Capítulo 41: Julgamento aos Santos

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Acordei no dia seguinte com uma informação importante e fatal, Antônio começou novamente a sua ceia sagrada depois de um tempo sem fazer, a queima de mulheres será logo depois, incluindo a de Carolina. Não pretendia sair de casa, mas não poderia ficar aqui esperando que mais Sanguinarius apareçam e tomem conta de toda a cidade.

Clyde e eu partimos logo de manhã, coloquei a capa que Lídia me deu no dia do Sabbath e sentei no fundo da igreja, observando cautelosamente cada passo que Antônio e sua seita falavam e faziam. Observo os conteúdos que estavam na mesa, tinha pão e copinhos com conteúdo vermelho dentro, que supostamente seria o sangue dos santos. As pessoas estavam ficando fissuradas na imagem do padre à frente delas, algumas delas já tinham a coloração vermelha nos olhos, indicando que já haviam passado pelo ritual antes.

—Estamos aqui reunidos para celebrar mais uma ceia sagrada conduzida pelo nosso estimado padre Antônio Batista, que tem trazido paz e harmonia à cidade de Imperial, combatendo o mal que assola este lugar.— Um dos fiéis ao seu lado começou a dizer, as pessoas que estavam passando pelo ritual não demonstrou reação alguma, já outras aplaudiram com ânimo.

Fecho meus olhos e me concentro em silêncio, entrar na mente de cada um era demais para os meus poderes, eu imediatamente ficaria fraca e não conseguiria rebater caso Antônio revidasse. Então usei o poder que eu menos tenho domínio, mas que seria útil: A clareza da verdade. Com esse poder eu poderia fazer outra pessoa perceber que tem algo de errado no ambiente, que alguma pessoa está mentindo ou descobri verdes ocultas de alguém, e o segredo do padre era uma verdade oculta muito bem escondida.

Foi difícil me concentrar e canalizar toda a aura da verdade no meio de tantas pessoas da paróquia, quando acabou me senti relativamente fraca. Murmúrios começaram a se instalar na paróquia, as pessoas olhavam uma para as outras assustadas e corriam para fora em completo desespero, as freiras ainda tentavam dete-las, mas era em vão, a paróquia já estava completamente vazia em segundos, ficando apenas eu, Clyde, Antônio e seus fiéis Sanguinarius.

Não fugi e nem recuei quando os olhos azuis e raivosos de Antônio captaram os meus, ele vem em minha direção pisando duro e eu ia ao seu encontro com passos tranquilos e lentos, eu não tinha pressa.

—Você! Não fui claro ao dizer que estava proibida de pisar nesta igreja?— Ele diz em voz alta, aquelas pessoas já tinham sido corrompidas pelas mentiras de Antônio, não tinha o porquê ele esconder a sua farsa de padre simpático agora.

—Sentiu minha falta, padre? Tenho certeza de que sim. Vim visitar a minha paróquia favorita. Não posso mais?— Respondo com deboche, colocando todo o meu português de Portugal que Isabel me ensinou em jogo, ele não deixou de exibir a sua expressão surpresa.

—Não me provoque! Hoje não tenho paciência para as suas afrontas.— Ele sussurra ameaçador e eu solto uma risada sem humor.

—Afronta nenhuma, senhor padre, apenas uma visita abençoada. Deverias refletir sobre como propagas tanto ódio em nome do Senhor.— Digo ainda mantendo o meu tom debochado, Antônio ameaça segurar em meu pescoço mas eu seguro seu punho antes dele realizar, começando a queimá-lo propositalmente.

—Solta-me, agora!— Ele diz entre gritos, quando solto, a marca dos meus dedos eram nítidos em uma queimadura de primeiro grau.

—Só vim para avisar que estou de volta. E, desta vez, minha abordagem será diferente. Acredite, não terás paz.— Falo com firmeza, olhando em seus olhos e não desviando em nenhum momento.

—Sua...— Ele começa a dizer, mas a porta principal abre e uma freira entra desesperadamente em sua direção.

—Padre, tenho uma notícia triste... sua filha Lysandra faleceu pela peste.— As palavras da freira me desconcertou por completo, e eu tive que manter a minha postura para não revelar a minha fraqueza.

O Preço do Sacrifício [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora