cap. 09

329 60 14
                                    

Sana estava deitada enquanto olhava quadradinhos imaginários na parede. Sim, o tédio a estava matando, porém, não mais do que a curiosidade sobre Park Jihyo.

A garota era grosseira, seca, fria, contudo, se ofereceu em ajudar Sana. Ela também já fora gentil, mesmo sem perceber. A menor só queria entender aquela mulher. Por que ela ajudaria alguém gratuitamente?

Jihyo jamais se envolvera com alguém daquela cadeia, de acordo com Nayeon. Então por que diria a todas que estava com Sana? Para sua única proteção? Muito estranho.

Jihyo a havia beijado, um selinho, na frente de todas. Aqueles lábios rosados e tão beijáveis, junto com aquele olhar intenso que derreteria qualquer iceberg... Não! Ela não deveria pensar nisso, se repreendeu.

O barulho de sua cela sendo aberta a fez respirar fundo. A merda aconteceria, se tivesse que acontecer.

— Olá, novata. — O sorriso rancoroso no rosto de Beatrice fez Sana sentir um frio cortar toda a sua espinha.

— Minatozaki Sana — A voz da guarda fez Sana a olhar. Era Yoo.

— Sim? — Sana perguntou baixo antes de fitar Beatrice. Seus olhos a fitavam ansiosamente, à espera daquela guarda sair para acertar contas. O nariz da garota estava enfaixado e ela tinha um olho roxo.

— Arrume seus pertences que em menos de dois minutos volto aqui. — Ela disse e Sana assentiu confusa, apesar de não ter quase nada. Alguns itens de higiene pessoal e suas roupas íntimas.

— Quebraram meu nariz, sua vadia. — Beatrice disse irritada assim que Jeongyeon saiu. — Vou esperar Yoo fazer seja lá o que for aqui nessa inspeção de cela e esta noite você me paga. Park verá quem manda nessa merda. — Sana sequer a olhou, o medo circulava em cada canto de suas veias.

— Eu sinto muito por seu nariz. — Sana disse baixo, se sentando e arrumando suas coisas no canto de sua cama.

— Ah, com certeza não sente, sua vadia. — Beatrice disse cruzando os braços. — Não mandei se sentar. Levanta! — Impôs e Sana obedeceu. — Jihyo deveria saber que você só está com ela por interesse, mas deveria ter escolhido melhor, boneca, sou eu quem tenho todas as guardas compradas.

— Nem todas. — A voz de Yoo soou firme e Beatrice a olhou assustada. — Minatozaki, pegue suas coisas e me acompanhe.

— Não quis dizer que as compro de verdade, senhora. São todas mulheres íntegras. — Beatrice disse colocando as mãos para trás e Jeongyeon manteve sua expressão imparcial quando Sana saiu da cela.

— Eu sei bem o que você quis dizer e não se preocupe, porque cada mulher íntegra dessas que você citou terão sua vez na hora certa. — Falou, erguendo um braço, fazendo a policial que tinha os comandos a ver pela câmera de segurança e voltar a fechar a cela.

— Aonde ela vai? — Beatrice perguntou confusa.

— Não é da sua conta. Cuide de suas coisas. — Jeongyeon disse impassível. — Por aqui Minatozaki.

Caminharam duas celas, até pararem de frente com a cela que Sana conhecia muito bem.

— Espero que nessa você não arranje problemas. — Jeongyeon disse. — Elas duas sempre arranjam problemas uma com a outra e por isso foram colocadas em celas separadas. Com Beatrice você não vem dando certo, vejamos com Jihyo. — Falou, abrindo a cela. Sana entrou no ambiente antes da cela voltar a se fechar.

— Obrigada, Jeong. — Jihyo disse e Jeongyeon sorriu.

— Juízo, garotas. — Ela disse, se afastando dali.

Sana olhou confusa para Jihyo antes de colocar suas coisas em seus devidos lugares.

— Você... A subornou? — Sana perguntou confusa e Jihyo riu.

— Uma mulher nunca revela seus truques. — Jihyo falou e Sana assentiu.

— Eu posso, huh, me deitar? — Sana perguntou e Jihyo franziu o cenho.

— Não precisa de uma autorização minha para isso, Minatozaki. — Park falou e Sana riu fraco.

— É que Beatrice às vezes...

— Não sou ela. — Jihyo disse seriamente e Sana a fitou novamente.

— Claro, me desculpe. — Pediu, se deitando em sua cama. Seu cérebro voltou a divagar.

— Ela já estava na cela? — A voz de Jihyo soou e alguns segundos depois as luzes se apagaram.

— Estava.

— Ela te machucou?

— Não.

— Hm. — Respondeu com frieza novamente, deixando o silêncio se instaurar no local.

— Por que ficava me olhando tanto quando cheguei? — Sana perguntou. Droga! Era sempre tão estúpida? Pensou.

— Não te interessa. — Jihyo disse e, para a sua surpresa, Sana riu.

— Por que sempre é tão rude comigo?

— Você é sempre idiota ao ponto de ficar insistindo em falar com alguém que claramente não quer conversar com você? — Jihyo perguntou, colocando a cabeça para fora do beliche, apenas para ver Sana a fitar da cama de baixo.

— E você é sempre a protetora das novatas que claramente não pediram por sua ajuda? — Sana rebateu e Jihyo bufou.

— Eu sabia que isso seria um erro. — Jihyo disse boquiaberta. — Amanhã pedirei à Jeongyeon que te mande de volta. Direi a todos que você está livre e você que se acerte com Beatrice. Já me meti em problemas demais para ouvir esse tipo de coisa. — Jihyo falou, se deitando abruptamente.

— Não, por favor... — Sana pediu rapidamente, se levantando para poder ver o rosto da outra garota. — Eu não quis dizer que não sou grata... — Sana se corrigiu. — Só quis dizer que você começou a me ajudar do nada e nunca me disse o porquê, mas vive me tratando como se não gostasse de mim. — Ela disse em suspirou. — Isso só me deixa... confusa.

Jihyo a fitou antes de se apoiar em seu cotovelo e voltar a falar.

— Preste muita atenção no que vou dizer: Não somos amigas, não somos nada. Eu te ajudei e você deve ficar agradecida, nada mais. — Ela falou friamente. — Sem amizade, sem sorrisos, sem conversas sobre nossas vidas, sem perguntas. Ficou claro? — Sana assentiu encolhendo seus ombros antes de voltar a se deitar.

— Claríssimo. — A menor respondeu. Pelo menos poderia dormir em paz, sabendo que não teria uma Beatrice para tentar pular em cima dela durante a noite. Seus olhos se fecharam, porém sua mente se concentrava em um único pensamento:

Viveriam por um longo tempo sob o mesmo teto, no entanto, Jihyo se negava a conversar com ela. Sana não sabia o que era pior: Estar sozinha em uma cela, sem ninguém para conversar por meses ou anos, ou estar em uma cela com uma pessoa que gostaria muito de conversar, porém não podia.

Presa por acaso - sahyoOnde histórias criam vida. Descubra agora