cap. 22

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— E aí a Sohee ganhou a última cicatriz dela. — Nayeon contava enquanto a água caía sobre elas. Tomavam banho cercada de várias outras detentas, tendo Nayeon explicando sobre seu primeiro dia na prisão.

— Ela te defendeu sem te conhecer? — Sana perguntou verdadeiramente curiosa.

— Ela tinha comido comigo nesse dia mais cedo e eu lhe ofereci o leite, já que não gosto. Acho que viramos amigas pelo brilho nos olhos dela quando aceitou o leite. — Nayeon disse rindo baixinho.

— Não entendo para que toda essa agressividade aqui dentro. — Sana disse suspirando e Nayeon assentiu.

— Mas dessa vez foi sem querer. — Nayeon explicou. — Elas não iriam me agredir, só estavam me chamando de trator ou porca e rindo da forma como eu dou risada às vezes. — Nayeon disse um tanto desconfortável. — Como se eu tivesse culpa. — Falou desligando o chuveiro. — E a Sohee não gostou.

— Não ligue para elas, eu acho fofo sua risada e Jihyo também. — Sana disse e Nayeon riu, soltando seu tão conhecido ruído pelo nariz e boca.

— Quando você adiciona a parceira até em uma conversa dessa você já deveria encomendar o anel. — Nayeon disse rindo. — Você pensa nela o dia todo, não é? — Sana mordeu o lábio inferior antes de abaixar o tom de voz.

— Eu, uh, penso bastante. — Confessou ruborizando.

— Não precisa corar, amiga. Core só quando me disser algo que eu não saiba, tudo bem? — Nayeon disse rindo, retirando o plástico de proteção da toalha antes de usá-la.

— Uh, é que eu não deveria deixar-me sentir nada por ela. — Sana falou, afundando o rosto entre a água e fechando os olhos para protegê-los da mesma. — Mas não é como se desse para controlar, sabe? Dividimos a mesma cela e ela faz coisas tão doces por mim.

— Ninguém manda no coração, Sana. — Nayeon disse. — Essas pessoas que se afastam de alguém por medo de sofrer acabam sofrendo também em seus próprios interiores.

— Sentir algo por ela não me trará nada de bom, Nayeon. — Sana disse tristemente. — Agora pode até ser tudo lindo caso ela corresponda, mas e lá na frente? E quando uma de nós sair daqui? Eu corro o risco de ficar vinte e dois anos aqui se tudo der errado, não quero ela tendo que perder a vida vindo me ver, tendo que ser revistada de forma... uh, íntima, sabe?

— Mas se tudo der certo você sai em seis meses. — Nayeon disse positivamente e Sana suspirou.

— E ela em dois anos. Quer dizer, não temos futuro juntas. — Sana disse e Nayeon sorriu tristemente.

— Não esperaria por ela?

— Esperaria. — Sana disse sinceramente. — É claro que eu esperaria, mas conheço a Jihyo o suficiente para saber que ela não admitiria esse tipo de vida para mim. Ela terminaria seja lá o que tivéssemos.

— Então o que fará? — Nayeon perguntou e Sana deu de ombros.

— Não há nada a se fazer. Não consigo ficar perto dela sem beijá-la e não vou fugir disso, nem conseguiria. — Confessou rindo fraco. — Mas já sei o fim dessa história e já me prevejo triste nele.

— E então a Sohee me disse isso. — Nayeon disse rindo alto, fazendo Sana franzir o cenho confusa.

— O que... — Sana se calou quando sentiu um par de braços abraçá-la por trás e logo percebeu que Nayeon havia disfarçado.

— Posso me juntar a você? — Jihyo perguntou, se afastando apenas para retirar sua roupa. Nayeon riu baixinho e piscou para Sana.

— Já terminei meu banho mesmo, então estou indo. Até mais, meninas. — Nayeon disse e Sana corou ante ao olhar malicioso e sugestivo de Nayeon.

Era óbvio que não fariam nada, até porque não estavam sozinhas ali.

— Eu já estava de saída. — Sana disse e Jihyo riu, se enfiando em baixo do chuveiro com ela sem falar nada.

— Você está corada por me ver nua? Você não corava antes... Ao contrário, ainda encarava meus seios descaradamente. — Jihyo disse rindo e Sana sorriu, saindo de baixo do chuveiro para deixar Jihyo começar a se lavar.

— Antes eu não podia te tocar. — Sana falou mais baixo. — Agora sei que você quer tanto quanto eu e, bem, ver você nua... — Seus olhos acompanharam as mãos de Jihyo percorrendo seu corpo enquanto se ensaboava. Sana engoliu em seco e desligou o chuveiro, vendo Jihyo lhe olhar confusa. — Para não gastar água a toa, sabe? — Disse rindo sem graça e Jihyo assentiu.

— E então... o que dizia? — Jihyo disse provocando e Sana riu, estreitando os olhos.

— Que eu malicio e, mesmo sem querer, é inevitável não desejar você. — Sana disse, vendo Jihyo lavar suas partes baixas antes de voltar a abrir o chuveiro para se enxaguar.

— Vai ficar com frio aí. — Jihyo disse, puxando Sana para seus braços, fazendo seus seios baterem um pouco acima dos dela. — Melhor aqui, hm? Mais quentinho... — Jihyo disse, se inclinando para dar um selinho em Sana.

— Você e eu estamos nuas, Jihyo... — Sana sussurrou, olhando em volta. — Ficar me abraçando e usando esse tom rouco de voz não me faz feliz.

— Não faz? — Jihyo perguntou arqueando uma sobrancelha e Sana mordeu o lábio inferior ao sentir os dedos suaves e molhados da menor deslizando por suas costas.

— Não aqui. — Sana se explicou, prendendo o lábio inferior de Jihyo entre seus dentes. — Onde eu não posso fazer nada além de me excitar vergonhosamente. — A menor sentiu seu corpo acender diante do som arrastado que emanou de Sana em sua fala.

— Você tem só mais cinco meses aqui... — Jihyo sussurrou contra os lábios de Sana. — Então deveria não usar esse tom sexy para falar comigo... — Ela disse e Sana prendeu os braços ao redor de seu pescoço. — Se não eu não me responsabilizo por me comportar até lá.

— Eu não quero que se comporte... — Sana falou, erguendo ligeiramente a ponta dos pés para mordiscar o lóbulo da orelha de Jihyo antes de se afastar bruscamente. — Quero que tome logo esse bendito banho e me encontre na cela. — Jihyo sentiu seu coração acelerar e respirou fundo, mordendo seu lábio inferior.

— Tem certeza? — Jihyo indagou e Sana sorriu maliciosamente, pegando uma das toalhas e abrindo a embalagem.

— Você que tem que ter. — Ela disse, envolvendo a toalha ao redor de seu corpo. — Afinal, dessa vez você não poderá usar a desculpa de que tenho que ir para a enfermaria. — Sana concluiu, mandando um beijo no ar antes de ir em direção a porta. Jihyo riu graciosamente; adorava aquele jeito espontâneo e sexy de Sana.

Eu definitivamente o adorei.

Presa por acaso - sahyoOnde histórias criam vida. Descubra agora