Clyde chegou na manhã do dia seguinte, ele havia ficado esse tempo todo fora sem dar sequer explicação alguma. Mas quando chegou, tinha seu casaco e chapéu nas mãos e estava com semblante sério.
—Achei seu colar Zanaina, mas não faço ideia de conseguir ele.— Ele coloca as coisas na mesa, chamando a atenção de todo mundo da casa.
—Como assim você não faz ideia de como conseguir? Onde ele está?
—No hospital de São Sebastião, no pescoço de uma criança doente.— Ele me responde e um silêncio ensurdecedor se aloja no ambiente, ninguém sabia o que dizer naquele momento.
—E como vamos entrar no hospital, corremos o grande risco de contrair a varíola e vão por mim... É uma coisa horrível.— Amare cruza os braços muito sério, o assunto não permitia brincadeirinhas.
—Certamente, quase morri, por varíola.— Thauan comenta de maneira seca e eu suspiro sem soluções.
—E então, o que faremos?— Isabel pergunta com o olhar preocupado e eu tento pensar no que fazer sem precisar entrar em contato com contaminados, mas não tinha outra alternativa.
—Eu vou entrar sozinha, vocês ficam aqui dentro.— Respondo firme e todos me olham com indignação. —Se manquem né, eu sou uma bruxa.
—Só agora que você admitiu? Antes tarde do que nunca né.— Amare sorri com os dentes, genuinamente feliz que eu disse por conta própria que eu era uma bruxa. Ele adorava estar certo.
—Você está louca mulher?!— Thauan se coloca na minha frente como um furacão, com seus olhos raivosos e as mãos na cintura. —Você não pode.
—Posso sim, e é o que eu vou fazer. Quero sair daqui o mais rápido.— Cruzo os braços e empino o nariz em desafio, não iria mudar de ideia. Ele ficou me observando por tempo suficiente para perceber que eu não cederia a minha ideia, e bufa perdendo a postura.
—Você é teimosa.
—Se for dessa forma, irei contigo. Se consegues te proteger, protege-me também. Não te deixarei sozinha.— Isabel se levanta ajeitando o vestido e eu repreendo-a com o olhar.
—Vamos todos, não deixaria Zanaina ir sozinha de qualquer forma. O hospital está cheio de doentes e pessoas revoltadas, mas eu posso garantir que nada irá acontecer com ela.— Clyde diz firme, começando a se arrumar novamente. —Vamos logo, mas antes eu tenho que avisar que terão que fingir estar doentes, se não será impossível entrar.
Acabou que o meu empoderamento feminino foi para o ralo quando decidiram ir atrás de mim, mas tudo bem, eu não estava com raiva ou algo do tipo, até porque eu me garantia nos meus poderes de cura. O hospital são Sebastião era o maior do Rio de janeiro naquela época e realmente está entupido da porta até a última ala hospitalar, muitas pessoas estavam tossindo e espirrando na entrada e até mesmo caídas, alegando estar queimando de febres altas. A energia era péssima e tudo era caótico demais, mas tínhamos que enfrentar aquilo se eu realmente queria o meu colar, então entramos tossindo como eles para conseguir disfarçar.
Enquanto Clyde tentava enrolar a recepcionista com a nossa presença ali, eu e os demais tentamos achar a ala de pediatria que ele disse que a criança estaria, o corredor era repleto de macas com pessoas rolando de um lado para o outro agonizando de dor e delirando de febre, algumas estavam sentadas no chão choramingando com seus responsáveis em busca de ainda ser atendido, mas com certeza demoraria muito pela demanda de pacientes. O sus ainda não existia aqui mas a situação era exatamente igual, me lembrava quando a minha mãe sofria comigo e Joel quando passávamos mal na infância, ainda bem que o vovô era político na época e sempre conseguia uma vaga para eu e ele em situações muito graves.
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O Preço do Sacrifício [CONCLUÍDO]
FantasíaLIVRO 4 DA SAGA "OS GUARDIÕES" [CONTÉM GATILHOS +16] Zanaina Viturino é especial, sua família vem de uma linhagem de viajantes do tempo, no intuito de apenas uma coisa: derrotar os Sanguinarius, uma seita perigosa de vampiros que vivem da imortalida...