Capítulo 5: Vivianne Nocturne

38 6 42
                                    

—Essas frutas e alimentos estão cada vez mais caros. Não dá para viver assim.— Isabel reclama olhando com insatisfação para as mercadorias.

Eu e ela resolvemos sair para comprar mais coisas já que estava tudo no final, Isabel nos ajudou com os recursos financeiros e até que compramos muitas coisas, quase não cabia na cesta de palha. Thauan ficou em casa, ele não poderia sair agora por conta dos policiais, e mesmo se saísse teríamos que dizer que ele é escravo de uma de nós duas, o que era horrível mas não tinha outra opção.

—Você é boa de condições financeiras, você é da corte ou algo assim?— Pergunto andando para a próxima barraca com uvas verdes e roxas, ela ri baixo pela minha dúvida.

—Minha família não pertence à burguesia, mas também não somos considerados camponeses.— Isabel responde gentilmente, pagando o moço com algumas moedas e pegando algumas uvas. —O meu pai trabalha fora, por isso não está frequentemente em casa, e a minha mãe não trabalha.

—Ele deve receber muito, sua casa é enorme.— Resmungo e pego vinho, Clyde vai gostar de saber que comprei pensando nele.

—Não tens pais? Família?— Ela pergunta curiosa e eu tenho um choque de realidade, onde estava a minha família?

—Tenho, mas eles devem estar por aí, a família Viturino sempre está pelos cantos.— Respondo de maneira vaga, ela faz uma careta confusa mas não me questionou mais.

—Adoraria conhecer a tua família. Aposto que são tão bons quanto tu.— Ela sorri e eu correspondo o sorriso, é realmente uma garota adorável.

Uma movimentação estranha começa a acontecer nos comércios, muita gente amontoada em uma direção só, quando consegui enxergar além da cabeça das pessoas, eu imediatamente entendi o motivo do tumulto. Padre Antônio Batista estava ali no meio, apertando mãos e exibindo sorrisos como se fosse uma celebridade. Quando nos avistou, seu sorriso se alargou e ele se aproximou cautelosamente.

—Saudações, Zanaina. Saudações, Isabel. Duas senhoritas belíssimas. Como está a sua mãe? Recuperou-se da peste?— Ele pega as nossas mãos uma de cada vez, se prolongando na de Isabel.

—Sim, padre. Ela está muito bem agora e recuperou-se rapidamente.— Ela tira sua mão delicadamente para não soar arrogante, mas o seu semblante fica tenso perante a ele.

Ela com certeza agora se sentia intimidada pelo padre tanto quanto eu, mas será que isso foi pura influência minha? Não queria influenciar ninguém com as minhas coisas, talvez tenha sido apenas paranóia, ele não podia estar dando em cima de mim tão diretamente, podia?

—Alegra-me ouvir isso. Nossa santa operou um milagre em sua mãe. Tenho a honra de convidar pessoalmente ambas para a missa de amanhã. Será uma celebração especial, e seria muito gratificante contar com a presença de ambas, especialmente a sua, querida Zanaina.— Ele me olha intensamente com os olhos azuis e agora eu tive a certeza, ele com certeza estava dando em cima de mim na frente de outras pessoas, como se ele não fosse um padre aqui.

Como as pessoas ainda não tinham desconfiado dele? Ele transmitia energia ruim por onde passava, seu olhar malicioso e seu sorriso cínico não enganava ninguém, mas parece que a população estava completamente cega.

—Claro, será um prazer.— Respondo depois de alguns segundos constrangedores de silêncio, Isabel não quis confirmar nenhuma presença e eu entendo a mente dela agora.

—Perfeito! Com licença, senhoritas.— Ele beija a mão de nós duas antes de se afastar, cumprimentando outros fiéis e dizendo palavras afetivas, ele sabe disfarçar muito bem.

—É verdade, ele tem um olhar estranho, emana uma energia negativa. Vais a essa missa?— Isabel me pergunta ainda olhando Antônio de longe, apertando sua cesta com força.

O Preço do Sacrifício [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora