cap. 36

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— Hoje está mais frio do que o normal. — Sana falou, se aconchegando mais nos braços de Jihyo. Ela notou que sua namorada fitava Beatrice de longe e que provavelmente não ouvia nada do que ela falava. — Jihyo, está me ouvindo? — Nenhuma resposta foi emitida e Sana bufou. — E então a médica me beijou a força.

— O quê? — Jihyo perguntou apressadamente, fitando seriamente Sana.

— Viu só como não estava me ouvindo? — Sana disse fingindo irritação. Jihyo suspirou e enlaçou um braço ao redor de Sana, voltando a fitar Beatrice.

— Desculpe, Sannie, é que... — Ela negou com a cabeça. — Algo está errado. — Observou.

— Como assim? — Sana indagou.

— Não sei explicar, mas conheço os passos de todo mundo aqui e Beatrice está agindo diferente hoje. — Falou. — Tomaremos banho juntas por precaução.

— Não vejo problema nisso. — Sana disse, soltando um risinho malicioso, porém o cessou quando viu que Jihyo manteve o olhar em Beatrice. — Vamos lá, me dê atenção, Jih... — Sana pediu, apoiando a testa no maxilar de sua namorada. — Eu só tenho mais umas duas semanas aqui. — Jihyo voltou a fitá-la e sorriu de lado, assentindo.

— Está vendo aquelas duas loiras com quem ela está falando? — Jihyo perguntou e Sana assentiu. — Foram presas por assassinato e são líderes de seus respectivos bandos.

— Não foi uma delas que quebrou o nariz de Beatrice? — Sana perguntou reconhecendo.

— Exato. Ela jamais perdoa alguém, a menos que ofereça algo bom. Ela nos olhou quatro vezes hoje e seu padrão é duas. — Jihyo apontou os fatos. — Sinto cheiro de encrenca.

— Não seja paranoica. — Sana disse, envolvendo os braços ao redor do pescoço de Jihyo. — Você é a líder daqui. Está segura. — Os olhos castanhos a fitaram rapidamente.

— Você se ouviu? — Jihyo indagou e Sana assentiu. Sannie, você sabe que eu... — Limpou a garganta. — Você sabe a verdade.

— Sim, eu sei. O que tem?

— Deveria saber que não estamos seguras de verdade. Eu sei lutar um pouco, porque aprendi, mas não é o suficiente.

— Mas elas não sabem disso. — Sana disse, dando um beijo no rosto de Jihyo.

— Tenho medo de que te aconteça algo. — Confessou.

— Nada vai acontecer, Jih. Não pense nisso. — Ela pediu, dando mais um beijo no rosto de Jihyo, que fitou uma das loiras no exato momento onde voltava a lhe encarar.

— Não sei. Algo está estranho. — Ela avisou, jamais desviando o olhar da loira.

— Você só está com medo porque me contou a verdade e agora acha que algo vai dar errado, mas não vai, meu amor. — Ela disse, puxando o rosto de Jihyo em sua direção para lhe dar um beijo manso.

Aquilo definitivamente abrandou o coração de Jihyo.

— Tem razão. — Disse relaxando. — Acho que estou exagerando.

— Sim. Hana diria que você precisa de muito carinho para ficar calma. — Sana disse sorrindo e Jihyo arqueou uma sobrancelha.

— Ela diria ou você? — Jihyo perguntou rindo.

— Ela, sua maliciosa. — A maior contestou e Jihyo sorriu genuinamente.

— Como se sente sabendo que poderá abraçá-la em poucos dias?

— Ansiosa. — Sana respondeu sorrindo. — Vou exigir a guarda dela. Sakura não merece nossa sobrinha e nem deve querer mesmo a guarda dela. Uma criança dá trabalho.

— Ela nem imagina ainda que você já sabe de tudo, não é? — Jihyo indagou e Sana negou.

— Digamos que ela terá uma surpresinha quando eu sair daqui. — Ela disse se levantando, puxando Jihyo pela mão.

