Andando um pouco mais afundo na floresta, canalizei a sua energia e estava mais forte do que antes, estranhei imediatamente pois encontrei fúria pastando por ali, mas sem nenhum sinal de Thauan. Começo a me desesperar e chamar seu nome, mesmo que baixinho, eu tinha medo de algum português pegá-lo novamente e eu ficaria pior do que já estou, não posso perdê-lo também.
Ouço uma movimentação esquisita, como se estivesse um animal de quatro patas atrás de mim, me viro lentamente e meu coração quase saiu pela boca. Na minha frente estava um grande urso pardo, de fato não tinha o tamanho normal de um urso comum e sua postura era extremamente ameaçadora mesmo que neste momento ele não esteja com nenhum sinal de ataque. O urso fica em pé deixando o seu tamanho ainda mais revelador, mas não conseguia sentir medo, o sentimento de paixão gritava cada vez no meu peito.
Ele estava exatamente igual ao meu sonho, e em pensar que era ele todo esse tempo em meu subconsciente. Me aproximo cautelosamente, até porque eu não sabia se era o Thauan de verdade, se não for eu provavelmente serei morta agora pela minha imaginação fértil, mas como o urso não avançou e nem sequer rosnou, eu continuei me aproximando até tocar seus pelos macios.
Sorri quando eu encontrei seus olhos, que agora eram inconfundíveis, o "urso" colocou o focinho na minha mão em busca de mais carinho, não sei o que eu estava sentindo naquele momento, era uma ancestralidade que eu nunca havia sentido antes, sei que isso era muito mais da cultura indígena de Thauan do que algo especificamente mágica. Escuto mais um barulho na floresta e me assusto, o urso também escutou e andou apressadamente em quatro patas para algum lugar.
Penso em virar as costas e sair correndo, se for algum europeu eu estaria em perigo agora, mas quando dei a volta para partir dali, uma mão forte segurou meu braço me impedindo de dar mais alguns passos, não precisava virar para saber quem era.
—É um cervo, não tem medo.— Thauan afrouxa a mão do meu braço e desliza delicadamente até a minha mão, me puxando para mais perto.
—Que susto, eu achei que fosse alguém.— Comento com um sorriso tímido, mas era incrível o quanto ele me deixava confortável. —Como você... Quer dizer, quanto tempo você faz esse tipo de coisa?
Thauan junta as sobrancelhas em dúvida da minha pergunta, mas relaxa a expressão quando entende o que eu queria dizer, ele suspira e umedece os lábios antes de falar.
—Sempre, eu acho.— Ele começa a explicar, me puxando para andar com ele. —Quando recebi meu totem, Cauã me deu e eu já me transformei. Protejo a floresta, de europeus e caçadores, caiporas me ajuda, é minha protetora.— Ele diz pausadamente buscando as palavras mais simples para eu conseguir entender, mas estava melhorando cada vez mais.
—Hm, entendo. Então você realmente vira um urso de vez em quando?— Pergunto interessada e ele balança a cabeça devagar, escuto barulhos de água corrente entre as árvores. —Me trouxe para a cachoeira novamente?
—Sim. Não gostou?— Ele para brutalmente e eu bato em suas costas sem querer, resmungo em protesto e ele solta uma risada baixa.
—Você e a sua mania de parar do nada, mas eu não estou reclamando, gosto muito dessa cachoeira.— Me aproximo das águas cristalinas e toco suavemente, a água fria arrepiou meus pelos rapidamente. —Eu queria realmente saber o que você sonhava em detalhes, você pode me dizer?
—Hm.— Ele resmunga e se senta do meu lado, olhando para o céu dando sinais de escurecer. —Era apenas você, me olhando e sorrindo, e quando eu chegava perto você sumia. Era frustante, achei que fosse miragem, não poderia existir alguém tão, bonita, como você.— Ele me olha intensamente e eu fico envergonhada, acabo desviando o olhar.
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O Preço do Sacrifício [CONCLUÍDO]
FantasiaLIVRO 4 DA SAGA "OS GUARDIÕES" [CONTÉM GATILHOS +16] Zanaina Viturino é especial, sua família vem de uma linhagem de viajantes do tempo, no intuito de apenas uma coisa: derrotar os Sanguinarius, uma seita perigosa de vampiros que vivem da imortalida...