Vinho sabor morango

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Estou sentado no telhado e é a primeira vez que saio do meu quarto depois de uma semana. Eu tenho uma garrafa de vinho em minhas mãos e estou esperando e implorando aos Céus que Camila não recuse meu convite. Mas ela deveria, deveria só por eu ter sido um babaca e ignorando-a pela última semana inteira.

— Oi — ela diz tímida assim que pula para o telhado. Seus olhos estão vermelhos por ter chorado e seu sorriso é triste e magoado — você está pronto para conversar?

Fecho os olhos com força, querendo ter uma resposta para essa pergunta.

— Não sei — respondo com sinceridade — podemos tomar um pouco de vinho antes e daí vemos como vai ser? — Levanto a garrafa de vinho de morango e Camila abre o primeiro sorriso que vi em muito tempo.

— Como você conseguiu isso? — ela pega a garrafa da minha mão que já está aberta e toma um gole, se sentando na minha frente.

— Niall trouxe pra mim quando estávamos na cabana — falo a verdade — não tive oportunidade de te dar isso até agora.

— Hmm — ela saboreia um gole e passa a garrafa pra mim. Fecho os olhos e tomo quase um quarto da garrafa de uma vez — Hey, vai devagar.

Depois de um momento constrangedor em silêncio, Camila é a primeira a quebrá-lo:

— Você vai terminar comigo? — ela pergunta — eu sei que não estamos namorando, mas...

— O quê?! — falo assustado — de onde você achou que eu terminaria com você?

— Talvez pelas últimas vinte mensagens não respondidas? — Culpa é tudo o que sinto em seguida e ela deve ter percebido pela minha cara porque ela toca na minha mão com carinho. Sinto tanta falta do seu toque que seguro-a com firmeza e coloco seus dedos entre os meus.

— Eu sei que não melhora o meu caso — falo desviando o olhar — mas eu meio que não respondi ninguém até ontem a noite quando Dinah invadiu meu quarto.

— Ela fez, não fez? — Camila ri um pouco — ela me disse que ia te acordar com água gelada.

— Pois bem — faço uma careta — ela me deu um susto do inferno quando eu liguei o meu abajur e vi a cara dela do outro lado do quarto.

Camila bebe mais um gole do vinho.

— Ela me disse que vocês conversaram sobre o que aconteceu — Camila conta — mas não me disse o que foi e que você ficou melhor depois de assistir meia hora de Rei Leão.

— Eu mal pude suportar o filme inteiro — comento com ela — eu acho dormi o suficiente para ficar acordado pelo resto da minha vida.

— Hmmm — ela morde os lábios e fecha os olhos — nós vamos ficar correndo em círculos aqui ou vamos direto ao ponto?

Tento controlar meus batimentos cardíacos para não ter um AVC antes dos vinte anos de idade. Tenho certeza que minha mãe ficaria devastada se esse fosse o caso.

— Eu... eu não sei como falar o que preciso falar. — admito pra ela — estou perdido tão perdido quanto você, Camz.

O apelido dela sai como se eu tivesse acabado de tomar água depois de muito tempo sem.

— Tudo bem — Camila respira fundo e se aproxima de mim, sentada na minha frente e cada vez mais próxima do meu rosto — ajuda se eu tentar adivinhar e você responder com respostas idiotas de sim ou não?

— Sim — começo e ela sorri me dando um leve beijo nos lábios que me faz relaxar quase como se ela tivesse apertado um botão.

— Ótimo — ela toma mais um gole do vinho de morango — eu vou precisar de bebida pra isso.

LawrenceOnde histórias criam vida. Descubra agora