Gregori
Estávamos parados em frente a porta de entrada da casa de Matteo. O lugar estava silencioso, os únicos sons que podiam ser ouvidos eram o da leve brisa que cortava o ar carregando os flocos de neve que insistiam em cair e da campainha que Sandy continuava a tocar insistentemente.Eu só conseguia imaginar que nosso amigo realmente não queria nos ver. Já estávamos ali há um bom tempo, porém, nenhum de nós estava disposto a dar meia volta e abandonar Matteo em uma situação que com certeza era muito delicada. Precisávamos ver ele. Queríamos ter certeza de que ele não havia feito nenhuma merda. Sem paciência, Renan começou a bater na porta sem parar e a gritar pelo nome do outro:
- Matteo! Por favor, cara, abre essa porta!!! Precisamos saber se tu tá bem meu irmão!
Porém, não recebemos qualquer resposta do interior da casa. O silêncio lá dentro se fazia presente e nós ficávamos ainda mais preocupados a cada minuto que se passava.
Eu nunca pensei que algum dia seria tão complicado falar com Matteo. Nosso amigo nunca foi de nós dar as costas ou nos deixar plantados nos lugares, principalmente quando um desses lugares era a porta da casa dele. Com certeza ele estava muito mal. Aquilo só me deixava ainda mais frustado.
- Matteo! - Resolvi intervir. - Por favor, abre essa porta! Precisamos falar com você!!!
- Abre logo, Matt!!! - Sandy estava impaciente já. Poderia dizer que ela estava no limite, pronta para explodir.
- Por favor, Matt! - Agora eu usava um tom de súplica.
Sandy que estava no meio começou a passar a mão pelo rosto. Fudeu! Eu sabia que agora toda a paciência dela havia acabado. Em um suspiro ela se afastou um pouco da porta e disse em forma de aviso:
- Ta bem...Matteo!!! Nós somos seus amigos e não aguentamos mais saber que você está nessa situação e teima em querer lutar com essa dor sozinho! Temos uns aos outros exatamente para nos darmos apoio em qualquer momento que seja! - Ela gritava sem parar. - Eu me afastei da porta e vou contar até três. Se você não abrir eu vou derrubar ela!
Renan agora encarava a namorada com os olhos quase pulando pra fora. Ele estava tão surpreso quanto eu. Mas se não havia uma outra forma, era melhor mesmo que deixássemos Sandy tomar o controle da situação.
- Um... - Ela começou a contar. Eu estava tenso. Estava torcendo para que Matteo abrisse logo aquela porta para evitar que Sandy a derrubasse.
- Dois!!!...
Agora faltava pouco... Renan que estava mais próximo da porta, se afastou, pois tinha total convicção de que a namorada estava falando sério.
Quando Sandy se preparava para investir contra a porta de entrada, ouvi passos lentos dentro da casa.
- Espere! - Falei estendendo meu braço a frente dela para impedí-la de derrubar a porta.
- O que foi? - Perguntou ela colocando as mãos na cintura enquanto me olhava com raiva.
- Não estão ouvindo? - Questionei levantando o dedo indicador próximo a um de meus ouvidos.
- Tem alguém andando lá dentro. - Renan disse olhando para a namorada.
Sandy então, se aproximou mais da porta com a aparente intenção de colar seu ouvido na mesma e tentar ouvir com mais clareza e ter certeza de que eram realmente passos que estávamos ouvindo.
Logo que ela aproximou mais o rosto conseguimos perceber um barulho que ao que parecia, eram de chaves girando na tranca.
Não demorou muito até que a porta foi aberta e avistamos Matteo. A aparência dele não era das melhores.
- O que vocês querem? - Perguntou com um olhar frio.
- Como assim o que queremos?!!! - Sandy se mostrava indignada com a pergunta.
- Cara, estamos preocupados com você! Você não atende nossas ligações, não responde às nossas mensagens, sumiu da escola! - Renan dizia.
