Capítulo 7

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RAFAELLA

Estava sem acreditar que Bilu realmente estava ali, estacionada em seu carro, esperando por mim. Na verdade eu vim sim, pensando em sua astúcia pelo caminho, e por isso não fui pega de surpresa. Já percebi que ela faz tudo que fala.

Allan havia me levado para jantar e eu exagerei um pouquinho no vinho. Embora não estivesse totalmente sóbria, meu sorriso estava mais solto que o normal e meus olhos avermelhados, pequenos. Sinais claro de uma leve embriaguez. Meu noivo não gostou quando chegamos em minha casa e eu impedi os seguranças noturno de abrirem o portão. Ele contava de dormir comigo essa noite e a princípio, eu também contava com isso. Porém me lembrei da promessa de Bilu em me esperar, e eu sei que ela não iria pra casa enquanto eu não a atendesse. Inventei uma desculpa qualquer, deixando Allan totalmente contrariado e nos despedimos. Ele foi embora irritado e eu fiquei parada alguns segundos em um terrível conflito interno. Logo vi o farol do carro piscar uma única vez e ficar tudo escuro novamente.

- Vou atender uma amiga. Não se preocupem!- Avisei para os seguranças e eles assentiram, voltando para a guarita.

Segurei a bolsa com força e caminhei alguns metros, estava estranhamente nervosa. Não sabia o que Bilu tanto queria, mas sabia que pretendia se despedir, pois ela havia me dado spoiler da conversa mais cedo. Confesso que fiquei um pouco inexpressiva quando ela disse que iria embora. Não por eu nunca mais vê-la, como ela mesma disse, mas por esse seu jeito atrevido que de alguma forma eu achava graça. Confesso também que durante essa semana eu estive curiosa pra saber o porquê de ela ter se comportado, pois com certeza não foi por conta da nossa última conversa em minha dm. Bilu tem um jeito todo de não fazer o que mandam. Ela tem cara de quem gosta de um desafio.

Abri a porta do carro e ela me encarou com aquele sorriso vitorioso.

- Eu não sei porque ainda te dou confiança.- Falei antes de entrar e ela travou as portas, soltando um sorriso traquinas.

- Porque você, assim como eu, gosta de ser desafiada.-

Bingo. Quem soltou um sorriso agora fui eu.

- Fale! O que quer? Já estou aqui.-

- Você sabe o que eu quero, mas isso eu vou esperar. Até o fim da nossa conversa você vai me dar o que eu quero.-

Dessa vez gargalhei.

- Você se acha demais... Impressionante!- Ela sorriu cafajeste e eu sentei mais confortável. De lado, de frente para ela. - Vai mesmo embora?-

- Vai sentir saudades?-

- Nem um pouco. Vou me sentir aliviada, você é muito insistente.-

- Vai me dizer que não gosta?! É claro que gosta. Veja só, esse pedaço de mal caminho, caidinha por você.- Gargalhei outra vez. - Você tá mais soltinha hoje, estou gostando.-

- O vinho faz isso. Você já disse tudo que queria? Eu preciso entrar.-

- Você não quer entrar agora.-

- Quem disse que não? Pare com essa mania de querer ditar e adivinhar o que eu quero fazer ou não. Tá parecendo o Allan.-

- Primeiro que eu não tenho nada haver com aquele erro de impressão 3D.- Gargalhei novamente. - Depois que, se você quisesse realmente estar lá dentro, não teria dispensado ele pra vir aqui.-

- Dispensei porque estou cansada hoje.- Dei de ombros e ela riu.

- E veio descansar no carro, comigo?-

- Você insiste pra eu vir aqui e agora está dizendo isso?-

- Você que está se fazendo de difícil. Eu nunca tive tanto trabalho com uma garota, como estou tendo com você.-

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