais pelas minhas lágrimas de desespero. Meu choro era sentido, eu sentia que não conseguiria sair dali. Seja lá onde fosse ali...

Parei de me movimentar. Já estava me entregando ao cansaço, já estava conformado com o meu fim... Foi quando de repente, ouvi um sussurro de uma voz desconhecida chamando pelo meu nome. Era como se a voz não quisesse que eu desistisse.

Naquele momento, fui invadido por um forte sentimento de que eu precisava sair dali, precisava ir ao encontro daquela voz misteriosa, eu não sabia ao certo o porquê... Mas eu precisava ir ao encontro daquele chamado.

Senti todo o meu corpo se arrepiar, sem pensar direito, chutei com força o obstáculo de matéria maciça que impedia a minha passagem. Ouvi o barulho de algo se quebrando, agora eu tinha certeza de que se tratava de uma tampa de concreto.

O Híbrido: Despertar do Híbrido {Livro 2}Onde histórias criam vida. Descubra agora