Capítulo 9: Acho Que Ele Me Ama

22 7 41
                                    

Vejo o grande urso me encarando novamente, no mesmo lugar e na mesma posição que eu sempre via. Ele era realmente enorme, passava uma postura confiante, e seus olhos negros escondia segredos, que com certeza me contaria se falasse.

Pela primeira vez em um sonho, eu me aproximei do urso, mas ele não reagiu negativamente, ficou parado e me encarando enquanto eu passeava meus dedos no pelo marrom e macio. Aquele urso me conhecia o suficiente para me deixar chegar tão perto, visto que ele era apenas um animal selvagem, mas não era só isso, tinha algo além.

Seus olhos foram as únicas coisas que eu vi, antes de tudo embaçar novamente.

Eu morri dessa vez? Achei que poderia existir céu e inferno, se eu não estou queimando e nem vendo anjos, onde eu estava?

O fim tinha cheiro de ervas e murmúrios desconexos? Achei que seria um lugar de descanso e paz, mas as vozes estavam realmente me tirando do sono.

—Meu Deus nem no além eu tenho paz.— Resmungo, e eu realmente fico surpresa por estar falando, achei que espíritos não falavam.

—Você não está no além sua idiota.— Outro murmúrio, mas dessa vez eu escutava com perfeição, e era de Clyde.

Então eu não morri mesmo?

Tento abrir meus olhos, mas a claridade me impedia, meus olhos estavam tão pesados que qualquer esforço que eu fizesse, doía todo o meu corpo. Fui me lembrando um pouco dos meus últimos minutos de consciência, e comecei a compreender a dor que eu sentia em pontos específicos na cintura e braço.

Quando consigo me acostumar com o fato de que eu realmente estava viva e deitada, eu abro os olhos mesmo doloridos, e a primeira coisa que eu vejo é um peitoral definido e um rosto estupidamente próximo demais do meu, me fitando sem piscar.

—Você realmente quer me matar de vez.— Falo baixo, recuperando meu tom de voz que havia sumido com o susto e afasto um pouco meu rosto do seu.

Não que eu esteja reclamando, não é comum um homem bonito e seminu ser a primeira imagem que você vê quando acorda de um acidente, queria que fosse assim todas as vezes que eu caí de moto no meio do asfalto da avenida de Imperial e tinha que esperar cinco anos a ambulância chegar.

—É porque você não viu quando chegamos aqui e você não acordava por nada.— Amare estava do outro lado da cama, me observando afastado, mas parecia muito mais relaxado que antes. —Chegou a me ameaçar quando eu disse que não te ajudaria em nada, deixando claro, estava lá porque fui obrigado.— Olho para Thauan na minha visão periférica, porque se eu virasse por completo, tocaria meu nariz no dele.

—Acho que ele me ama.— Brinco segurando a risada, ouvindo o resmungo do homem do meu lado. —Entendo a preocupação, e obrigada por chegar a tempo, mas por que tão perto assim?

—Analisar de perto, é melhor.— Ouvir sua voz grave e séria no meu ouvido me davam arrepios que eu não queria estar sentindo agora. —Cauã faz assim.

—Ele fica analisando as pessoas na cara delas? Imagino o quão confortável é.— Amare ironiza, recebendo um olhar não muito amigável de Thauan, mas ele não deu a mínima. —Além disso, preciso dizer que eu avisei que não era para aceitar convite de qualquer um? Acho que não...

—Mas eu estava segura, eu só não entendo como...— Paro de falar quando sinto uma ardência na minha cintura ao me mexer, observo melhor a situação e tinha um tipo de remédio caseiro com ervas na minha cintura e braço, só então percebi que eu estava quase igual Thauan, seminua.

—Foi Antônio Batista, eu tenho quase cem por cento de certeza. O esconderijo das bruxas estava muito bem escondido, mas alguém nos seguia sem ninguém conseguir ver.— Clyde completa a minha frase, seu tom de voz é sério.

O Preço do Sacrifício [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora