O Grande Livro

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Mareena


Descemos a escadaria que dava acesso ao porão do Ministério lá era onde ficava localizada a biblioteca mais antiga da história. No local, era possível encontrar qualquer livros. Tudo sobre a história do mundo mágico estava ali. Objetos, trajes históricos, livros de magia antiga.

O gigantesco cômodo era tomado por grandes prateleiras de madeira que se estendiam do piso ao teto. Mesas e bancos de madeira antiga, assim como algumas poltronas acolchoadas, também faziam parte da decoração, o que dava um ar ainda mais antigo ao ambiente.

O local estava pouco iluminado, devido ao horário, não havia ninguém presente. Sem qualquer enrolação, eu e Alec começamos a procurar nas prateleiras indo de corredor a corredor. Procurávamos indícios que nos dessem alguma idéia sobre o tal amuleto que o rapaz me contou a respeito.

Eu estava bastante empenhada em minhas buscas, pois ninguém mais do que eu, queria uma resposta para as perguntas que minha volta a vida repentina à vida despertaram. Eu também imaginava que ao encontrar alguma pista, o sumiço de Élio também seria esclarecido.

Já fazia um bom tempo que estávamos revirando o local, quanto mais o tempo passava, mais desanimado Alec ficava. Nos encontramos na frente da grande biblioteca, onde haviam mais prateleiras que se estendiam de um lado a outro da parede principal. O rapaz estava aparentemente exausto, mas não podíamos desistir. Eu olhei para ele na esperança de que o mesmo tivesse se lembrado de mais algum detalhe, algo que pudesse nos dar uma luz em nossa busca por respostas.

Soltei todo o ar dos meus pulmões e perguntei tentando não parecer frustrada:

- Conseguiu se lembrar de mais alguma coisa? Encontrou alguma pista nas prateleiras que verificou?

- Infelizmente, não. - O desânimo dele era evidente.

- Temos mais essas prateleiras para olhar. - Apontei para a frente da biblioteca.

Na frente das prateleiras, ficava um tripé com um grande livro de capa de couro com as páginas amareladas pelo tempo. O mesmo abrigava magias e histórias antigas sobre o início dos tempos do mundo mágico. A maioria dos feiticeiros não acreditavam em nada que havia escrito ali. O tratavam mais como um livro de lendas mágicas.

Eu mesma era uma das que poderiam jurar que aquele livro havia sido escrito por algum louco, pois só ouvia as pessoas dizerem balelas sobre ele.

- Cara, como isso é frustrante! Eu poderia jurar que vi o desenho daquele símbolo em algum lugar. Eu esperava que pudéssemos encontrar as respostas aqui! - Alec reclamava enquanto caminhava em direção ao tripé e apoiava uma das mãos sobre o grande livro.

- Sinto muito... Eu sei como é se frustrar à procura de respostas que não vêm.

O rapaz, meio que involuntariamente, começou a folhear aquelas páginas amareladas do livro. Ele quase nem prestava atenção no que estava fazendo. Com um sorriso amarelo no rosto, ele encarava as páginas e me perguntava:

- Alguma vez você já leu esse livro?

- Não que eu me lembre. - Fui honesta com ele. - Nunca me interessei em nada sobre ele, minha mãe sempre disse que esse livro é como um depósito de lendas.

- Eu também nunca me aprofundei nele... - Alec soltou um risinho e continuou a folhear. - Mas confesso que já li algumas páginas, há algumas coisas interessantes e curiosas aqui.

- Tipo o quê? - De certo modo, fiquei curiosa para saber ao que ele se referia.

- Aqui diz muita coisa sobre o mundo mágico antigo, sendo lenda ou não, é interessante saber. Tipo... Aqui diz que não exitem apenas três tipos de criaturas mágicas.

- Como assim?! - Fiquei surpresa com a colocação de Alec.

- É!... Uma vez eu li uma página que mencionava algo do tipo. Mas eu era muito novo ainda, eu nem me recordo detalhadamente... Só lembro algo sobre elfos, fadas, gigantes, hidra e sei lá mais o quê...

- Que besteira, Alec! - Eu não conseguia conter o riso. - Gigantes?!!!

- Garota??? Para de rir da minha cara! Eu tô falando sério. - Ele também não conseguiu se controlar e começou a rir.