- Escola pra quê, Renan?! Isso não faz sentido... Assim como não faz mais sentido eu tentar ser algo que não sou. - Disse Matteo, que em seguida virou as costas e entrou novamente deixando a porta aberta para nós entrarmos.
Nos entreolhamos e seguimos Matteo. Eu fiquei por último e assim que passei pela porta a tranquei e fui me juntar aos outros na sala de estar.
Quando cheguei no grande cômodo, Sandy e Renan já se encontravam sentados no sofá maior enquanto Matteo havia se acomodado em uma poltrona e mantinha seu olhar fixo ao chão. Ele não nos encarava.
Me juntei aos outros dois no sofá maior e então comecei a falar:
- Amigo... Eu sei que está sendo difícil pra você, também não está sendo fácil para nós... Mas poxa, somos todos amigos, queremos o seu bem. Não aguentamos mais ver você nesse estado.
- E em que estado vocês gostariam que eu estivesse?! - Matteo foi totalmente ríspido. - Eu perdi a pessoa que eu mais amava há poucos dias! Como vocês esperam que eu haja???
- Escuta... - Sandy disse. - Eu também perdi minha melhor amiga. Eu sei a dor que você está sentindo, mas me ouça... Se trancar e tentar fugir do mundo lá fora não é a melhor opção. Isso só vai te deixar cada vez mais destruído. Isso vai te consumir se você não tentar seguir adiante.
- É isso mesmo, cara... Se ficarmos juntos, vai ser mais fácil passarmos por essa dor. - Completei. - Eu sei que nada pode ser feito para amenizar essa sua dor, mas se nos unirmos poderemos dar apoio uns aos outros. Não afaste seus amigos nesse momento tão difícil. Só queremos o seu bem, meu parceiro.
Quando concluí meu discurso, pude notar que Matteo estava entregue às lágrimas. Vê-lo daquele jeito era desesperador. Em tantos anos de amizade, com meu amigo se mostrando ser uma pessoa tão forte e reservado quando se tratava de sentimentos, eu sequer podia imaginar que algum dia eu o veria demostrar tanto sentimento assim na frente de outras pessoas.
Renan lentamente se levantou de onde estava e caminhou até a poltrona onde nosso amigo estava, sentando no braço da mesma. Ele apoiou a mão sobre as costas de Matteo e disse em tom mais sereno possível:
- Nós somos seus amigos... Não vamos deixar você passar por essa barra sozinho. Nunca se esqueça do quanto a gente te ama maninho.
- Eu não sei se vou conseguir lidar com isso, galera... Eu não sei se vou conseguir superar. - Matteo desabafava em tom pesaroso.
- De modo algum a gente quer que você supere... Não há como superar a história de amor linda que você e Élio viveram. Essa é uma dor que precisa ser sentida. Você só tem que aprender a viver com ela, e nós estamos ao seu lado pra ajudar você a passar por esse período difícil sem enlouquecer. Seremos seu apoio e seu farol nesse caminho escuro e aparentemente sem esperanças. Por favor, não nos afaste. - Sandy disse.
O choro de Matteo agora era seguido por vários soluços. Eu conseguia, de certa forma, sentir a dor dele. Nosso amigo estava sofrendo demais com aquela perda. Vê-lo daquela forma tão vulnerável era de cortar o coração de qualquer um. A única pergunta que me vinha à mente era: será que algum dia, toda essa dor pelo menos daria uma amenizada?
Eu mesmo não tinha resposta para tal pergunta, já que nunca havia me apaixonado por alguém antes na minha existência. Eu nunca havia amado ninguém da maneira que Matteo amava o Élio.
Se amar for isso: dor, perda, sofrimento... Eu com certeza preferia manter meu coração vazio, solitário e frio...
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O Híbrido: Despertar do Híbrido {Livro 2}
Ficción GeneralA vida é uma caixinha de surpresas, que nos vive pregando peças às vezes boas e às vezes nem tão boas... O segundo livro da Saga O Híbrido.