cap. 15

359 67 24
                                    

— Jihyo? — Sana chamou ao se aproximar da mesa, vendo as orbes castanhas  se erguerem e lhe fitarem. — Pode vir aqui um minuto?

— Ainda não terminei de comer. — Jihyo falou e Sana suspirou, caminhando até ela e se sentando de frente para a menor.

— Obrigada. — Sana disse baixinho, se arremessando nos
braços de Jihyo sem dar tempo da outra falar nada. — Eu amei. — Ela completou, sentindo finalmente os braços da menor se envolverem ao seu redor, abraçando-a de volta.

— De nada. — Ela replicou, sentindo Sana se afastar alguns poucos centímetros e plantar um calmo beijo em seu rosto.

— Como conseguiu? — Sana perguntou, removendo os braços do pescoço de Jihyo, por outro lado, a mais velha permaneceu com seus braços ao redor de Sana. — E não seja grosseira em sua resposta. — Se aprontou em dizer ao ver que Jihyo iria abrir a boca para dizer algo.

— Hey! — Jihyo repreendeu, mas sua repreensão foi seguida de um enorme sorriso que enfeitou seus lábios. —  Pare de saber como eu vou agir.

— Não dá. Você é previsível. — Sana disse rindo baixinho e Jihyo franziu os olhos.

— Não vou te contar como consegui então. — Jihyo disse e Sana abriu a boca surpresa.

— Não! Jihyo, olha... Eu retiro tudo o que eu disse. Você não é nada previsível, eu sequer sei que você só está fazendo isso para eu voltar atrás no que disse. — Sana disse e Jihyo riu, suspirando.

— Tudo bem. Pedi para uma amiga pegar para mim. — Jihyo respondeu e Sana desviou o olhar para Mina, que havia tossido alto.

— De nada. — A loira falou e Sana sorriu.

— Obrigada por isso. — Sana disse e Mina se espreguiçou.

— Eu preciso dizer "de nada" de novo? — Sana riu graciosamente antes de ousar deitar a cabeça no ombro de Jihyo.

— Coma! Você quase não comeu nada. — Sana impôs e Jihyo negou.

— Não estou com fome. — A mais velha replicou e Sana sentiu Jihyo começar a acariciar suas costas. Aquilo era novo, Jihyo não fazia carinhos.

— Mas precisa comer. — Sana insistiu e Jihyo voltou a negar.

— Comi a fruta. Posso esperar o almoço agora.

— Certo. — Sana disse, vendo Mina olhar confusa para Jihyo.

— Só gostaria de agradecer ao sol por aquecer a pedra de gelo. — Mina disse do nada, se levantando. — Vou sair daqui porque sei quando atrapalho.

— Você não está atrapalhando. — Sana disse, se aconchegando mais nos braços de Jihyo.

— Tchau. — Mina falou, se afastando e Nayeon riu.

— Nem pense em sair, Nayeon. Não estão atrapalhando. — Sana disse ao ver o olhar de Scar de quem também saíria. Ambas apenas assentiram e então a menor ergueu seu rosto, fitando Jihyo com um sorriso divertido nos lábios.

— O que foi? — Jihyo indagou.

— Você realmente não acredita que eu só trabalhe na enfermaria? — Ela indagou e Jihyo suspirou. — Que bilhete foi aquele? — Ela perguntou rindo.

— Eu sei que só trabalha, só quis te lembrar que esse lugar não é para você. Ela trabalha em um presídio e lida com pessoas perigosas todo o tempo. Você tem que, uh... — Ela se inclinou para sussurrar, afinal as amigas de Sana não sabiam que elas não estavam realmente juntas. —  Encontrar alguém que não seja daqui para ocupar esse coração. — Sana franziu o cenho e a fitou.

— Por quê? — Indagou confusa.

— Você merece mais do que isso. — Jihyo disse, olhando para baixo e Sana levou uma mão até seu queixo, o erguendo.

— E se eu não quiser mais do que isso? — Sana indagou, encarando-a com intensidade e Jihyo suspirou.

