A encomenda

Capítulo 17

GIZELLY

Era três da manhã e eu estava na sacada da suíte, tragando um cigarro, enquanto minha mente trabalhava feito uma fábrica de pensamentos.

Rafaella dormia tranquilamente e eu só conseguia sentir inveja dessa paz. No entanto, não queria estar na pele dela. Ela estava jurada de morte, por uma coisa que ela nem fazia ideia. Sofrerá pelas consequências de terceiros. Seu próprio pai.

Quando deitamos na cama e ela fez de tudo para me deixar à vontade, relaxada, não demorou dez minutos e eu pedi para que ela parasse. Eu realmente não tinha cabeça para aquilo naquele momento. Não conseguia sentir nada além de aflição. Nem alegria, nem raiva e nem prazer. Apenas aflição.

Meu telefone celular vibrou em minha mão e eu vi que era o retorno de Bianca. Eu estava esperando mesmo a sua ligação.

Ligação on: Mão Sangrenta

B: Até que enfim!

G: Desculpa, não podia atender quando ligou.

B: Onde você está? O pai está uma fera.

Franzi o cenho.

G: O que eu fiz dessa vez?

B: A pergunta é, o que você não fez?! Ele mandou o Bala no alvo para o Rio, ontem de manhã e ele chegou a noite.

G: O quê???

B: Pelo que eu sei, ele te procurou e não achou. Depois foi fazer o seu serviço e soube que a encomenda tinha viajado. Você está com ela?

G: Sim. E ontem eu passei o dia no avião, por isso estive off. Estou em um hotel na Tailândia, cheguei hoje de manhã.

B: Na Tailândia??? Tá fazendo o que em outro país?

G: Ela já estava com essa viagem marcada e me convidou. Eu aceitei, vai facilitar tudo.

B: Então vai finalmente abater?

G: Sim. Lembra que conversamos na nossa última ligação e eu te contei sobre a confusão que eu fiz?

B: Sim, da garota que você é amante.

G: Não sou amante, ela já largou aquele defunto. Mas é ela sim! Aproveitei a oportunidade e vim. Vou fazer o serviço e volto.

B: Você é louca??? Se investigarem o sumiço dela, vão chegar até você. Seus documentos com certeza estão na ficha desse hotel.

G: Não estão. Eu dei um jeito de fingir ter esquecido de passar meus dados. Os dados que estão aqui é do ex noivo. Em todo caso, para todos aqui, ela está em lua de mel. E aí no Brasil ninguém sabe que ela veio acompanhada. Ela está sozinha aqui.

B: Ainda bem que você pensou antes, para todos os efeitos, a culpa cai sobre o noivo. Mas então faça o que tiver que fazer e volte. Eu já vou para o meu segundo serviço e você ainda está no primeiro. Não brinque com o nosso pai, Bilu.

G: Não estou brincando, eu só confundi as coisas. Mas agora tá tudo certo! Eu saí essa tarde e dei uma olhada por aqui. Tem um bosque aqui perto, vou com ela amanhã no fim do dia. Faço o abate e ninguém vai saber.

B: Tá ceto! Eu vou te avisando as coisas.

G: Ok...

Ligação off.

- Porra!!!- Esbravejei baixinho, fechando a mão em punho. - Aquele moleque não vai cantar de galo pra cima de mim.-

Suspirei exasperado, apagando o cigarro no cinzeiro, e então entrei para o quarto pisando leve. Não queria acordar Rafaella.