— Aonde vamos? — Jihyo perguntou e Sana sorriu.

— Andar. Não aguento mais ficar sentada. Já basta ficar naquela cela o tempo inteiro. — Ela falou e Jihyo assentiu, começando a seguir a maior, tendo seus dedos entrelaçados com os dela.

— Nayeon já sabe que você vai sair? — Jihyo indagou ao ver a ruiva correndo desesperada em sua direção.

— Ainda não contei a ela. — Sana confessou.

— Vai deixar para a última hora? — A menor indagou e Sana iria responder, porém se calou pelo fato de Nayeon ter parado arfante em sua frente. Carregava algo consigo.

— Por que corria tanto? — Sana perguntou rindo e Nayeon negou com a cabeça.

— Im Nayeon, você devia se manter afastada. — A ruiva disse, imitando a voz de Sohee, tomando mais um pouco de ar antes de prosseguir. — Mas vocês me conhecem, não consigo te esconder as coisas, Satang.

— O que houve? — A morena mais baixa indagou e Nayeon apenas esticou a mão com uma revista para Sana, que a pegou após franzir o cenho. Seus olhos se arregalaram ao constatar que era ela na capa.

"A empresária Minatozaki Sana reabre o caso e garante ser inocente." Ela mordeu o lábio inferior e logo dobrou a revista, escondendo aquilo.

— Aonde conseguiu? — A garota indagou e Nayeon umedeceu os lábios.

— Está nas novas revistas que nos deram para passar tempo.

— Droga! — Jihyo resmungou baixinho.

— Isso quer dizer que todas aqui dentro têm acesso a esse material? — Sana questionou e Nayeon assentiu.

— É verdade? — A ruiva perguntou e Sana assentiu. — Uau, você é podre de rica, tenho uma amiga rica, não acredito. — Nayeon disse rindo, soltando seu famoso ronco. — Saio em alguns meses, que tal pagar umas cervejas? Eu levo a carne. — Sana sorriu diante da simplicidade de Nayeon. — Poderíamos roubar alguns carros juntas, seria divertido. — Ela sussurrou a última parte, porém logo riu ao ver a expressão confusa no rosto de Sana.

— Está falando sério? Vai seguir roubando quando sair? — Sana indagou.

— Eu estava brincando. Vou esperar minha mulher sair. Ela sai em um ano e depois faremos nossa vida juntas.

— Parece que temos algo em comum. — Sana disse sorrindo. — Mas lá fora vamos com calma. — Alertou. — Não é, Jih? — Um alto suspiro foi escutado, fazendo Sana fitar sua namorada. — O que foi, amor?

— Eu avisei que teríamos problemas. — Ela disse, apontando para a mini-arquibancada onde estavam minutos atrás, lugar o qual ninguém mais sentava além de Jihyo.

Estava ocupada pelas duas loiras e por Beatrice.

— Nayeon, leve Sana para a minha cela e chame Mina. — Ela disse solenemente.

— O que vai fazer? — Sana perguntou preocupada.

— Não posso deixar elas lá, vão me julgar fraca e teremos ainda mais problemas.

— Jihyo! — Sana chamou e a morena lhe fitou. — Não precisa dessa droga de posto.

— Se eu quiser continuar com vida eu acho bom querer. — Disse conformada. — Uma líder só deixa de ser líder quando morre ou quando sai, então preciso ir ver o que elas querem.

— Por que preciso ir para a cela?

— Porque tenho quase certeza de que estão fazendo isso porque descobriram uma mina de ouro em você.

— Mas não quero ir. — Sana protestou e Jihyo se virou para ela, se inclinando e lhe deu um beijo manso nos lábios antes de acariciar seu rosto.

— Por favor, me escute, está bem? — Sana mordiscou o canto de seu lábio inferior e assentiu um pouco contrariada.

— Chamou, chefinha? — A voz firme de Mina fez Jihyo a fitar.

— Chamei, Mina. Temos um pequeno grande problema para resolver.

Presa por acaso - sahyoOnde histórias criam vida. Descubra agora