Capítulo 20: Você Não Será Bem-vinda

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—Me ajudem, ela desmaiou!— Levanto a cabeça de Isabel com rapidez, vendo os meninos e mais especificamente Amare, levantando-a do chão e colocando na cama.

—O que aconteceu aqui?— Clyde aparece de repente, olhando tudo ao redor. —Agora é a Isabel que está passando mal? Jesus, a saúde está um pouco prejudicada nessa época.

—Idiota, foi a missa do Antônio, ela acabou ficando nervosa e desmaiou.— Respondo revirando os olhos, e clyde apenas dá de ombros observando calado. —Peguem água e um lenço, coloquei perto da testa, isso irá acorda-lá mais rápido.

—Acho que eu vou precisar ir nessa paróquia conversar com esse querido padre, todo mundo já se encontrou com ele menos eu.— Amare dá de ombros, enquanto Thauan busca um balde de água no rio.

—Você não pode, ele vai fazer algo com você e eu não tenho controle de tudo que acontece, nem ao menos posso mexer em nada para não bagunçar a linha do tempo. Não faça besteira.— Digo com seriedade, Amare não pode acreditar nas minhas palavras e a minha crença, mas ele respeitava e isso já é o suficiente.

Eu estava enlouquecendo aos poucos, ficar a mercê de um colar era perigoso demais sabendo a índole de Antônio Batista, quando eu era criança eu só escutava o quanto ele era ruim e "ainda bem que morreu", mas agora vivendo na pele tudo que ele fez essa época é muito para mim, difícil demais suportar tamanha responsabilidade, e eu começava a me questionar do porque eu ainda permanecia naquele lugar sendo que eu tinha a oportunidade de ir embora.

Quando era uma das guardiãs das pedras preciosas com July, Morgana, Apollo e Roxie eram diferentes, eu não era sozinha e tinha o apoio deles. Mas agora era só eu e Clyde novamente, contra algo estupidamente mais poderoso do que qualquer outro que eu já enfrentei, Lysandra era forte mas só tinha 50% do poder do pai, agora eu estou enfrentando o próprio criado com 100% de poder, era insuportável pensar que Antônio ainda não usou nem cinco por cento do que pode usar, e me assustava.

Amare começou a passar levemente o pano molhado na testa de Isabel, me surpreendia ver ele tão calmo e delicado assim, talvez porque esteja com a consciência pesada de ver ela voltando da cachoeira sozinha no meio da floresta por culpa dele. Mas de qualquer forma, era um alívio não ver eles se estranhando pela trigésima vez no dia.

Isabel acorda aos poucos, ainda estava assustada e acuada, quando percebeu que estava em um lugar segundo começou a chorar copiosamente, fico com pena porque pessoas que não vivenciaram o sobrenatural jamais imaginaria que isso pudesse acontecer com elas, presenciar algo grotesco demais. Não sei o que aconteceu na missa, mas isso a assustou o suficiente para carregar traumas.

—Se acalme Isabel, tenha o seu tempo e depois você conta.— A conforto preocupada, ela soluçava e tentava controlar a respiração entre um choro e outro.

O choro foi cessando aos poucos, ninguém se atreveu a dizer nada respeitando o seu tempo, e quando sobrou apenas uma Isabel de nariz e olhos avermelhados pelo choro, eu prossegui.

—Agora, consegue me contar o que aconteceu?

—Primeiro, ele agradeceu aos fiéis presentes e abençoou a ceia, tudo parecia absolutamente normal. Contudo, de repente, ao consumirem, as pessoas ficaram paralisadas, com os olhos vermelhos, como se estivessem hipnotizadas. Até mesmo o padre... Ele revelou presas enormes, parecia um verdadeiro demônio!— Ela diz baixinho, tentando não chorar novamente, suas palavras saem trêmulas.

—E você bebeu isso? Por favor diga que não.— Pergunta um pouco aflita, isso seria horrível se acontecesse.

—Nem eu, nem a minha mãe tomamos, pois não permiti que ela o fizesse ao perceber a verdadeira natureza daquele "vinho", que não é vinho de forma alguma!— Ela seca as novas lágrimas que estavam saindo de seu rosto. —Zanaina, ele está cometendo atrocidades para produzir aquilo, enganando as pessoas que confiam nele e criando uma legião de vampiros assassinos.— Seus enormes olhos verdes estavam em completo desespero, e eu não sei contar as vezes que eu já vi olhos desesperados direcionados a mim esperando que eu faça algo.

O Preço do Sacrifício [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora