Milkshakes

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As melhores coisas da vida são estranhas. É com esse pensamento que estou tomando meu milkshake sabor Céu Azul para o almoço. Em certa instância, ela está coberta de razão. Entrar no time de futebol foi a coisa mais esquisita e mais maravilhosa que já me ocorreu em toda minha vida. Só agora, relaxado e fora do campo, consigo ver os benefícios. Os treinos são ainda melhor do que ficar numa academia chata e eu me sinto mais bonito conforme o tempo passa. Não sei se é a autoestima melhorando no final das contas, mas acho que um pouco tem haver com Camila e Audrey, minha psicóloga.

Eu sei muito bem que estou escondendo segredos importantes de Camila e que uma hora vou precisar falar quem eu sou e contar toda a verdade, mas se eu posso fazer isso mais cedo ou mais tarde, vou deixar para mais tarde. Não quero lidar com esse drama agora, não quando temos o jogo em Atlanta.

Céu Azul não é um sabor — Dinah reclama olhando meu milkshake que ainda tem um canudinho rosa — o sabor é tutti-frutti.

Reviro os olhos, tomando um gole e olhando para o de Camila que consiste em morango e chocolate ao mesmo tempo.

Tutti-frutti não é um sabor — Camila dá de ombros — chocolate e morango... isso sim, é divino.

— Vocês são tão chatas — falo ressentido, mais ainda com carinho — não sabem reconhecer um belo sabor de Milk Shake.

Olho mais adiante a mesa e vejo Troy e Ally, ambos sentado lado a lado e sem jeito. Os dois pediram o mesmo sabor sem graça: Pistache. Olho para o líquido verde do copo dos dois e faço uma careta.

— O que vamos fazer hoje? — Normani pergunta tomando um gole do seu.

— Não sei, Phineas — respondo lembrando do bordão daquela série da Disney, "O que vamos fazer hoje Ferb?" Rio um pouco e dou de ombros, relaxado. Dinah abre um sorriso maníaco do outro lado da mesa e eu fecho os olhos, com força. Essas garotas não batem bem da cabeça e me pergunto se devo fazer alguns amigos do sexo masculino.

— Devemos ir à praia! — Dinah sorri — é domingo, está sol, estamos e Miami Beach é logo ali....

Engulo em seco, não, pelo amor de Deus... Não!

Faço uma careta no mesmo instante. Mas não tenho coragem de quebrar a expectativa de todos eles, por isso engulo meu desconforto e quando vejo, estamos todos os seis estendendo toalhas na areia para termos um espaço mais confortável. Passamos em nossas casas antes, apenas para trocarmos de roupas e pegarmos protetor solar porque está quente. Escolho pegar uma bermuda e um chinelo, mas ainda mantenho a minha camiseta.

Aproveito que todos estão se divertindo e pego o livro que o professor de inglês mandou ler, "E o vento levou...", deito na toalha e começo a ler, sem ter cinco minutos de paz antes de sentir areia em minha bermuda e olhar para Camila.

— Hey, o que tá fazendo? — pergunto chateado.

— Chamando sua atenção, bobo — Camila sorri — vamos entrar no mar, Law.

— Não — não dou chances para ela falar de novo — eu tô bem aqui.

— Larga mão de ser chato! — Camila me pega pelo braço e me força a levantar, eu tropeço nos meus próprios pés e olho de cara feia pra ela. Não quero explicar porque estou com tanto mau-humor, mas a garota parece não perceber.

— Tudo bem — respondo irritado — mas água até os joelhos.

O sorriso imenso de Camila quase me quebra no meio. Eu nem tenho tempo para admirá-la em seu biquíni amarelo por estar angustiado. Assim que coloco os pés na água fria me arrependo de imediato.

LawrenceOnde histórias criam vida. Descubra agora