cap. 03

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Sana estava emocionalmente frágil, mal havia podido sofrer pelo luto, ainda teve que lidar com a prisão e com o afastamento abrupto da pessoa mais importante de sua vida: Sua sobrinha.

Ela sabia que deveria ter internado sua mãe antes, mas ainda era nova quando ela surtava e agredia as garotas. Se ela pudesse voltar no tempo e modificar suas última semana, com certeza faria.

De forma alguma ela culpava sua mãe por tê-la acusado, ela sabia que aquela era apenas a doença falando e que provavelmente Miyuki, após estar medicada, não se lembraria do que fez. Era sempre assim.

Enquanto Sana esfregava seu corpo, ela lembrava que sua mãe daria a vida dela pelos filhos. Se quando ela estiver medicada lhe disserem que matou seu próprio filho, ela jamais se perdoaria. Sana sabia.

O barulho da porta sendo aberta fez Sana encolher o corpo. Ela achara aquele presídio uma bagunça: As presas tinham que tomar banho com chuveiros lado a lado e sem uma parede para separá-las. Os policiais apenas davam uma hora de banho para todo o presídio, o que resultava em presas empurrando umas as outras para poderem tomar banho logo, acabando em briga quase sempre, afinal ninguém gostaria de ficar sem banho.

Uma falta de respeito com as presidiárias, afinal as líderes tomavam longos banhos e ninguém se atrevia a tocar nelas ou expulsá-las, perdendo então um chuveiro em potencial.

Sana deu sorte por ter conseguido entrar na hora que um dos banheiros estava mais vazio e agradeceu mentalmente por ter conseguido tomar um banho.

Seus olhos viram que o barulho na porta havia sido por outra presidiária. Era branca, cabelos azuis, olhos azuis também e muito linda aos seus olhos; aparentava ter seus trinta anos, aparentava ser tudo o que não era.

Mas Sana nunca havia julgado ninguém pela cor e por isso ela fechou o chuveiro assim que viu a garota. Não queria encrenca e sabia que estar sozinha com qualquer uma poderia significar isso, uma vez que Nayeon disse que muitas ali estavam de olho nela.

— Você é a novata, não é? — A garota perguntou e Sana acenou em positivo, pegando sua toalha e abrindo o plástico dela, para logo envolvê-la em seu corpo.

— Sim. — Sana disse em um tom normal e a outra sorriu.

— Oh, não vai precisar dela. — A garota disse, se aproximando e tentando puxar a toalha do corpo de Sana.

A mais nova segurou com força sua toalha, pedindo a Deus para alguém aparecer, alguma policial escutasse caso ela precisasse gritar.

— Não dificulte isto! — A outra disse contraindo o maxilar e Sana sentiu suas mãos tremerem. Não poderia ser estuprada àquela altura da vida.

— Por favor, deixe-me ir. — Sana pediu, não em tom suplicante ou que aparentava estar assustada, pois sabia que o medo mostrava às outras que já haviam ganhado.

— Tenho quinze mulheres que correm comigo aqui dentro, você não gostaria de me desrespeitar, não é mesmo? — Ela perguntou, puxando com toda a sua força a toalha da mão de Sana e a jogando no chão, encharcando-a. As mãos brancas acariciaram a pele da cintura de Sana antes de levarem um tapa nas mãos.

Por que mais ninguém entrava naquela merda? Pedido daquela ogra na sua frente?

— Não me toque. — Sana disse irritada e a garota riu, retirando a própria camisa, fazendo Minatozaki engolir em seco.

— Olha aqui... — Ela disse, passando a rasteira em Sana e fazendo-a escorregar e cair de joelhos. O chão escorregadio não a ajudou a manter o equilíbrio. Ela iria se levantar, porém mãos em seu cabelo empurraram seu corpo para frente, fazendo seus seios e barriga tocarem o chão. Ela sentiu a mulher se sentando em suas costas. — A gente vai transar nessa porra e você vai gemer tão alto mesmo que não goste, está me ouvindo?

— Não. — Sana disse, sentindo o aperto em seu cabelo se intensificar. Uma das mãos da garota escorregou pela lateral do corpo de Sana, mas o barulho da porta chamou a atenção de ambas.

Sana engoliu em seco e enrubesceu quando viu que a dona dos olhos castanhos era a pessoa parada em frente a elas, fuzilando com os olhos a pessoa em cima de Sana.

— Beatrice... — Jihyo disse com seu tom frio e seco.

— Eu só estava ajudando a novata, pois ela caiu. — A garota disse, se levantando. — Não foi, novata? — A garota perguntou a fitando intensamente e Sana engoliu em seco, assentindo.

Sabia que dedo duro não durava na cadeia, o corpo sempre era achado com algum aviso sobre ter morrido por ter abrido a boca, porém o culpado jamais aparecia. A dona dos olhos castanhos fitou furiosamente Beatrice, sem

Sequer piscar, tendo o mesmo olhar de volta da garota.

Como Nayeon havia dito que se chamava? Hyo? Jiu? Jihyo? Isso! Jihyo. Sana pensou.

Os olhos castanhos se estreitaram para Beatrice, que cruzou os braços sem deixar de fitá-la.

Jihyo deu um passo a frente e, apesar de ser mais baixa que a outra, ela não parecia intimidada. Seus olhos faíscavam. Elas travavam uma batalha intensa de olhares e Sana assistia tudo do chão.

Até que a mais alta piscou e suspirou, abaixando a cabeça.

— Eu vou tomar banho em outro banheiro. — Beatrice disse e a outra assentiu seriamente, sem esboçar nada além de um olhar intimidante.

Sana se levantou assim que a garota vestiu a camisa de novo e puxou sua toalha encharcada no chão, olhando para ela tendo a plena noção de que ficaria molhada. Seria impossível se enxugar com aquilo.

— Isso fica comigo, não é? Eu adorei o presente. — Jihyo disse com o maxilar trincado, puxando a toalha embalada da mão de Beatrice assim que a garota estava saindo.

— Claro. — Ela respondeu com o maxilar trincado. — Pode ficar. — Terminou, saindo do banheiro a passos duros.

Os olhos de Sana se abriram ligeiramente pela surpresa de ver a outra lhe esticar a toalha seca.

— O-obrigada. — Sana disse, vendo a garota assentir assim que Minatozaki pegou a toalha de sua mão. A menor rasgou o plástico e removeu a toalha, a envolvendo em seu corpo.

Seu olhos acompanharam a outra a retirar sua roupa: Além de belas curvas, seus seios eram medianos e seus mamilos eram rosados.

Droga! Sana adorava seios! Eram seu ponto fraco.

Após os longos segundos fitando os seios da outra, ela deixou de ficar focada na nudez alheia, estava apenas perplexa o suficiente, afinal havia sido ajudada por ela.

— Eu... me chamo Sana. — Ela se atreveu a dizer, vendo aqueles olhos castanhos perturbadoras lhe encararem.

— Bom para você, mas não me lembro de ter perguntado seu nome. — Sana enrubesceu e respirou fundo.

— Desculpe. — Ela pediu constrangida. — Com licença. — Disse, saindo dali e pegando o uniforme limpo na porta do banheiro com a policial.

Seu primeiro dia e quase foi violentada. Uau. Faltavam apenas mais 179 dias.

Presa por acaso - sahyoOnde histórias criam vida. Descubra agora