Emergir após você ter quase se afogado te faz sentir aliviado, exasperado, inquieto, feliz e ao mesmo tempo desesperado. Sua respiração se descontrola e seu pulso acelera inexplicavelmente. Era exatamente assim que Jihyo se sentia, como se quase houvesse se afogado.
Sana era seu mar.
Os lábios quentes sobre os seus não a deixavam pensar, só sabia de algo: Precisava de mais e foi com tal pensamento que apenas permitiu a passagem da língua da maior, vibrando internamente com o contato.
Não era um beijo qualquer, era Sana ali. Minatozaki Sana. Ela não podia acreditar naquilo, não conseguia cair sua ficha de que beijava a garota que...
Ela vetou seus pensamentos quando a maior chupou seu lábio inferior e enfiou as duas mãos por dentro de sua camisa, arranhando as unhas curtas em sua pele, causando a inflamação de todo seu corpo. Sana voltou a aprofundar o beijo e Jihyo a puxou mais para si, levando uma de suas mãos até os cabelos da nuca da menor e a enfiando ali, os puxando de leve, sentindo a textura sedosa dos fios entre seus dedos enquanto suas línguas se encontravam em um perfeito encaixe.
Sana arfou contra sua boca e apertou sua cintura, tentando juntar ainda mais os corpos, como se os tentasse fundir.
— Detentas! — A voz firme e ríspida de uma das guardas fez elas separarem as bocas, sem se afastarem totalmente. — Aqui não é lugar para isso. — Ambas assentiram, se afastando de vez uma da outra.
— Não deveríamos ter feito isso. — Jihyo, que possuía seu lábio ligeiramente avermelhado, falou e Sana negou com a cabeça.
— Claro que deveríamos. — Disse, sem se importar com o fato de pouco tempo atrás ter pensado que deveria tentar não se apaixonar por Jihyo.
— Você tem problemas de interpretação? — Jihyo perguntou. — Jeongyeon disse para você não encarar e você me encarou; eu disse para não se aproximar e você vive criando conversas íntimas; agora digo que não deveríamos e você diz que sim.
— Não tenho problemas de interpretação. Apenas sei formar opinião própria. — Sana rebateu e Jihyo suspirou, indo em direção à sua cela.
— Pare de me seguir, Sana! — Jihyo pediu.
— Só quando me disser por que não deveríamos. — Sana falou e Jihyo entrou em sua cela, subindo em sua cama e se virando para a parede. Sana suspirou e se encostou na parede de frente para o beliche. — Eu não sabia que te incomodava tanto assim. Desculpe.
— Não faça isso.
— Isso o quê? — Sana perguntou e Jihyo se virou para ela.
— Esse drama todo, me mostrando que estou reagindo exageradamente. — Jihyo explicou e Sana a fitou, sorrindo fraco antes de assentir e se deitar em sua cama. O silêncio perturbador fez Jihyo suspirar. — Sana?
Silêncio.
— Sana?
— O que é? — Sana perguntou e Jihyo se equilibrou em seu peito, olhando para a cama de baixo.
— Está brava comigo? — Jihyo perguntou e Sana negou. — Então por que não me respondeu de primeira?
— Não faz sentido as discussões idiotas que temos. Você é um maldito ponto de interrogação que fica no final de toda frase minha. — Sana disse encarando-a, vendo os olhos castanhos refletirem um lampejo de tristeza.
— Desculpe. — Jihyo murmurou e Sana se surpreendeu. — Só há perguntas que para a minha proteção eu devo manter as respostas para mim. — Jihyo falou. — Eu ainda tenho mais dois anos aqui, preciso manter meu foco.
— Bem, se a minha advogada não for eficiente o suficiente eu ainda tenho vinte e dois, então boa sorte com seus dois anos. — Sana disse e Jihyo mordeu seu lábio inferior, descendo da cama de cima.
— O que fez para pegar tanto? — Jihyo perguntou curiosamente e Sana foi para o canto de sua cama, esticando a mão para Jihyo.
A menor encarou sua mão com hesitação, até finalmente segurá-la, sentindo a maior lhe puxar para seu lado. Jihyo respirou fundo, sentindo o cheiro do condicionador de Sana impregnado no travesseiro.
