Pam Lewis

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Sabe quando você gosta de uma pessoa no mesmo segundo que olha pra ela? Não falando de maneira romântica, e diferente do que aconteceu com Camila (porque Deus que me livre de me apaixonar pela namorada da minha mãe!), mas quando alguém é tão querido que é impossível você manter a cara feia por muito tempo? Pamela Lewis é assim. Ela é uma mulher baixinha, ainda menor do que minha mãe e pasmem!!!!! Tem o cabelo AZUL, o que me encanta.

— Uau! — falo admirando seu cabelo, de repente a cor me pareceu bonita e me pego pensando como seria se eu me transformasse em um smurf — eu amei essa cor!

Ficou lindo no tom de pele morena dela e sua gargalhada, muito parecida com a de Taylor, invade a sala.

— Muito obrigada, querido — Pamela pisca pra mim — você ficaria bonito com o cabelo pintado também.

Minhas bochechas coram e Taylor revira os olhos. Minha mãe coloca as mãos no bolso, desconfortável e dou de ombros. O jantar transcorre sem problemas. Minha mãe resolve pedir pizza porque é a minha comida favorita e eu sei que ela quer que eu fique feliz por ela hoje, e não minto: eu estou mesmo feliz por ela. Acho que toda a questão com o drama sobre meu pai já passou, ou pelo menos, eu fingi que já passou. Ver minha mãe feliz faz doer menos e eu acho que não vou demorar a me acostumar com isso.

Minha mãe tinha conversado comigo antes de Pamela chegar que ela já tinha contado tudo sobre o meu respeito, porque queria ver a questão do caráter dela. Acontece que Pamela é a pessoa mais doce da face da terra, então ser transfóbica apenas não combina com ela.

— Então Lawrence, alguma namoradinha ou namoradinho? — Pamela me pergunta entre uma mordida de pizza e outra e eu engasgo com o suco. Ainda não tinha conversado com minha mãe a respeito de Camila porque até então não tenho a mínima ideia do que somos. É uma bagunça e eu só quero falar as coisas quando tiver certeza delas. Mas, pelas minhas bochechas coradas e ataque de tosse, posso dizer que se minha mãe já não desconfiava de alguma coisa, agora ela desconfia.

— Essa pergunta tinha que ser para Taylor — falo brincando enquanto minha irmã me olha furiosa do outro lado da mesa.

Minha mãe revira os olhos.

— Sem perguntas de namoradinhos — ela segura a mão de Pam por cima da mesa — tenho dois adolescentes muito chatos, querida.

A forma carinhosa como ela trata Pam me faz sorrir. É especial, eu sei. Não parece nenhum pouco da forma como ela e meu pai se tratavam: sempre gritando, discutindo por coisas bobas até que o silêncio reina quando ele resolve ir embora.

— E como está Chris? — ela pergunta — uma pena não poder conhecê-lo...

— Ele está ótimo — minha mãe sorri — inclusive, fiz uma chamada de vídeo com ele hoje.

— Sério? — pergunto animado — e ele vai vir? Para o aniversário dele, quero dizer?

É um tópico sensível. Chris faz vinte e um anos em breve, idade legal para fazer coisas de adultos como entrar em bares e baladas (Não é como se ele nunca tivesse entrado em uma antes porque eu sei que ele e Camila andariam de mãos dadas com as ID 's falsas deles se pudessem).

— Ele vem, para o Thanksgiving — minha mãe sorri pra mim. — Não é no mesmo dia do aniversário dele, mas é melhor do que nada. E já falei pra ele escolher um museu para irmos...

Sorrio pra ela, quase ficando emocionado.

Desde pequenos, minha mãe pedia pra gente escolher um museu em Miami para visitarmos em cada um de nossos aniversários porque ela não podia pagar um presente decente. Ainda mais depois que meu pai partiu e as contas acumularam e pelo visto, mesmo com Chris completando vinte e um anos, ela não quer largar a tradição, o que eu admiro.

LawrenceOnde histórias criam vida. Descubra agora