Lawrence

Dinah Jane

Não demoro a descobrir que Dinah Jane é a pessoa mais maluca que já pisou nesse planeta Terra. Quando ela puxa meu braço no meio do corredor para invadirmos uma sala de aula vazia, ela tem um sorriso ameaçador no rosto. Para combinar com a temporada de Halloween que acaba de começar, ela parece uma bruxa ameaçadora e que come criancinhas.

— O que está fazendo? — pergunto, confuso.

— Eu vim pegar meu prêmio — congelo, pensando que o resultado da rifa saiu. A garota surtou e vai pular em cima de mim... Engulo em seco, apavorado, pensando que os meninos podiam ao menos ter me consultado antes de divulgar o resultado.

— Dinah... — dou dois passinhos pra trás batendo em uma mesa — podemos marcar o encontro por mensagem e...

Ela revira os olhos.

— Eu não quero esse encontro estúpido. Eu disse que estou apaixonada por Siope, não disse?

Bem, falando assim, agora me lembro dela ter mencionado o jogador de futebol uma ou duas vezes. Portanto, ergo a sobrancelha, sem entender nada. Eu preciso que ela desenhe pra mim.

— Então...?

— Camila anda com uns papos estranhos pra cima de mim — Dinah dá de ombros — Lawrence isso.... Lawrence aquilo. Ela jura de pé junto que não está apaixonada por você, mas eu? Eu, menino Lawrence... sou a melhor amiga dela e quero fazê-la admitir. Por isso, nós vamos causar ciúmes nela.

Não sei a parte mais maluca dessa história toda: Camila apaixonada por mim ou Dinah querendo fazer ciúmes na melhor amiga. Para falar a verdade, desde que comecei a frequentar Coral Bay minha vida está se tomando uma série de acontecimentos absurdos.

— Dinah... Camila não está apaixonada por mim — tento fazê-la ver a luz — não seja rídicula.

Não é como se eu estivesse empolgado para passar algum tempo com a garota loira à minha frente. Ela brigou com Ally e quando Louis foi detido (mas não expulso do time de futebol, graças a Deus) e obrigado a fazer serviço comunitário após o período escolar na terça e quarta-feira, Dinah se mostrou uma pessoa rancorosa. Ela levou Normani para se sentar com ela e as líderes de torcida, restando apenas eu e Ally, que nos sentamos ao lado das latas de lixo no refeitório. Eu me recuso a trocar Ally pelos garotos do time de futebol e espero não me arrepender dessa decisão.

— Está sim — Dinah sorri — e vou provar isso.

Logo uma ideia surge na minha cabeça.

— Com uma condição — se vou entrar nesse absurdo, pelo menos tento fazer algum bem para Ally.

— Qual? — Dinah ergue a sobrancelha — não sabia que você é um homem de negócios, Lawrence.

— E eu não sou — resmungo porque isso está começando a me irritar — mas eu quero que se desculpe com Allyson.

— Desculpar?! — Dinah quase grita pra mim — ela que fodeu com Louis!

— Sim... Ela podia não ter dedurado — alivio um pouco a tensão — mas ela não consegue mentir, vai contra a natureza dela.

— Não era para mentir, Lawrence! Era só fazer a porra de uma omisão!

— Dá no mesmo pra ela — não sei porque estou tão protetor com a garota baixinha, mas sinto necessidade de defender sua honra — se desculpe com ela ou eu me recuso a entrar nessa barca! Você foi mais dura do que o necessário e ela está mesmo pensando que Normani nunca mais vai olhar na cara dela porque você aliciou Mani a passar o intervalo com as líderes de torcida!

— Aliciei? — Dinah levanta a voz — arghh você é frustrante! Tá bom, Lawrence! Eu me desculpo, mas você vai seguir o que eu vou fazer, ok?

— Ok — murmuro, sentindo como se eu estivesse prestes a tomar um tiro sem ter ideia de como isso poderia atingir Camila. Dinah estende a mão pra mim e olho pra ela, sem saber o que fazer.

— Vou pedir pra você segurar a minha mão no corredor porque acho que implorar pra você colocar os braços na minha cintura vai ser demais...

— Dinah... — quero morrer, em que merda me meti? — Dinah, o corredor está lotado.

Mas isso é o que ela quer porque quando puxa a minha mão para fora da sala, tento não fazer uma careta no instante em que fomos para fora. Como se fossemos dois alienígenas, o olhar de todos caem sobre nós e continuamos a andar em direção ao meu armário, porque ainda estamos na escola e porque ainda preciso pegar o meu material de robótica. Os pequenos metros que andamos até o meu armário são o suficiente para ouvirmos vários comentários: "perdeu, Camila!" que me fez sentir muito mal, e o próximo "aí sim hein Lawrence". Tento ignorar todos eles, a maioria vindo dos jogadores do time de futebol. Quando chegamos ao armário, Ally e Normani já estão lá. E pelo visto, as duas acabaram de se desculpar.

— Allyson — Dinah arranha a garganta e Ally olha assustada pra ela, de certo temendo mais um xingamento — me desculpe.

Ally olha desconfiada.

— Virou o dia de "desculpas Allyson"?

Acho que subestimamos a capacidade de Ally de ser cínica, porque ela tem um sorrisinho no canto da boca demonstrando todo o seu ressentimento.

— Sério — Dinah tenta mais uma vez — eu sei que ultrapassei os limites. Lawrence me fez enxergar que estava sendo muito dura com você.

Rainha do deboche. É o que quero falar, mas resolvo que quanto mais eu ficar quieto, melhor pra mim. Ainda estou de mãos dadas com Dinah e minhas mãos suam, mas não de um jeito bom, como eu estou com Camila. Hoje Dinah me fez questionar se Camila não está apaixonada por mim, mas o verdadeiro questionamento surge em minha cabeça fazendo morada lá: e se fosse eu quem estivesse apaixonado por ela?

Engulo em seco, com medo de onde meus pensamentos estão me levando.

— Tudo bem — Ally respira fundo — eu desculpo.

— Ótimo! — puxando Allyson para um abraço sem soltar minha mão no meio do processo, o que acaba sendo meio esquisito. Normani olha pra gente com um leve desgosto estampado no rosto.

— Vocês dois estão juntos agora? — ela pergunta e por um momento olha por cima do meu ombro.

— O que foi? — pergunto sem responder a primeira pergunta dela.

— Nada — ela responde — achei que tivesse visto Camila, ela parecia querer falar com a gente, mas foi embora.

Dinah abre um sorriso, feliz. Já eu, ergo a sobrancelha, nervoso.

Não tenho para onde fugir agora. Estou com o destino cruzado a de uma líder de torcida, e pra mim, não é nem a líder de torcida certa. Vou para a aula de robótica em seguida, assim que o sinal toca, pensando em Camila. No final das contas, acho que vou ter que mesmo agradecer a Dinah Jane.