Conforme cada página era engolida pelo cérebro de Sana, Jihyo assistia cada reação da menor, que estava deitada em sua cama enquanto Jihyo estava apoiada na grade do lado de fora, vendo o movimento dos corredores e, disfarçadamente, admirando Sana.
Um riso gracioso chamou a atenção de Jihyo, que até tentou ignorar, mas não conseguiu.
— O que está lendo? — Jihyo perguntou e Sana abaixou o livro e ergueu a vista para Jihyo, vendo-a de braços cruzados do lado de fora.
— Uma comédia romântica. — Sana disse e Jihyo assentiu. A menor percebeu que Jihyo iria dizer algo, porém fechou a boca sem proferir palavra alguma. — Já leu esse? — Ela perguntou, erguendo o livro para Jihyo ver a capa alaranjada e amarelada, onde continha duas mulheres.
— Já li todos eles. Esta semana chega mais livros que pedi. — Jihyo falou e Sana assentiu.
— Posso pedir alguns também. Só preciso esperar minha irmā vir me visitar. — Sana disse e Jihyo deu um passo para dentro da cela.
— Ela ainda não veio te ver ou estou enganada?
— Veio no dia que cheguei, mas ela anda ocupada com algumas coisas importantes. — Sana disse, colocando o marcador de páginas no livro antes de fechá-lo.
— Quanto tempo você, uh, pegou? Você disse à médica que não pode ter a pena reduzida. — Jihyo falou, entrando de vez na cela antes de encostar na parede, parando de frente para Sana.
— Vinte e dois anos. — Sana disse, vendo Jihyo arregalar os olhos. — E você?
— Não te in...
— Para com isso. — Sana pediu, vendo os olhos castanhos a encararem após terem fitado o chão. — Está claro que você quer conversar comigo e se aproximar. Eu não sei por qual razão você precisa tentar manter sua pose de durona, mas comigo isso realmente não está funcionando. — Jihyo bufou.
— Não é uma pose. — Jihyo falou e Sana riu baixinho.
— Tudo bem, mas mesmo que você seja assim, comigo não está funcionando. Está ficando vergonhoso você tentar me evitar, mas sempre puxar assunto.
— Eu não sei por que eu ainda ouço o que você diz. — Jihyo reclamou e Sana riu, levantando rapidamente da cama para prender os dois braços ao redor de Jihyo, impedindo que ela voltasse a sair.
— Não precisamos ser amigas, se é isso que teme, porém tampouco precisamos ser duas desconhecidas, Jihyo. — Sana falou e Jihyo olhou para os braços magros ao seu redor.
— Você realmente não tem medo de mim, não é? — Jihyo perguntou com o músculo do maxilar enrijecido e Sana sorriu.
— Às vezes, mas cuidando de mim e se preocupando comigo do jeito que você faz fica difícil manter em mente que preciso ter medo de você. — Jihyo suspirou e a fitou.
— Só senti pena de uma pobre coitada que seria vítima de Beatrice. — Jihyo disse e Sana sorriu. Qual era o problema dela que, não importava o que Jihyo falava, sempre sorria?
— Você se preocupou mais cedo com a minha alimentação, Park. — Você realmente precisa melhorar seus argumentos. — Sana disse e Jihyo a empurrou.
— Eu não preciso melhorar porra nenhuma. — Jihyo disse exasperada e Sana encolheu os ombros.
— Como quiser. — Sana falou, voltando a se deitar em sua cama e retornando para sua leitura. Os olhos castanhos fitaram a decepção estampada no rosto da maior e logo ela bufou.
— Não precisamos ser amigas se conversarmos? — Jihyo perguntou e Sana a fitou.
— Não quero mais conversar com você. — Sana disse, voltando a olhar para o livro.
— Por quê? Você queria até trinta segundos atrás. — Jihyo disse confusa.
— Você precisa aprender que nem tudo é como você quer. — Sana rebateu e Jihyo bufou.
— Eu não sei porque perco o meu tempo com você. — Jihyo disse bufando, saindo da cela novamente e voltando a cruzar os braços.
Sana se escondeu atrás do livro apenas para sorrir. Decifrar Jihyo era fácil demais e, em apenas alguns dias, ela não entendia como todas as detentas temiam aquela garota.
Ela viu como a menor bufava a cada cinco segundos e sabia que estava com seu ego ferido, então fez algo para a outra restabelecer a paz interior.
— Jihyo? — Sana chamou e a garota colocou a cabeça para dentro da cela. — Está entediada?
— Por qual outra razão eu teria puxado assunto com você? — Jihyo disse e Sana sorriu. A resposta grossa já era imaginada.
— Quer ler comigo? — Sana perguntou e Jihyo piscou lentamente, cética. — Já disse, não seremos amigas. Falou, deitando mais para o canto e Jihyo assentiu, se deitando ao seu lado.
— Em qual parte está? — Jihyo perguntou.
— Na parte onde o meninão é descoberto pelas amigas da protagonista. — Sana disse e Jihyo riu.
— Eu adoro esse livro. — Ela disse e Sana se permitiu contemplar sua beleza de perto. Não foi uma olhada de soslaio, foi uma olhada daquelas que deixam bem claro para você que está sendo observada.
— Não vai mesmo me dizer quanto tempo pegou? — A menor perguntou e Jihyo a fitou.
— Sempre insistente assim? — Sana sorriu e aquiesceu.
— Sempre. — Respondeu sorrindo e Jihyo bufou.
— Sete anos, mas já cumpri três e por bom comportamento já reduzi mais dois. — Sana sorriu ainda mais e se virou de lado, ficando de frente para a menor.
— Bom comportamento, hm? — Sana perguntou provocando enquanto o sorriso enfeitava seus lábios. — Não estou surpresa.
— Não está? — Jihyo perguntou surpresa e Sana meneou a cabeça.
— Não. Eu não sei por que as garotas temem você, mas já percebi que você é boa.
— Ninguém nunca ousou cruzar o meu caminho aqui dentro para eu provar o contrário. — Jihyo disse friamente e Sana sorriu com a língua entre os dentes.
— Eu ousei. — Sana disse rindo baixinho. — Te desafio o tempo inteiro, não percebeu? E ainda assim você não fez nada.
— Talvez eu não queira fazer nada. — Jihyo falou e Sana fitou seus lábios. Deveria ser delicioso beijar aquela boca.
— É nisso que eu queria chegar. — Sana disse, fitando-a. — Por que comigo é diferente? — Jihyo se obrigou a fitar apenas seus olhos, porém a forma como os olhos de Sana estavam fixos em seus lábios não estava ajudando muito em sua concentração. A menor suspirou rendida e começou:
— Você me ajudou... — O barulho de um cassetete atingindo as grades atraiu a atenção de ambas.
— Minatozaki, você disse que iria à enfermaria e já está quase na hora das celas se fecharem. Então vá. — Uma policial loira requisitou e Sana assentiu.
— Me conta depois? — Sana sussurrou e Jihyo negou, se levantando.
— Não tenho nada para contar.
— Jihyo! — Sana disse e Jihyo cruzou os braços.
— Estão te esperando. — Ela disse e Sana bufou, mas deixou o livro sobre a cama e saiu.
Jihyo iria lhe contar, droga! Mas apesar de Jihyo ter mudado de ideia em relação a dizer, Sana não desistiria fácil.
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Presa por acaso - sahyo
FanfictionO que você faria se, por um golpe do destino, você fosse presa mesmo sendo inocente? Minatozaki Sana não se assustou tanto quando foi mandada ao julgamento, afinal sua família tinha a conta bancária transbordando dinheiro o suficiente para pagar o m...