- Vê se pode? - Eu falava entre uma gargalhada e outra. - Acho que já teríamos esbarrado com esses seres por aí se eles realmente existissem, Avonlea é uma cidade pequena, imagine um gigante andando por aqui???!!! - Minhas gargalhadas ecoaram pelo ambiente.

- Ué... Mas o mundo é grande! - Ele fez uma pausa e me encarou sério sem tirar uma das mãos do livro, a outra ele levou até a cintura fazendo uma pose engraçada.

Foi a gota que faltava para transbordar meu balde de gargalhadas. Eu não conseguia me controlar, meus olhos começaram a lacrimejar. Alec, vendo meu estado, também não conseguia cessar as gargalhadas que ecoavam pela biblioteca vazia.

Depois de alguns minutos de risos incontidos, finalmente nós conseguimos nos recompor. Eu comecei a secar minhas lágrimas com o antebraço e falei:

- Muito bem, a hora da pausa acabou! Chega de baderna e vamos voltar ao que realmente interessa.

- Tá bom! - Ele sorriu pegando na parte da frente do grande livro e o fechou causando um estalo.

- Vamos procurar nessas prateleiras da frente agora. Quem sabe tenhamos mais sorte? - Sugeri.

A falta de resposta de Alec me fez ficar curiosa. Voltei meu olhar para ele que permanecia congelado no mesmo lugar. Continuava a encarar o livro sobre o tripé, seu rosto, agora pálido, transbordava surpresa.

- O que aconteceu?! - Fiquei preocupada e caminhei para perto dele.

- Olha... - Foi a única palavra que ele conseguiu dizer enquanto apontava para a capa do livro velho.

- Isso... Como é possível?!!!

Eu também fiquei totalmente sem palavras... Quando olhei para a capa do livro, pude ver o desenho em alto relevo de uma serpente com o símbolo do infinito preso na boca. Era o símbolo que eu e Alec passamos horas vasculhando a biblioteca para encontrar.

- Livro de lendas? - Alec me encarou no fundo nos olhos.

- Bem... - Dei de ombros. - Me parece que vamos descobrir que as histórias contidas nesse livro não são tão absurdas assim, afinal.

- Se tem esse desenho na capa, é porque com certeza, em alguma parte do livro diz algo sobre o amuleto que estava no pescoço do Élio na noite da "morte". - Alec  agora se demonstrava bastante otimista.

- Então vamos descobrir isso logo. - Falei caminhando em direção à uma das mesas e me sentando. - Traz logo esse trambolho pra cá! - Gritei em seguida.

Alec estalou os dedos de uma das mãos e o gigantesco livro começou a levitar ao seu lado acompanhando os passos do rapaz em minha direção. Quando chegou a mesa o objeto aterrissou causando um leve estrondo sobre a madeira.

- Preparada para desbravar algumas lendas, senhorita Mareena? - Alec disse rindo para mim.

- Não é porque uma coisa desse livro é verdadeira que todas as outras são, vamos com calma. Nem sabemos, se de fato, esse treco velho fala algo sobre o amuleto.

- Sua resistência é admirável. Só quero ver sua cara quando tudo em que você acredita cair por terra.

- Forçou né? - Soltei uma risada. - Tá tirando com a minha cara, né? Nem você acredita nas coisas que têm escritas aí.

- Lógico que tô brincando... Mas que é estranho a gente encontrar o símbolo justamente nesse livro, isso não podemos negar. - O rapaz batia com o dedo sobre a capa do livro ao mesmo tempo em que me encarava.

- Tá, tá, tá... Chega de enrolação e vamos ver essa velharia logo! Tenho um amigo para achar. Só espero não ter crise de alergia ao mexer com esse ninho de cobras!

- Você é uma piada, garota. - Alec sorriu abrindo a capa do livro.

Começamos a ler e a folhear aquelas grandes páginas amareladas daquele livro velho. No fundo, eu torcia para que a resposta de um dos nossos tantos problemas, estivesse realmente oculto naquelas páginas.

O futuro de Élio, e também o meu, dependiam de desvendarmos o segredo por trás do misterioso amuleto de serpente.

O Híbrido: Despertar do Híbrido {Livro 2}Onde histórias criam vida. Descubra agora