— Não fiz nada, mas fui acusada do assassinato do meu irmão e de ter tentado assassinar minha mãe. — Sana disse, vendo Jihyo arregalar os olhos completamente surpresa. — Eu não fiz isso, eu juro, mas sei que você não vai acreditar em mim. — Sana disse, brincando com a baínha de sua camisa.
Ela se surpreendeu quando sentiu Jihyo acariciar seu rosto, fitando-a com seu olhar carregado de afeto.
— Você poderá pegar uma boa grana quando processar esses babacas do Estado, uh? — Jihyo perguntou e Sana assentiu ainda cética.
— Você vai acreditar que sou inocente assim... fácil? — Sana perguntou e Jihyo assentiu.
— Já acreditei. — Jihyo disse sorrindo de lado e Sana se virou para ela.
— Eu não vou perder meu tempo processando eles. — Sana disse e Jihyo franziu o cenho.
— Por que não? — Indagou sem jamais deixar de acariciar o rosto da maior, que suspirou ante ao toque gentil.
— Porque eu quero viver minha vida, desfrutar das coisas que eu não dava valor antes, sabe? — Sana perguntou. — Não quero ficar enfurnada em uma sala o dia todo diante de uma pilha de papéis. Quero ir no parque central e me deitar sobre o gramado enquanto admiro os pássaros no céu e sinto o ar fresco acariciar minha pele.
— O futuro amor de sua vida poderia estar junto e ambos poderiam alimentar os patos. — Jihyo disse e Sana sorriu, assentindo.
— Me soaria um bom lugar para eu dizer que a amo. — Sana disse e Jihyo suspirou. — Uma pena nada disso existir. — Falou e Jihyo assentiu.
— Mas você tem chances de ser feliz quando sair daqui, sabe? Viver, receber de bom tudo o que já ofereceu a este mundo. — Jihyo disse e Sana subiu seu olhar, analisando meticulosamente cada palavra que Jihyo havia dito.
— Por que sempre fala como se eu tivesse sido uma heroína lá fora? — Sana perguntou e Jihyo negou, parando sua caricia.
— Nada. — Respondeu baixando seu olhar. — Se sua advogada conseguir sua inocência você sai em quanto tempo?
— Cinco meses e duas semanas. — Sana disse e Jihyo assentiu, fitando os lábios tão atrativos da maior.
— Acho que mudei de ideia sobre nos beijarmos. — Ela sussurrou e Sana a olhou cheia de expectativa. — Mas me prometa que não fará tantas perguntas.
— Não posso prometer isso. — Sana disse, umedecendo seus lábios. — Mas gostei da ideia de voltarmos a nos beijar loucamente. — Sana disse sorrindo maliciosa e Jihyo riu. — Por que mudou de ideia? — Indagou curiosa e a menor suspirou, passando um braço por seu corpo, a abraçando.
— Porque sei que será inocentada e, bem, acho que eu gostaria de aproveitar o pouco que vou ter de você. — Jihyo confessou ruborizando e Sana sentiu um arrepio cortar sua espinha. Quanto mais tempo passava, mais encantadora Jihyo se tornava aos seus olhos.
— Então pode aproveitar bastante. — Sana sussurrou, levando uma mão até a nuca de Jihyo para então arrastar as unhas ali, vendo um novo brilho nascer nos olhos da menor.
Ela gemeu quando sentiu Jihyo beijá-la e então a menor a puxou mais para cima de si. Aparentemente os próximos meses não seriam nada ruins trancafiada ali com a menor.
Entretanto, de alguma forma, incomodava se imaginar saindo daquele presídio e deixar Jihyo para trás. Ela espantou seus pensamentos ao ver o rumo que estavam tomando. Focaria no "agora" e, bem, o "agora" possuía a língua de Jihyo se encontrando com a sua enquanto sua mão direita adentrava a camisa de Sana para acariciar diretamente sua pele.
É, o "agora" era bem atrativo.
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Presa por acaso - sahyo
FanfictionO que você faria se, por um golpe do destino, você fosse presa mesmo sendo inocente? Minatozaki Sana não se assustou tanto quando foi mandada ao julgamento, afinal sua família tinha a conta bancária transbordando dinheiro o suficiente para pagar o m...