— Jihyo? — Sana chamou no meio da madrugada, fazendo a menorabrir os olhos imediatamente.
— O que foi? — Ela perguntou meio sonolenta e Sana se virou na cama, enterrando o rosto em seu pescoço.
— Tive um pesadelo. — Ela disse baixinho e Jihyo nada disse, apenas envolveu um de seus braços em torno de Sana e iniciou uma carícia mansa.
— Quer compartilhar? — A menor indagou e Sana assentiu.
— Eu saía daqui e você ficava... E eu nunca mais te via. Você não queria me deixar te visitar, nessa droga de pesadelo. — Sana disse e o silêncio se propagou pelo ambiente.
— Sh... — Jihyo falou, depositando um beijo nos cabelos castanhos. A maior a abraçou fortemente antes de voltar a falar algo.
— É exatamente o que fará, não é? — Sana perguntou e Jihyo a fitou. Apesar do escuro ela conseguia ver com clareza os olhos claros e tristes.
— Eu sou pobre fora daqui. — Jihyo disse por fim. — E fodida. Eu não tenho ninguém lá fora. Sequer tenho aonde ficar. — Confessou. — Nunca fiz uma faculdade e terei a ficha manchada, o que dificultará minhas chances de arrumar um emprego. — Sua mão foi até o rosto de Sana unicamente para enxugar uma lágrima solitária. — É isso o que quer para a sua vida?
— Eu quero você para a minha vida e não importa o resto, Jihyo. — Sana falou e a menor umedeceu os lábios.
— Você merece coisa melhor, Sana. Alguém que possa...
— Não! — A maior a cortou. — Eu não preciso de alguém rico, eu já sou e sei que o dinheiro não pode comprar amor. — Falou firmemente. — Não preciso de alguém formado em nada, Jihyo. Olha, você pode não ter um lugar na alta sociedade, mas cuidou de mim melhor do que qualquer pessoa antes.
— Quando você sair faltará um ano e meio ainda para eu sair, Sana. — Jihyo disse tristemente. — Você pode encontrar alguém lá fora e...
— Não! — A cortou novamente. — Um ano e meio não é nada perto do resto de nossas vidas. — Jihyo sentiu seus olhos arderem, ninguém nunca havia insistido nela daquela forma.
— Você só me conhece há dois meses, Satang.
— Mas já percebi que o coração da garota que me deu um bilhete anos atrás não mudou e eu gosto disso em você.
— Podemos... Não falar disso agora? — Jihyo pediu e Sana assentiu tristemente.
— Tudo bem. — Sana disse e se inclinou, aplicando um beijo nos lábios da menor antes de se virar, puxando o braço de Jihyo junto com ela, fazendo-a abraçá-la. Fazia semanas que Jihyo não dormia na própria cama, Sana sempre queria ela ali com ela.
— A terceira vez que nossas vidas se cruzaram foi em um hospital. — Jihyo disse do nada, a abraçando mais forte. — E é por essa vez que eu sei que você merece mais do que eu. — Sana se virou para ela rapidamente, analisando minuciosamente suas feições.
— Não pode me dizer só isso. — Alegou e Jihyo riu.
— Eu posso sim, na verdade, mas não farei isso. — Ela disse. — Meu avô tinha uma doença rara no pulmão e por isso vivia internado. — Ela começou, não vendo o porquê de esconder aquilo de Sana. — Ele precisava de duas cirurgias, mas era um valor exorbitante e não tínhamos condições, por isso eu trabalhava de qualquer coisa que aparecesse.
— Eram da Florida? — Sana indagou e Jihyo assentiu.
— Mudamos para cá porque conseguimos uma vaga num hospital melhor para ele. — Jihyo explicou. — Ele estava prestes a morrer e eu sentia meu muito inteiro desmoronando, porém fui contemplada com a notícia de que o número do quarto do meu avô foi sorteado por uma doadora e com esse dinheiro conseguimos pagar uma das cirurgias que passamos anos adiando. Era você, Sannie... — Sana viu o lábio inferior de Jihyo tremer e levou uma mão ao rosto da maior, espantando as lágrimas com o polegar.
— Eu sempre faço doações em hospitais, só não tinha a noção da dimensão da minha ajuda. — Sana confessou e Jihyo sorriu tristemente.
— Você me deu de presente sete meses a mais com meu avô e eu nunca, nunca irei esquecer isso. — Ela disse, abraçando a maior. — Sempre desejei te agradecer, mas nunca tive a oportunidade, então obrigada, Sana.
— Sete meses? — Sana perguntou confusa e Jihyo assentiu.
— Como eu disse, ele precisava de duas cirurgias. Só realizamos uma. — Sana sentiu seu coração se comprimir em seu peito e sua boca secar.
— Como... Por que você não... Deveria ter me contatado. Eu poderia... — Maldito planeta onde sem dinheiro permitiam alguém morrer. Que tipo de crueldade era aquela? — Me desculpa, Jihyo. Me perdoa, eu poderia...
— Não. Não faça isso com você, meu amor. — Jihyo pediu ao ver que Sana havia começado a chorar. — Você não poderia saber de nada. Sem você ele morreria em semanas. Você me deu o melhor presente do mundo, sete meses a mais com ele. — Disse, vendo Sana ainda desolada. — Eu só te conheci ali por Minatozaki Sana, sem rosto, apenas um nome. Quando vi você entrar aqui e ser anunciada como Minatozaki Sana eu não pude crer que as duas pessoas que mais admirei na vida eram a mesma pessoa.
— Jih, você não tentou me contatar por quê?
— Você era rica e importante, nunca deixariam uma pobre falar com você. Te procurei em redes sociais, mas não achei. — Jihyo confessou. — E eu sequer te conhecia para pedir tudo aquilo de dinheiro.
— Eu daria. Céus, eu teria dado sem pensar duas vezes. — Falou com firmeza. — Por favor, me perdoa.
— Eu sei que você teria dado. — Jihyo disse sorrindo fraco. — Você é você, a pessoa dona de um coração gigantesco.
— Eu estou me sentindo impotente e vazia. — Sana falou e Jihyo a beijou docemente nos lábios.
— Você é o anjo da minha vida, não deveria se sentir assim.
— Então por que ainda me sinto? — Sana perguntou sentindo um buraco em seu peito e Jihyo suspirou.
— Porque essa é você. Tende a sentir a necessidade de melhorar o mundo e odeia injustiças. Essa é você, Sannie. — A maior umedeceu os lábios, ainda frustrada.
— Se eu pudesse ter salvado o meu pai eu teria feito, Jihyo. Não posso acreditar que eu poderia ter te ajudado. Eu não...
— Sei como se sente. — Jihyo disse. — Eu também tentei salvar meu avô, mas olha só a diferença de uma rica para uma pobre... Eu precisei acabar presa para isso. — Sana ergueu o rosto e a fitou.
— O que quer dizer, Jihyo? — A menor suspirou. Diria o motivo de ter ido presa para ela sem remorso, diria porque Sana a tinha por completo; diria porque finalmente sentia-se pronta para isso.
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Presa por acaso - sahyo
FanfictionO que você faria se, por um golpe do destino, você fosse presa mesmo sendo inocente? Minatozaki Sana não se assustou tanto quando foi mandada ao julgamento, afinal sua família tinha a conta bancária transbordando dinheiro o suficiente para pagar o m...