Capítulo 15

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GIZELLY

A quarta-feira amanheceu agitada. Levei Ivy até algumas lojas para trabalhar, e isso levou a manhã inteira. Depois do almoço nos encontramos com a empresária e fomos até a fábrica de cosméticos. Minha prima fechava contrato com a produção para finalmente dar início ao processo de fabricação dos seus produtos. E quando resolveu tudo, passamos na padaria para fazer um lanche e por último seguimos para o estúdio.

Nesses últimos dias Ivy era quem usava o espaço inteiramente para ela. Rafa não havia aparecido e por isso, tudo acontecia mais rápido. As fotos, vídeos e os demais conteúdos, progrediam em apenas algumas horas. Quando Rafa está, não é bem assim. Uma espera pela outra para compartilhar desde o cenário, até a equipe de produção.

Durante esses três dias eu tive uma prévia do que seria se a enfluencer realmente tivesse se casado. A essa hora, ela estaria na lua de mel e com certeza não nos falaríamos, como até o dia de ontem. Ela fez falta com o sumiço, mas eu sabia que estava em algum lugar desse Rio de Janeiro, mas bem longe daquele pangaré.

Passei esses dias todos pensando nela, e só sosseguei quando recebi sua mensagem na noite passada. Aceitei o seu convite para jantar em sua casa e agora estou aqui, de frente para o espelho, me auto-analisando. Escolhi aposentar o conjunto de calça e jaqueta de couro essa noite, e vesti um conjunto de moletom. Não queria passar a impressão de rústica (como Rafa me achava) para a sua família. Calcei um tênis nos pés e pus o revólver no cós, em minha coluna.

- Huumm... Onde vai?- Ivy perguntou curiosa, entrando no quarto.

- Jantar com a Rafa.- A encarei pelo espelho enquanto borrifava o perfume e ela me olhou de volta. - Na casa dela.-

- Você é muito descarada.- Sua resposta descrente me fez rir.

Me afastei dali e segui até a cama, recolhendo minha carteira e as chaves.

- Avise a minha tia, pra não me esperar acordada. Vou voltar tarde. Ou talvez eu nem volte hoje.-

Fiz uma expressão canalha e ela negou com a cabeça.

Saí, deixando-a sozinha no cômodo. Desci até a garagem e dei partida no carro.

A casa da enfluencer se localizava no bairro vizinho. E quando cheguei, minha entrada foi liberada instantaneamente pelos seguranças. Rafa já havia me falado que deixou meu acesso liberado, então segui o caminho até a entrada da sua casa. No entanto, quando vi um homem todo engomado, parado ao lado de um dos carros na garagem, minha cabeça deu um giro.

Desliguei o motor e desci do carro, fechando a porta atrás de mim. Eu não conseguia parar de encarar o homem, que agora me encarava de volta. Ele olhou para os lados e começou a caminhar em minha direção. A tarde já havia escurecido e virado noite. Portanto, o jardim (apesar de ser bastante iluminado), continha luzes fracas nas. gramas. As luzes mais fortes vinham da casa. Quando ele se aproximou por completo, franzi o cenho.

- Você?- Perguntei num tom baixo, totalmente confusa.

- Lembrou, né?! Eu fui até sua casa fazer a encomenda.-

- Claro! Mas o que você faz aqui?-

- Eu trabalho aqui, como motorista.- Minha expressão, de confusa, foi para surpresa em um segundo. - Você demorou mais do que eu esperava pra aparecer e entregar a encomenda, menina. Mas tudo bem! Agora que apareceu, vai ser rápido.-

- Ei...- Rafa chamou a nossa atenção de longe. O homem logo voltou a dizer:

- É ela!- O encarei com os olhos arregalados.

- O quê???- Sobressaltei.

- A encomenda. É ela que você tem que matar.-

No mesmo instante, meu coração errou o compasso e parecia que ia sair pela minha boca. Minha respiração começou a se alterar. E antes que eu pudesse responder, Rafa se aproximou curiosa.

A encomenda Onde histórias criam vida. Descubra agora