Segredos

95 14 4
                                    

 Quando acordo na manhã de domingo depois da festa na casa de Niall, sinto uma pontada horrível na minha cabeça e gemo de dor. Enrolo para abrir os olhos e me acostumar o clarão do quarto porque dormi com a cortina aberta e ao me acostumar com a luz do dia, consigo enxergar um comprimido e um copo d'água em cima da minha mesinha ao lado da cama. Em baixo do copo há um bilhete que não demorou a ler. De relance, vejo a hora no relógio. Já passa do meio dia,

Parabéns pela sua primeira ressaca. Tome o comprimido e desça para o jardim porque mamãe resolveu fazer hambúrgueres para almoçar antes de eu voltar para Cali. - Chris.

Reviro os olhos com as palavras do meu irmão, mas não demoro em fazer o que ele mandou. Engulo o comprimido e decido tomar um banho rápido porque estou me sentindo sujo, de certo por ter vomitado assim que cheguei em casa. Depois que cantei com Camila no palco do karaokê, não sei muito bem o que aconteceu. Me recordo de ter ido conversar com os garotos populares, uma briga pública de Camila e Austin e no final Ally e Normani me arrastarem para o carro. Não tenho muita certeza de como Camila chegou em casa ontem, mas não foi com a carona de Ally.

Depois do banho, me visto com uma roupa confortável para um dia de domingo e quando piso para fora de casa, demoro a entender a cena que acontece diante dos meus olhos. Minha mãe desenterrou a churrasqueira, armou as mesas de plástico e pegou algumas cadeiras. Clara está com roupa esportiva, virando hambúrgueres na grelha enquanto Camila está ajudando a cortar os pães.

— Querido! — minha mãe se dá conta da minha presença e vira pra mim — porque não disse que sua vizinha era sua colega na escola?

— Mãe... — quero acordar desse pesadelo, mas me dou conta de que não é só Camila que está lá, porque consigo ver que há dois idosos sentados em cadeiras de praia. Meu estômago embrulha ao me dar conta que os avós de Camila se juntaram ao nosso churrasco de domingo.

— Não me ocorreu porque não era importante — sou sincero, mas assim que vejo o olhar magoado estampado no rosto de Camila, uma pontada de remorso atinge meu peito.Não sei o que acontece comigo que eu perco tudo quando ela está por perto. Eu tropeço nos meus próprios pés, falo as coisas fora de ordem, sinto minhas mãos suarem e pior, meu coração acelera sem que eu queira.

— Lawrence, querido — a avó de Camila, Elizabeth, se levanta e olha pra mim sorrindo — você está muito bem.

— Obrigado — engulo em seco, me dando conta de que aquela senhora sabe muito sobre mim, até mesmo meu nome morto. Me sinto ansioso de repente e olhando desesperado para Chris, tento achar algum tipo de apoio, mas ele está ocupado demais colocando a caixinha de som. Taylor está ocupada ouvindo Beyoncé nos fones de ouvido e lendo o novo lançamento de John Green.

Hall of Fame começa a tocar na JBL e eu reviro os olhos com o gosto musical do meu irmão.

— Como está indo o tratamento? — Ela não pode calar a boca? Tentando ignorá-la, vou até o cooler que está ao lado da churrasqueira e pego uma coca-cola bem gelada, de congelar o cérebro. Vejo que Camila está com curiosidade pura estampada no olhar, mas talvez a garota ainda tenha um bom senso porque ela não pergunta nada.

— Está indo bem — minha mãe responde por mim e tenta mudar de assunto, porque ela sabe que Camila não sabe e eu quero manter as coisas assim — e você Elizabeth, como anda o clube de crochê que estava querendo formar?

— Ah, está indo às mil maravilhas! — a senhora se anima — estamos nos encontrando na Igreja Metodista nas tardes de sábado.

— Lawrence... — minha mãe olha pra mim mudando de assunto — porque não vai mostrar seu quarto para Camila?

LawrenceOnde histórias criam vida. Descubra agora