Túmulo Vazio

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Alec


Eu mal podia acreditar no que meus olhos estavam a ver... O que poderia ter acontecido no túmulo do jovem Élio? A pedra que mantinha o jazigo lacrado estava rachada bem ao meio, e em volta não havia qualquer sinal do que poderia ter acontecido com o corpo do garoto.

A mãe dele estava desolada, ela tentava compreender a situação e queria que a déssemos respostas que nem nós mesmos tínhamos naquele momento.

- Onde está o corpo do meu pequeno?! - Grace perguntava alterada.

- Nós sabemos também Tia. - Respondeu Mareena.

- Que loucura toda é essa?! Vocês dois podem nos dar uma explicação racional??? Que diabos! - Matteo agora perdia totalmente a calma.

Mareena me olhou de lado, seu semblante estava desanimado. Eu não conseguia captar o que ela tinha em mente. Para nos ajudar ainda mais, uma fraca nevasca se iniciou, um vento moderado se fazia presente.

- O que faremos agora? - Perguntei para a garota.

- Me dêem um instante para pensar, por favor! - Respondeu ela caminhando de um lado para o outro enquanto mantinha um dos dedos polegares junto aos lábios.

- Mareena... Roubaram o corpo do meu menino?! - Perguntou Grace já aos prantos.

Um breve momento de silêncio tomou conta do local, só o que podíamos ouvir era o som do vento nas árvores ao redor. A fraca nevasca começava a reforçar a coloração branca do solo.

Quebrando então o silêncio, a voz de Matteo, que estava alguns metros mais distante de nós, nos chamou a atenção:

- Ninguém roubou o corpo dele.

- Como pode ter certeza disso? - Perguntou a mãe do jovem Élio.

- Olha... - Matteo agora apontava para o chão enquanto começava a explicar. - Observando essas marcas, me parece que Élio saiu sozinho aí de dentro.

Quando fixamos nossos olhares atentos ao que Matteo tentava nos explicar, pude perceber que fazia sentido a teoria do rapaz. A pedra que lacrava a entrada do túmulo mostrava sinais de ter sido quebrada por dentro, e havia apenas um par de pegadas indo em direção oposta ao jazigo.

- Está tentando me dizer que o Élio arrombou isso por dentro? Impossível! Essa pedra é espessa. - Grace discordou no ato. - Meu filho jamais teria força para fazer algo desse tipo!

- Antes não tinha mesmo. - Mare se meteu na conversa.

- O que quer dizer?! - Questionou a mulher.

- Que o Élio que conhecíamos pode estar mudado.

- O quê?!!! - Matteo exaltou o tom de voz.

- Olha... - Continuou a feiticeira. - Nós agora sabemos que, de fato, o Élio nunca foi um humano comum... E se depois desses incidentes todos ele mudou?

- Impossível! Eu me recuso a acreditar nesse absurdo. - Grace se mostrava relutante.

- Nós vamos procurá-lo, Grace... Mas eu quero que tenha em mente, que o Élio pode não mais ser aquele garotinho indefeso e sensível ao extremo que todos éramos acostumados. Temos que estar preparados pra tudo. - Explicou Mareena.

Em um certo estado de negação a mais velha cobriu o rosto com as mãos e começou a chorar copiosamente.

- Vamos! Temos que achar o Élio! - Intimou Matteo. Ele estava aparentemente decepcionado. Com certeza não havia recebido bem a notícia de que seu grande amor poderia se tornado outra pessoa.

- O que faremos? - Perguntei.

- De início, pedir ajuda dos nossos amigos... Quanto mais gente o procurando, melhor. - Disse Matteo.

- Podem contar comigo. - Me ofereci imediatamente.

- Vocês podem dar conta disso, pelo menos até eu recuperar minhas energias? - Perguntou Mare. - Eu preciso avisar minha mãe de tudo que está acontecendo e tomar um banho. Você vem comigo, Grace! Não está em condições de ficar andando por aí.

- De jeito nenhum! - Recusou-se a mulher. - Eu também vou procurar meu filho.

- Grace... Venha comigo. Assim que eu estiver melhor vamos juntas, eu prometo. Antes de tomar qualquer atitude, primeiro você tem que se acalmar. Não vai ajudar em nada alterada assim.

- Vá com ela, Grace... Confie na gente. Vamos fazer o possível e o impossível para achar o baixinho. - Reforçou Matteo.

- E é bom ter um adulto com Mare para ajudá-la a explicar toda essa loucura para a mãe dela. - Completei.

- Tudo bem... - Choramingou Grace. - Eu vou com ela, mas só por umas horas. Depois, vou atrás do meu filho.

- Por hora, então, ficamos combinados assim... Agora vamos até aos outros avisar sobre tudo o que aconteceu e pedir ajuda. - Explicou Matteo.

- Vocês vão ficar bem em voltar sozinhas? Querem que eu as leve? É coisa rápida. - Questionei.

- Não. Não precisa. - Recusou Mare. - Quanto antes vocês irem até o Magnos e aos outros, melhor. Nós voltaremos caminhando mesmo! Um pouco de caminhada ajudará Grace a se recompor e colocar as idéias em ordem.

- Tem certeza que isso é uma boa idéia, Mare? - Insistiu Matteo. - Eu não acho que seja a melhor hora pra vocês ficarem dando sopa na rua. Lucius está à solta por aí. E se ele vier atrás de vocês? Você está indefesa.

- Não me subestime, Matteo! Tenho certeza que logo estarei totalmente recuperada, aí aquele desgraçado vai ter o que merece!

- Eu ainda não me sinto a vontade de deixar vocês sozinhas...

- Assunto encerrado! - Terminou a jovem em tom autoritário. - Vamos Grace. E vocês dois, vão logo até os outros, já enrolaram demais!

Assim que concluiu as palavras, Mareena pegou na mão de Grace e começou a se retirar do local. Aos poucos elas foram sumindo na escuridão entre a fraca nevasca que insistia em cair naquela noite perturbadora.

- Bem... Agora somos nós dois! - Disse Matteo se aproximando de mim.

- Então, vamos... Para onde mesmo? - Perguntei um pouco confuso.

- Para o Clã Dos Vampiros... Concentre-se em nos teletransportar até lá, que eu me concentro na localização. Você não foi a sede do novo Clã ainda, ou foi?

- Não. - Respondi. - Acho que nem mesmo na antiga eu nunca estive antes... Digamos, que, nunca tive muita afinidade com o seu líder.

- Não brinca! - Matteo soltou um risinho inevitável. - Nunca ninguém teve muita afinidade com Magnos, mas ele mudou bastante de uns tempos para cá... Depois que Élio entrou nas nossas vidas, ele se tornou um cara melhor... Não só ele... Gregori também.

- Então... Vamos nessa! Precisamos achar o menino Élio o quanto antes. Ele pode estar correndo muito perigo, já que o pai dele está à solta por aí.

- Nem me diga... Estou com um pressentimento muito ruim. - Matteo coçou atrás do pescoço e em seguida me estendeu uma das mãos.

- Vai dar tudo certo, meu amigo. Eu confio! Vocês já passaram por coisas terríveis e olha só... Mais uma vez tudo indica que vai terminar tudo bem. - Fui positivo.

- Tomara que você esteja certo...

Peguei na mão de Matteo e em um segundo desaparecemos no ar.

O Híbrido: Despertar do Híbrido {Livro 2}Onde histórias criam vida. Descubra agora