Capítulo 11: Família Ancestral

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Alguns dias se passaram desde da última vez que eu sonhei com o padre cortando uma criança no meio, esse sonho rondou na minha cabeça um bom tempo e não conseguia mais ir para a paróquia, ao menos olhar para a cara do Antônio de novo.

Isabel prometeu que iria para mim, e observar tudo com muito cuidado, e me trazer novidades sempre que possível. Amare e Thauan passaram metade do dia treinando, Amare optou pela luta corpo a corpo e Thauan no arco e flecha, onde ele era incrivelmente bom. Eu fazia orações e tentava sempre ficar mais conectada com a Deusa mãe, e de vez em quando fazia limpeza mental, eu estava em aflição com algo mas não sabia o que era.

—Trouxe novidades, mas talvez você não queira saber.— Clyde aparece tirando seu chapéu e limpa o suor da testa com o seu lencinho. —O padre está programando uma execução na praça pública das bruxas restantes do Samhain.

—Ainda estão queimando bruxas do Samhain? Deus, que pesadelo viver aqui...— Resmungo choramingando, querendo ir embora daqui o mais rápido possível. —Tem certeza que não podemos ir embora daqui?

—Se minha resposta fosse sim, você iria?— Clyde me pergunta, olhando em meus olhos e tentando ver minha reação verdadeira.

Eu fico calada, porque a resposta era obviamente não. Não se eu tivesse que deixar meus amigos aqui, eu percebi que eu estava ferrada. Viver aqui era fora de cogitação, mas ficar longe deles era pior ainda, eu teria que parar imediatamente de me apegar as pessoas, já foi doloroso demais ir embora de vallery Hills e deixar os guardiões para sempre, ou quase para sempre.

—Eu quero uma resposta concerta, sem achismo porque eu sei que você sabe.— Falo depois de um pouco de silêncio, Clyde fica em silêncio esperando eu prosseguir. —Essa é a última missão, não é? Não tem mais Sanguinarius antes de Antônio Batista, se eu acabar com ele agora... Acaba a linhagem de vampiros nascidos da escuridão?

—Sim, mas eu não posso confirmar nada por enquanto, o destino é tão inesperado para mim quanto para você Zanaina.— Clyde responde, pegando seu charuto novamente. —Mas de uma coisa eu tenho certeza, essa será a última se Antônio morrer de uma vez por todas.

—Para ele morrer, ele não tem que ser imortal... Mas pela minha visão, isso já aconteceu há muito tempo.— Digo lembrando do bebê e dos seus órgãos pulando para fora quando a espada o atravessou, minha boca amargou com o enjôo que senti.

—Se for um bebê de sangue mágico, sim, ele já é imortal.

—Não sei como esses Sanguinarius estão sempre à frente de nós todas as vezes, e como a população não nota nenhuma estranheza no comportamento de padre.— Digo enquanto observo Thauan entrar molhado e com a calça que eu havia costurado para ele alguns semanas atrás.

—Levar Amare, rio.— Ele explica o seu sumiço, esperando a minha autorização. —Por isso demorei.

—Não precisa se preocupar comigo Thauan, o Clyde já está aqui comigo hoje.— Digo simpática e com um sorriso amigável, mas ele não sorri de volta, só balança a cabeça compreendo o que falei.

—A água do rio é muito boa, já estava querendo morar por lá, mas o Thauan é muito paranóico.— Amare logo entra atrás, molhado igualmente e com roupas novas também. —Acha que vai aparecer brancos a qualquer momento.

—Mas vão, estão por todo lugar.— Thauan se explica rapidamente, com a cara fechada. —Você confiar muito, não temos segurança, lugar nenhum.

—Eu sei, mas relaxa aí, sua amada tem poderes e é bruxa.— Amare sustenta o olhar assassino que Thauan o lançou com um sorriso torto de desafio. —Não está mais aqui quem falou.

O Preço do Sacrifício [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora