BRIGA!BRIGA!BRIGA

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Camila falta a aula no dia seguinte. Ela apenas envia uma mensagem para Ally, dizendo que não vai hoje e no carro a caminho para a escola, eu, Normani e Ally ficamos em um clima de enterro.

É como se meu sangue estivesse borbulhando de raiva quando encontro Austin, porque a primeira coisa que faço quando chego no corredor barulhento da escola, é prensá-lo contra um dos armários. Eu consigo ouvir os murmúrios, as fofocas, as pessoas mostrando os celulares umas para as outras. Atrás de mim, sinto Ally estremecer e Normani arfar em surpresa.

— Que porra você fez? — grito, nervoso — caralho, eu vou te matar.

Não penso duas vezes antes de acertar o rosto do garoto com um soco. De imediato, sangue escorre de seu nariz e eu abro um sorriso malicioso. É possível escutar os gritos de outras pessoas no corredor e a voz baixinha de Ally falando para eu me acalmar... mas não consigo. Sinto medo de mim mesmo. Medo porque acho que posso matar o garoto à minha frente. Será que vou acabar atrás das grades antes do dezoito? Não quero dar esse desgosto pra minha mãe, mas o rosto de Austin na minha frente me faz perder todos os sentidos.

O canalha não teve dó quando ele divulgou DEZ fotos para a escola toda. Ele é cruel e mesquinho e tudo o que me sobra para sentir é raiva. Raiva por Camila estar deitada na cama agora e chorando, raiva por esse idiota ter fodido com a vida dela por qualquer motivo IMBECIL que ele tenha pensado. Não quero saber o que se passa entre Austin e Camila, mas liberar essas fotos foi um golpe baixo. Se por algum motivo, isso afetar a posição de Camila na equipe das líderes de torcida, não sei o que vai ser de mim.

— Cara... — Antes que Austin possa terminar de falar, eu dou um chute no meio de suas pernas. Mais um sorriso malicioso, ainda maior do que o anterior, corta o meu rosto no meio e agradeço a mim mesmo por toda a academia que fiz durante as férias. Eu não sou um garoto tão forte, não como ele, mas sei que pegá-lo desprevenido ajuda.

É possível ouvir "ahhhhhs e ohhhhs" dos outros alunos à nossa volta, mas não consigo parar. E por algum motivo esse idiota não revida. Talvez porque ele saiba que está errado e apenas sabe que precisa apanhar.

Consigo ver de relance que há celulares filmando nossa briga, mas não me importo. Antes que eu possa acertar ele mais uma vez, Austin de repente muda de posição e acerta um soco em meu rosto. Quer dizer que o idiota quer brigar então? Ótimo, porque eu poderia ficar aqui chutando esse canalha pelo resto da vida.

Antes que eu possa revidar mais uma vez, a voz estridente de Anderson Harris, o psicólogo escolar, invade o corredor:

— Que patifaria é essa na minha escola?! — a voz dele consegue ser pior do que a do diretor (que, inclusive, quase não sai da sua sala). — Mahone, Jauregui, na sala do diretor, agora.

Olho para Ally e Normani que balançam a cabeça e é insuportável olhar para seus rostos e enxergar pena. No meio do caminho recebo uns tapinhas nas costas de outros meninos do time. E no mesmo instante estranho o fato deles não terem pegado o lado de Austin, afinal, esses meninos não eram mais unidos que máfia italiana? Pelo visto, o laço é fraco. Ou pelo menos, até esses idiotas conseguem entender o que Austin fez, passou de todos os limites possíveis.

Eu e Austin nos sentamos na sala de espera da direção enquanto Harris entra para conversar com o diretor Cowell.

— Eu te fiz alguma coisa, cara? — É Austin quem tem a audácia de quebrar o silêncio.

— Você é nojento — eu ainda sinto meu sangue ferver e minhas mãos se contorcerem, como se estivessem formigando. Eu nunca senti tanta raiva na minha vida. — Tem que pedir desculpas pra Camila, não pra mim.

Eu ainda sinto o sangue escorrer no meu nariz pelo soco que levei dele, mas Austin não parece estar muito melhor do que eu.

De repente, as feições de Austin mudam, e ele sorri.

— Ela gostou da surpresa?

Eu só não levanto da cadeira para acertá-lo com mais um soco porque a porta da sala da direção é aberta, mostrando as feições nada calmas do diretor. Ele olha pra gente com pesar e Anderson Harris nos deixa sozinhos.

— Vamos entrando — Cowell disse e não enrolamos em obedecê-lo.

Já dentro da sala, caímos em um silêncio mortal.

— Ok — Cowell senta na sua cadeira confortável enquanto analisa nós dois com o olhar. — Harris me contou tudo, mas quero ouvir a versão de vocês dos fatos. O que aconteceu?

— Austin aconteceu! — grito desesperado. Será que Austin sequer pode ir preso pelo que fez?

— Sem gritos na minha sala, Jauregui — ele olha pra mim com raiva repentina no olhar e eu engulo em seco — eu quero saber com detalhes.

— Esse maníaco me atacou do nada no meio do corredor — Austin resolve se defender e eu sinto minha boca secar — eu não fiz nada.

Não consigo manter minhas pernas calmas, porque uma delas começa a tremer. Fecho os olhos com força por alguns segundos, tentando parar de sentir minha cabeça rodar. Faço uma nota mental para perguntar para minha psicóloga quanta raiva uma pessoa pode sentir sem explodir.

— Esse imbecil vazou fotos nuas da Camila! — falo com toda a raiva que há dentro de mim, e pode acreditar, há muita — ele liberou para a escola toda e agora não pode suportar uns socos...

— Isso é verdade, Austin? — o diretor olha pra ele com desapontamento e vejo as feições do ex-quarterback caírem — o que você fez com Camila Cabello?

— Nada que ela não tenha merecido... — ele sorri sacana e eu de imediato me levanto da cadeira. O Diretor Cowell levanta a mão na minha direção e eu congelo no lugar.

— Senhor Jauregui, vou pedir que se acalme fora da minha sala. Preciso falar com Austin sozinho. Depois chamo você aqui. Vá lavar seu rosto enquanto isso, ok?

Antes que eu seja preso por homicídio, saio da sala do diretor. Minhas pernas ainda balançando, tremendo, uma dor de cabeça começando na minha testa. Sinto lágrimas quentes querendo escorrer pela minha bochecha de tão frustrado que me sinto. Quero saber de um jeito que eu possa deletar as fotos dos celulares de todo mundo, mas não tem como. A essa altura, a escola inteira já viu as fotos de Camila.

Pego o celular para digitar uma mensagem pra ela, mesmo sabendo que não vai melhorar as coisas e que é inútil. Mas, para a minha surpresa, já há uma mensagem me esperando quando abro o aplicativo de mensagens.

Você não precisa lutar minhas brigas por mim, Law

Antes que eu possa respondê-la, dizer que eu vou sim brigar por ela SIM, ela envia mais uma:

mas obrigada <3

E um emoji de coração pra completar. Assim, tudo o que me resta fazer é apoiar minha cabeça contra a parede e respirar fundo.

Estou perdido.

LawrenceOnde histórias criam vida. Descubra agora