Presa por acaso - sahyo

cap. 26

— Estou ansiosa, sabe? Em pouquíssimos meses saio finalmente. — Nayeon comemorou e Sana sorriu, olhando em volta.

Elas estavam na mini-arquibancada onde apenas Jihyo se sentava enquanto a maior havia ido ao banheiro. O dia estava ensolarado e já fazia quase dois meses que a maior estava presa e quanto mais tempo ali, mais curiosa ela ficava sobre Jihyo, mas não a pressionaria.

— Você também deveria estar. Faltam quatro meses. — Nayeon disse sorrindo e Sana forçou um sorriso, assentindo.

— Estou, afinal verei minha sobrinha. — Sana disse, sorrindo, dessa vez, sinceramente.

— Olha só como nos olham. — Nayeon disse olhando em volta. — Como as rainhas do mundo. Céus! Eu nunca havia sentado aqui antes. — Falou animada e Sana riu. — Acho que ninguém daqui, na verdade. A única pessoa que sentava aqui era a ex-amiga de Jihyo. — Sana franziu o cenho.

— Ex-amiga? — Sana perguntou confusa.

— Sim, a ex líder. — Nayeon explicou e Sana a olhou surpresa.

— Jihyo derrotou a própria amiga? —  Sana perguntou e Nayeon deu de ombros.

— Não se surpreenda com algo assim, estamos na cadeia. — Nayeon disse, porém Sana ficou ainda mais intrigada. Jihyo dissera que não queria amigos aqui dentro. Seria culpa?

— Séria assim por quê? — Jihyo perguntou, fazendo Sana negar com a cabeça e sorrir fraco. A menor suspirou e subiu na mini-arquibancada, sentando-se ao seu lado. — Não ficou contente com o que fizemos mais cedo?

— Muito. Obrigada. — Sana disse, deitando a cabeça em seu ombro. — Eu estava com saudades de falar com ela.

— Falaram em um celular? — Nayeon perguntou chocada e Jihyo olhou em volta, verificando seu não havia policiais por perto. — Vocês são doidas. Sana, você está prestes a sair, não deveria arriscar.

— Eu não deixaria ela levar a culpa. — Jihyo disse solenemente. — E é melhor não tocarmos nesse assunto, não quero dar brecha para alguém nos ouvir. — Avisou. — Olha só o que eu trouxe para nós. — Falou, retirando de baixo de sua blusa um cacho de uvas roxas.

— Como conseguiu? — Sana perguntou erguendo a cabeça, vendo Jihyo retirar uma uva do cacho e levar até a boca da maior.

— Sem perguntas. — Ela disse, dando um selinho em Sana assim que ela capturou a fruta entre seus dentes.

— Chata. — Sana disse rindo, mastigando e engolindo a fruta antes de passar dois braços ao redor do pescoço de Jihyo e apoiar seus seios no braço dela. — Mais uma. — Pediu, abrindo a boca e Jihyo riu, levando mais uma fruta até seus lábios.

A maior segurou a fruta entre seus dentes e a direcionou até a boca de Jihyo, fazendo a menor roubá-la e comê-la. Sana sorriu e pincelou seu nariz no de Jihyo antes de apoiar sua testa na dela.

— Me conta? — Sana insistiu e Jihyo sorriu, bufando antes de assentir.

— Eu tenho amizade com a tiazinha da cozinha. — Jihyo disse baixinho e Sana riu de uma forma nasalada antes de fechar os olhos e lhe dar um beijo casto.

— O mais bonito de tudo é que sem vocês nos falarem é possível ver o quão apaixonada vocês estão. — Nayeon disse suspirando e Sana, que acabara de capturar mais uma fruta entre seus lábios, começara a tossir incessantemente.

— Você está bem? — Jihyo perguntou e Sana assentiu, tossindo ainda mais.

— Foi só... —  Ela tomou ar quando a tosse cessou. — A fruta. — Disfarçou.

— Uh, que bom. — Jihyo disse, vendo Nayeon sorrir em sua direção e logo corou. — Eu, uh, vou ali dentro ver se não...

— Certo. — Sana disse constrangida. — Eu vou ficar bem aqui com a Nayeon. —  Jihyo assentiu e se levantou, entregando o cacho de uvas para Nayeon.

— Nos vemos. — Jihyo disse, incerta sobre beijar ou não Sana logo após Nayeon ter tocado em um assunto tão frágil.

— Certo. — Sana respondeu e Jihyo sorriu amarelo, se afastando. A maior soltou o ar de seus pulmões e enterrou o rosto em suas mãos.

— O que foi isso? — Nayeon indagou confusa e Sana negou com a cabeça.

— Não toque em assuntos como amor, paixão ou algo assim entre Jihyo e eu, Nayeon. — Sana pediu.

— Por quê? — Indagou confusa.

— Porque... Não posso dizer a ela como me sinto. Não vê que ela fugiu? Claramente ela não quer que nos envolvamos nisso de sentimento.

—  Besteira! Vocês já estão envolvidas, só não tocam no assunto.

— Você acha que ela... — Sana mordeu o lábio inferior e Nayeon sorriu.

— Óbvio. — A ruiva respondeu apressadamente. —  Deveriam aproveitar que sentem isso e falar uma com a outra. Não precisam se separar ou fazer aquele drama todo de "não deveríamos e blá-blá-blá.".

— Não é tão simples desse lado aqui da história. —  Sana disse.

— É sim. Vocês só precisam falar, porque qualquer um que olha vê que estão irremediavelmente apaixonadas.

— Não precisamos falar então. Se qualquer um vê, então ela já deve ter notado também. Há coisas que não precisam ser ditas.

— Você sequer tinha certeza se era recíproco se eu não tivesse falado. — Nayeon alertou. — Ela deve se sentir igual. — A japonesa olhou em volta e suspirou.

— Aos poucos nós duas vamos conversando. —  Sana disse e Nayeon sorriu.

— Você tinha razão, sabe? — a ruiva falou e Sana franziu o cenho.

— Em quê? —  Indagou confusa.

— Em dizer que ela é boa. — Falou naturalmente. — Ela se esconde por trás da pinta de durona, mas tem um bom coração.

— Sim. — Sana disse, deixando um sorriso enorme rasgar seu rosto. — Ela tem.

— E é todo seu. — Nayeon falou e Sana a fitou.

— Eu acho que eu vou lá falar com ela. — Sana disse e foi Nayeon quem sorriu abertamente dessa vez.

— Sim! — a ruiva disse, batendo palminhas de excitação antes de um ruído escapar de si. — Droga de risada que estraga meus momentos. — Ela falou e Sana gargalhou.

— Eu te adoro, garota! — Sana falou ainda rindo e abraçou sua amiga.

— Agora vá lá e use esse mesmo entusiasmo para falar que está apaixonada.

— Eu não vou falar isso. — Sana disse rindo. — Digo, eu vou tentar, mas se eu ver que ela reage mal eu vou desistir.

— Certo. Boa sorte nisso e bom divertimento no acasalamento pós revelação. —  Ela disse, piscando para a morena, que riu.

— Não iremos transar. — Sana disse, porém no fundo desejava que sim.