Capítulo 18: Cachoeira dos Sonhos

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O grande urso estava novamente na minha frente, mas dessa vez ele havia se movimentado para outro lugar. Segui tirando alguns galhos da minha frente, estávamos em uma floresta diferente, mas sentia que era a mesma que eu havia sonhado outras vezes.

O urso rugiu para algo à nossa frente, ficando de pé e arranhando alguns homens brancos que cortavam algumas árvores, os europeus correm desesperados pela altura e agressividade do urso.

Ele estava protegendo a floresta então? O urso nunca me machucou em nenhum dos meus sonhos, me deixava se aproximar sempre, e por que com outras pessoas ele era agressivo?

Acordo do sonho ainda pensativa, além do sonho repetitivo com o urso, eu sentia uma gratidão muito grande por aquele urso que protegia a nossa floresta. Olho as pessoas que moravam no mesmo teto que eu e todos ainda estavam dormindo tranquilamente, exceto Thauan, que praticamente não dormia.

Ele percebe meu olhar e me olha estranho por eu estar acordada essa hora, olho para fora e ainda estava amanhecendo lentamente, o clima estava um frescor muito bom. Se não fosse a época horrível, diria que é muito melhor que os tempos modernos, tinha mais verde no mundo e por mais que o sol seja quente, era a sua temperatura normal e não uma quentura de aquecimento global.

—Bom dia.— Ele diz assim que me aproximo, depositando um beijinho rápido em minha testa e me pegando de surpresa. —Por que tão cedo?

—Eu tive um sonho e não consigo mais dormir— Respondi coçando os olhos. —Eu vou para o rio, preciso lavar algumas coisas e aproveito para tomar banho.

Ele concorda apenas com um “hm” e isso era um “Tudo bem, faz o que você quiser Zanaina” de Thauan. Lavar roupa na mão e na água gelada era ruim de manhã, mas eu estava começando a me acostumar, manter a casa limpa estava mais fácil do que eu pensava pois os três homens que eu convivia também eram limpos e organizados e vez em quando limpava as coisas de casa, além de trazer carne fresca de algum animal dentro dessa floresta.

Quando voltei para casa, o sol já estava queimando a minha cabeça e minhas costas. Todos já estavam de pé e conversando, incluindo Isabel.

—Olá, Zana, onde estiveste?— Ela abre um sorriso amoroso quando me vê, devolvo o sorriso.

—Oi Bel, eu estava lavando roupas. Mas e você? O que está fazendo aqui essa hora?— Pergunto colocando as roupas no varal improvisado.

—Hoje não tive tarefas muito pesadas, e minha mãe permitiu que eu viesse mais cedo. Contudo, ela está começando a desconfiar de mim.— Ela responde revirando os olhos, parecendo irritada.

—É bom você dizer a ela o que faz aqui, não mentir totalmente.— Digo enquanto tento pentear meu cabelo embolado, como era difícil deixar deixá-lo apresentável.

—Ela não precisa saber de nada sobre o que ocorre aqui. Mas, enfim, o Clyde mencionou que estás a saber mais sobre o padre.— Ela me olha com curiosidade e eu suspiro lembrando do momento tenso que tive com ele ontem.

—Sim, ele foi xenofóbico com Thauan e eu não aceitei de bom grado, e ameacei ele.— Isabel inclina a cabeça para o lado, óbvio que ela não entenderia a palavra. —Ele está preparando uma santa ceia que diz ser o sangue de Jesus Cristo.

—Santa Ceia? Já ouvi falar disso. Na verdade, participei da primeira ceia, mas acordei atrasada, e perdemos os primeiros momentos. Pareceu-me tudo muito estranho.

—É sobre isso que eu queria perguntar, você poderia me ajudar com uma coisa?— Pergunto com um pouco de receio, não era a obrigação fazer isso para mim, só se ela quisesse.

—Não te preocupes, Zana, investigarei isso para ti. Embora não pretenda participar nessa prática horrenda, ficarei atenta por ti.— Ela diz antes mesmo de eu terminar, piscando um dos olhos para mim.

O Preço do Sacrifício [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora