Capítulo 37

384 58 30
                                    

GIZELLY

Acordei com o toque do meu telefone celular. Demorei um pouco para me situar, e quando peguei no aparelho, ele parou de fazer barulho. Era Marcela ligando. No entanto, ela começou a bater na porta.

- Já vou!- Falei enquanto levantava da cama e ia até a porta.

Quando abri, ela me encarava com os braços cruzados e a cara fechada.

- Perdeu dois horários do medicamento. Quer retroceder no tratamento?-

- Já estou quase boa.- Resmunguei e lhe dei as costas, indo para o banheiro.

Ela logo veio atrás.

- Você tá esquecendo que a patroa está aqui? Olha a hora que você tá na cama ainda. E nem adianta colocar a desculpa na sua recuperação, pois ela viu ontem como você estava bem o insuficiente para ir até na rua.- Não respondi. Comecei a escovar os dentes. - Gizelly, você já está tendo regalias demais. Não dorme no quarto de empregada, pois você chegou aqui debilitada. Quer perder o emprego? Está em um quarto de hóspedes, mas você não é hóspede. Não quero mesmo que você perca o emprego.-

- Não vou perder, ok? Ontem eu fui dormir cedo pois estava com dor de cabeça, por isso não ouvi você chamar. E agora você me acordou.-

- Tá se sentindo mal? O que foi?-

- Já estou melhor agora, é só preocupação com o meu irmão.- Terminei de lavar a boca e sequei as mãos.

- Eu reparei no seu comportamento lá na sua tia. Vai dar tudo certo, tá?-

- Espero que sim, Marcela.- Passei por ela, voltando para o quarto.

- Madá preparou um leite com café. Vai lá beber, e eu já levo os seus comprimidos.-

Assenti em agradecimento e saí do quarto. Rafaella e Caon estavam na mesa, fazendo desjejum. Madalena, por sua vez, no banco da ilha.

- Bom dia!- Cumprimentei todos e segui para perto da mais velha.

Eles responderam o bom dia em uníssono.

- Filha, seu leite está aqui.-

- Obrigada, Madá!-

Segurei a caneca e virei aos poucos na boca, observando tudo por cima da louça. Rafaella estava de frente para a cozinha, e consequentemente para mim. Comia sua crepioca e bebia algo na xícara. Quando ela levou a mesma na boca, seus olhos encontraram os meus.

Eu a encarava, mas minha mente estava longe. Petrix havia acordado, e eu soube disso em minha visita à minha tia. Sentia a necessidade de visita-lo, mas não sabia se ele me receberia. Apesar dos pesares, ele é meu irmão. Eu não sentia tanto ódio dele quanto ele sentia de mim. E eu só queria saber o motivo, o ponto que ele chegou de mirar a arma para mim e atirar.

Marcela chegou, tirando-me de meus devaneios. Ela me entregava os comprimidos e logo foi em busca de um copo com água.

Logo se aproximou e cochichou:

- Você pulou dois horários consecutivos. Espero que seu organismo seja tão forte, a ponto de não rejeitar esse aqui, e você recomeçar o tratamento.-

- Não vai rejeitar.- Pisquei um dos olhos e ela revirou os dela.

Embora ela pegue bastante no meu pé, eu não acho ruim. É o seu trabalho, e ela é bastante profissional. Pareço mais sua filha, do que qualquer coisa.

Quando terminei, voltei para o quarto em busca de um banho. Vesti uma bermuda jeans e uma camiseta, e quando voltei, vi Caon no sofá da sala. Rafaella já não estava mais por ali.

A encomenda Onde histórias criam vida. Descubra agora