Os olhos de Sana analisavam de longe a morena de olhos castanhos se sentando na mini‐arquibancada do outro lado do pátio. Ela ainda tinha a pose séria e fria.
Fazia cerca de uma semana desde que conversaram e depois daquilo Jihyo não lhe respondia mais. Sana tentara de tudo, porém fora impossível. Jihyo realmente havia ficado chateada.
— Brigaram? — A voz de Nayeon soou por detrás de Sana, fazendo a maior assentir.
— Fui um idiota com ela. — Sana disse e Nayeon fitou Jihyo, franzindo ligeiramente os olhos devido ao sol intenso.
— Você é bem corajosa. — Nayeon disse. — Ninguém aqui ousaria ser idiota com ela depois de saber que ela quase matou a antiga líder daqui. — Comentou. — Só não matou porque a outra se rendeu.
— Essas informações são verídicas? — Sana perguntou.
— Dizem que sim. Dizem que a mulher morreu dias depois e que foi Jihyo quem matou, mas não levou a culpa porque soube disfarçar o crime.
— Jihyo não seria capaz. — Sana murmurou e Nayeon riu.
— Você está se apaixonando? — Perguntou. — Porque só assim para achar que ela não seria capaz. Ela é a líder daqui, Sana.
Sana ficou quieta. Não discutiria sobre sua opinião com mais ninguém, afinal ninguém ali conhecia Jihyo como ela. Estava ali há pouco tempo, mas apesar disso ainda era a pessoa que mais conhecia Jihyo ali. Claro que possivelmente Jeongyeon e Mina conheciam melhor a garota e exatamente por isso elas não discutiam sobre Jihyo. Ninguém entenderia.
— Não estou me apaixonando. — Sana disse. — Mas gosto muito dela.
— Três semanas e já está caidinha. — Nayeon disse rindo, soltando um pequeno ronco junto.
— Não estou muito bem para humor hoje, Nayeon. Desculpe. — Sana disse tristemente, sorrindo fraco antes de caminhar até sua cela.
Naquele dia a luz do sol não faria diferença. Era para ser um dia feliz, ela havia organizado em sua agenda aquela data havia meses. Sua sobrinha completava três anos e ela sequer poderia dar um abraço, quem dirá aquele monte de coisas que havia organizado.
Ela se sentou em sua cama e se pôs a chorar baixinho, se perguntando aonde havia errado em sua vida para estar pagando um preço tão alto. Sua advogada não voltara a dar notícias, muito menos sua irmã.
Como será que Hana estaria? Será que ela perguntara sobre Sana? Sakura teria lembrado de comprar o unicórnio para a menina em seu nome?
Com o coração destroçado Sana apoiou o rosto nos joelhos, abraçando as pernas para chorar em posição fetal. Ela sempre brigava com seus irmão. Como não brigar? Ele era bastante irresponsável. Claro que tinha apenas dezoito anos, porém tinha uma filha para quem devia responsabilidade e muita das vezes não a exercia, deixando o cargo vago para Sana.
A garotinha era mais apegada à sua tia Sana do que ao próprio pai. Apesar de tantas brigas, Sana e Yuki haviam passado horas organizando aquele dia. Algo que jamais se repetiria. Nem Hana completaria três anos outra vez e nem Sana teria seu irmão para organizar algo em conjunto. O nó se apossou de sua garganta e ela desabou em um choro intenso, porém parou quando sentiu uma mão em seu ombro.
— É hoje o aniversário que você citou, não é? — Jihyo perguntou, ignorando toda a frieza do decorrer da semana e Sana assentiu, tendo seus olhos inchados e avermelhados.
A menor suspirou e se sentou ao seu lado, trazendo-a para seus braços em uma abraço apertado. Sana não hesitou, se deixando cair em um choro forte, tendo seu rosto enterrado na curva do pescoço da menor.
— Sh... — Jihyo sussurrou e Sana a abraçou ainda mais forte, deixando suas defesas abaixadas.
— Eu cuidava dela como uma mãe. — Sana disse em meio ao pranto e Jihyo suspirou. — Eu contava histórias e brincava com ela. Eu... sinto tanta falta dela.
— Como ela é? — Jihyo perguntou, querendo entreter a maior. Sana fungou e respirou fundo, pensando no que diria.
— Ela é doce, divertida. — Começou, se lembrando da pequena figura. — Ela tem a cor dos meus cabelos e dos olhos, porém sua pele é um pouco mais clara. — Sana disse, enxugando algumas lágrimas antes de se esquivar do abraço de Jihyo para olhá-la. — Ela é tão esperta para sua idade, você precisa ver, Jihyo... — Jihyo suspirou, vendo um brilho lindo cintilar nos olhos da maior.
— Ela parece adorável. — Jihyo disse e Sana sorriu finalmente.
— Céus, ela é. — Sana disse e Jihyo repuxou o canto dos lábios em um meio sorriso.
— Gostaria de falar com ela? — Jihyo perguntou e Sana assentiu tristemente. — Sabe que esta manhã eu consegui uma coisa... — Jihyo falou, retirando algo de dentro de seu sutiã. — Preciso devolver até as cinco, mas que tal se eu conhecer a voz dela, hm? — Sana abriu a boca em completa surpresa ao ver um telefone celular na mão de Jihyo.
— Você, uh, me emprestaria mesmo? — Sana perguntou e Jihyo riu.
— Está brincando? Você me deixou curiosa sobre essa criança. — Jihyo falou e Sana sorriu. — Só espere um minuto, vou chamar Mina para vigiar enquanto estivermos na ligação.
— Estivermos? — Sana perguntou confusa.
— Você realmente acha que eu não vou dar um oi para ela? — Jihyo perguntou e Sana se jogou em seus braços, a abraçando fortemente.
— Céus, eu te beijaria agora mesmo. — Sana comentou. — Obrigada mesmo, Jihyo. Eu jamais vou me esquecer disso. — A menor apenas assentiu um pouco sem graça por Sana ter citado beijo e logo se levantou.
— Não precisa me agradecer. — Ela disse, desaparecendo dali. Quando voltou viu que Sana tinha lavado o rosto e estava batendo o pé ansiosamente contra o chão.
— E então? — Sana perguntou em expectativa e segundos depois viu Mina parar na frente da cela, de braços cruzados enquanto Jihyo tapava parcialmente a visão lá de fora com lençóis.
— Vem cá. — Jihyo pediu, se sentando na cama de Sana com as costas na cabeceira, de costas para as grades e Sana se aproximou, sentindo Jihyo a puxar para o meio de suas pernas antes de sorrir. — Vire-se para a frente. — Jihyo disse rindo, vendo que Sana estava paralisada fitando seus lábios. — Sua irmã tem alguma rede social ou algo que dê para fazer vídeo-chamada?
— Tem. — Sana respondeu e Jihyo sorriu.
— Então coloque ela na linha. Faremos uma vídeo-chamada. — Jihyo não podia entender o tamanho do sentimento que despertou em Sana ao ajudá-la com aquilo e, mesmo brigadas, era bom demais voltar a estar entre os braços da mais velha.
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Presa por acaso - sahyo
FanficO que você faria se, por um golpe do destino, você fosse presa mesmo sendo inocente? Minatozaki Sana não se assustou tanto quando foi mandada ao julgamento, afinal sua família tinha a conta bancária transbordando dinheiro o suficiente para pagar o m...