O Templo de Lucius

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Alec

Saímos do quarto da pousada e caminhamos até o topo da escadaria que dava acesso ao andar térreo. Magnos, que estava um pouco mais à minha frente, parou erguendo o braço impedindo minha passagem.

A princípio, não entendi muito bem qual era a intenção dele com aquele gesto. Eu o encarei um pouco surpreso, ele simplesmente olhou para trás e levou o dedo indicador até a boca fazendo um sinal, que eu entendi por ele estar pedindo silêncio.

Inclinei minha cabeça para o lado e o observei confuso. O rapaz, então, em seguida apontou para a recepção da pousada. Do ângulo em que estávamos, não era possível ver perfeitamente o que estava acontecendo. Ele aproximou seu rosto do meu e perguntou cochichando:

- Ei... Aquele não é o Hugo?!

Mais que depressa, eu foquei toda a minha atenção ao balcão da recepção. Não foi possível ouvir muito bem a conversa anterior devido a distância, mas pude entender muito bem quando o rapaz conhecido por nós se dirigiu à David, e disse quando já estava abandonando o local:

- Nos vemos mais tarde! Não se esqueça de que o alfa precisa falar com você urgente!

- Pode deixar! Assim que puder, eu irei até ele.

Engoli em seco. Eu estava totalmente apático enquanto Magnos me olhava sem esboçar qualquer emoção em cou recto pálido. Será possível?! David era um licantropo? Como não percebemos tal coisa antes?

- E aí, bons hóspedes! Bom dia! - A voz do jovem cortou o ensurdecedor silêncio, vinda do andar térreo.

- Bom... Bom dia! - Gaguejei.

- Estão aí já faz muito tempo? - Ele perguntou desconfiado.

- Não muito! - Intrometeu-se Magnos em um tom ríspido, agora ele começava a descer as escadas.

- Ah... E aí, cara!? De ressaca meu amigo? - David todo sorridente e com a simpatia de sempre perguntou para o menino ao meu lado.

- Não sei o que é ressaca, e não sou seu amigo. Magnos foi seco.

Agora nós já estávamos no andar térreo, à uma certa distância do balcão onde David se encontrava debruçado nos olhando sorridente. Ele arqueou uma das sobrancelhas e perguntou:

- Irão tomar café da manhã?!

- Não! - Respondi para evitar que Magnos desse uma má resposta, depois que estávamos distante perguntei. - Você claramente está insatisfeito com algo! - Fui insistente.

- Eu só não me simpatizo muito com licantropos, só isso... Sei que eles foderam com nossas vidas, mas não foi culpa deles... Mas mesmo assim, não consigo perdoar totalmente. E além do mais, nunca nos demos muito bem, você sabe como os licantropos tem birra com os seres mágicos de Avonlea!

- É, eu sei... - Abaixei a cabeça pensativo. - Mas o que eu não entendo, é o motivo dessa birra, o motivo de licantropos não serem bem-vindos em Avonlea...

- Esse é o tipo de pergunta que talvez jamais saibamos as respostas, já que se trata de um assunto sigiloso do Ministério da Magia... E nem eu como líder de Clã, tenho acesso a tais informações. Acho que só Doutor James e Diretora Ofélia sabem desse passado obscuro com os licantropos.

- Sinceramente, eu achei que você como líder de Clā sabia sobre isso. - Eu o olhei de lado.

- Pois não sei. E te juro que queria mesmo saber... Creio que tenha sido algo muito grave para até as gerações atuais de licantropos estarem pagando por isso. - Ele mordeu um dos cantos do lábio inferior.

- Eu só queria que eles tivessem menos birra da gente, sabe? - Desabafei. - Nós não temos culpa do que o Ministério fez com os ancestrais deles no passado. Não faz sentido eles terem essa implicância com a gente.

- Fala sério, Alec! - Magnos deu um risinho sarcástico. - Licantropos são um pouco irracionais, cara. Eles não querem nem saber disso! São famosos pela teimosia.

- Pois eu ainda tenho esperanças de nos darmos muito bem no futuro... Sei lá, tenho um pressentimento de que grandes mudanças estão por vir. - Fui sincero.

Eu realmente estava pressentindo que uma grande mudança se aproximava, não só para nós seres mágicos ou pessoas de Avonlea, mas também para todo o mundo... Só que antes desse novo período, o caos cairia sobre nossas vidas... Como uma enorme e avassaladora avalanche de desgraças.

- Chegamos! - Comunicou Magnos.

Já era possível avistar o gigantesco lago, е по centro do mesmo, o grande Templo de Lucius em toda a sua majestade. O lugar apesar de ocultar um passado sombrio, era de uma beleza estonteante e ímpar, isso não havia como negar.

- Uau! - Foi o único som que emiti.

A luz do sol refletia nos detalhes dourados daquela construção muito bem arquitetada... O reflexo no lago fazia com que o local parecesse uma gigantesca pintura a óleo.

- Fecha a boca! - Magnos tocou meu queixo com a mão gelada.

- Palhação! - Resmunguei dando um tapinha na mão dele a afastando para longe. - Eu só não me lembrava de que esse lugar era tão lindo! Nem parece que o dono disso aqui é o próprio mau encarnado.

Magnos não conteve uma risada. Ele se aproximou da margem do lago e ficou observando a imensa construção lá no meio. Depois de alguns minutos, ele olhou para trás, que é onde eu permanecia imóvel admirando tudo ao nosso redor, e perguntou:

- Consegue nos levar até lá?

- Mas é claro, né!!! Se esqueceu de que eu conheço o local? Foi aí que nós nos conhecemos. Não foi um jeito muito agradável, afinal, estávamos todos um bagaço! Mas diante de tanta lembrança ruim que esse lugar guarda, existem algumas boas também. - Expliquei.

- Verdade. - Concordou ele se aproximando e segurando minha mão. - Então... Vamos ao que viemos fazer aqui.

Eu fiz sinal de positivo com a cabeça, estalei os dedos e aparecemos no portão do Templo. Era ainda maior quando visto de perto. Estendi a mão em direção ao mesmo causando um estalo que o fez abrir aos rangidos.

- Vamos entrar... - Disse Magnos soltando minha outra mão.

- Temos que tomar cuidado, Magnos... Não sabemos o que nos aguarda aí dentro... Talvez Lucius esteja aqui.

- Fica tranquilo... Acho que se ele realmente estivesse por aqui, o comitê de boas vindas já teria vindo nos receber! - Sorriu pra mim.

- Ou podemos estar caindo em uma armadilha... - Levantei outra hipótese.

- Fica frio... - Magnos sorriu. - Qualquer coisa eu te protejo, já que está com tanto medo assim.

- Ei! Eu não estou com medo! - Protestei.

- Seeeiiii... - Brincou ele.

- Chega de palhaçada, vamos logo fazer isso então!

Em seguida adentramos no grandioso Templo. Eu torcia do fundo do meu coração, para que nenhuma surpresa desagradável nos aguardasse naquele local com um passado tão assombroso para nós.

O Híbrido: Despertar do Híbrido {Livro 2}Onde histórias criam vida. Descubra agora