— Você quer mesmo a médica, não é? — Jihyo perguntou em seu ouvido com ar de derrota e Sana negou com a cabeça, voltando a fitá-la.

— Não estou me referindo à ela. Sana informou e Jihyo se levantou, jamais deixando de olhá-la.

— Você não deveria se envolver com ninguém daqui. — Jihyo disse e Sana se levantou junto. — Você merece mais.

— Como sabe o que eu mereço ou não? Você sequer me conhece. — Sana disse veemente e Jihyo passou uma mão pelo próprio rosto, respirando fundo antes de rir baixinho e levar uma mão até o rosto de Sana, acariciando-o.

— Destemida como sempre. — Jihyo disse sorrindo nostálgica e Sana estranhou a atitude. — Os anos passam, mas você não muda.

— Anos? Você me conhece de antes? — Sana indagou e Jihyo negou com a cabeça.

— Não ouça as bobagens que eu digo. Só acordei com sono. — Jihyo disse, deixando um beijo em sua bochecha antes de começar a caminhar para longe.

— Espere! — Sana chamou, seguindo-a. — Jihyo! — Tentou novamente, sem êxito. —  Eu não acredito em você. — Sana disse no meio do corredor de suas celas, fazendo Jihyo frear no mesmo momento e se virar para ela.

— Não acredita em quê? — Jihyo indagou e Sana a alcançou, parando em sua frente. Sua respiração agitada pela aceleração de seus passos.

— Que esteja sonolenta. — Sana disse quase arfando e Jihyo riu.

— Tudo bem. — Jihyo disse dando de ombros e Sana segurou seu pulso, não deixando a menor continuar seu caminho.

— Não acredito que você tenha dito "anos" por estar sonolenta. — Confessou. — Não acredito que tenha trocado os frascos por não ter notado e tampouco acredito que seja essa durona que todo mundo aqui dentro crê que é.

— Ah é? — Jihyo perguntou e Sana assentiu, sentindo seu coração acelerado, ela só não sabia identificar se era por ter acelerado o passo minutos atrás ou por estar falando aquilo para Jihyo.

— Sabe o que mais eu acho? — Sana indagou dando mais um passo a frente, vendo Jihyo negar com a cabeça e prender a respiração. — Que você gosta de mim. Que essas brincadeiras sobre me beijar são porque você realmente quer isso. — Umedeceu os lábios e tomou ar.

— E no que mais acredita? — Jihyo perguntou, encarando-a como se lêsse sua alma através daquele olhar.

— Também acredito que o que você diz ser dó de mim é, em realidade, preocupação real.

— Não me importo com você e não quero te beijar, Sana, não alucine. — Jihyo disse fazendo uma careta e Sana a encostou lentamente na parede entre duas celas quaisquer.

— Então me prova. — Sana sussurrou, plantando um beijo no canto dos lábios de Jihyo antes de roçar seus lábios nos dela.

— Sana, pare!

— Não! — Sana negou veemente, fitando os lábios rosados a centímetros dos seus enquanto sentia seu corpo inteiro quase tremular. — Me prova que você não está louca para me beijar, para sentir o gosto dos meus lábios contra os seus.

— Está retratando um desejo seu? Porque eu não quero isso. — Jihyo disse com a voz ligeiramente falhada e Sana colocou as mãos na cintura da garota.

— Sim, é um desejo meu. — Sana confessou, roçando seus lábios nos de Jihyo. — E se não for seu também então me afaste...

Os olhos castanhos queimavam Sana e ambas sentiam o ar lhes faltar, corações acelerados e o perfume de Sana exalando das duas.

— Não posso fazer isso... — Jihyo disse baixinho. — Não consigo te afastar. — Confessou, sentindo seu peito doer devido à velocidade de seus batimentos.

— Então me beija... — Sana murmurou e no instante seguinte os lábios de Jihyo pousaram sobre os seus com pressa e intensidade, porém, jamais perdendo a delicadeza e realizando, finalmente, o desejo de duas simples presidiárias.

Presa por acaso - sahyoOnde histórias criam vida. Descubra agora