—Onde estava Zanaina? Não posso sair por quinze minutos que você some.— Clyde começa a me dar um sermão, com um monte de coisas em uma cesta de palha.
—Que linda camponesa.— Debocho da sua cara e ela começa a andar na minha frente pisando duro. —Eu estava fazendo um trabalho, salvando uma pessoa.
—Uma pessoa completamente desconhecida que pode te condenar a fogueira, não confie em ninguém além de mim aqui, entendeu?— Ele continua andando emburrado na minha frente, olho para as calças apertadas de alguns homens que passaram por mim e me esforço para não soltar uma risada.
—Por que todo mundo está tão tranquilo com a peste negra?— Pergunto olhando a civilização, tranquila e calma.
—Porque não estamos no auge dela, é tipo o COVID-19, ainda existe mas não tão complexa quando foi descoberta.— Clyde responde e se vira para mim. —Sabe o padre Antônio Batista?
Como poderia me esquecer deste homem maligno, há exatamente algumas horas atrás eu estava em dois mil e quarenta lutando com a filha dele, que eu a vi ser queimada viva por July. Mas espera um pouco aí...
—Ah não, não me diga que estamos...— Paro a minha fala para observar o sorriso sacana de Clyde. —Eu irei te sufocar a noite com o travesseiro.
—Você irá a paróquia dele amanhã, temos bons planos futuros para investigar os Sanguinarius. Quer dizer... Eu tenho, você só faz o seu trabalho.— Ele volta a andar e eu fico perplexa.
—Olha aqui seu filhote de soberba, eu não quero lutar com o padre Antônio Batista, você ficou maluco?!— Ele continua me ignorando, entrando no mesmo lugar que saímos, a floresta.
—Você quer ser livre ou não quer? Se acabarmos de vez com a origem dos vampiros, não vamos mais precisar viajar no tempo, perder vínculos de amizades e viver de uma forma mais humana. Você quer isso, não quer?— Clyde pergunta me olhando, e eu não respondo. —Foi o que eu pensei, vamos sair daqui antes que eu morra nesse calor insalubre. Era bom quando eu era um gato, vivia só com pelos...
Ele volta a resmungar a sua vida de felino na frente, quando vejo uma movimentação esquisita em um dos matos altos, parecia uma pessoa extremamente alta, comendo rapidamente uma reserva de comidas podres, como se estivesse com muita fome. Ele se assusta com a minha aproximação, se virando de uma vez só com um arco e flecha apontada estrategicamente para o meu peito.
—Calma.— Estendo os meus braços em sinal de redenção, mas ele continua apontando a flecha para mim, na defensiva.
Sua aparência era traços puramente indígena, tinha enormes cabelos negros e lisos, pele vermelha e olhos puxados e negros que remetia a algo, mas não conseguia me lembrar o que. Suas vestimentas eram pobres, só usava uma calça de couro suja, seu peito estava completamente nu exibindo pinturas tribais, e também estava descalço. O arco e flecha dele era feito de madeira, penas decoravam a ponta de cada uma, com certeza isso foi feito a mão.
—Eu não quero machucar você, nem tenho altura para lutar com um homem desse porte...— Resmungo baixo, sua cara assustada afirmava que ele ainda não confiava em mim. —Olha, se te conforta, eu sou tão minoria quanto você.
O homem se levanta mostrando ainda mais o seu tamanho ridiculamente grande, ele era o dobro de mim, morreria apenas com um soco.
—Não entendo português.— Sua voz grave e séria me dava medo, ele finalmente abaixa o seu arco.
—Então como você está falando português? Seu mentiroso.
—Falo. Diferente de entender.— Ele fala pausadamente, conseguia achar uma leve dificuldade na gramática, mas não poderia julga-lo. —O que fazer aqui?
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O Preço do Sacrifício [CONCLUÍDO]
FantasíaLIVRO 4 DA SAGA "OS GUARDIÕES" [CONTÉM GATILHOS +16] Zanaina Viturino é especial, sua família vem de uma linhagem de viajantes do tempo, no intuito de apenas uma coisa: derrotar os Sanguinarius, uma seita perigosa de vampiros que vivem da imortalida...