Japão
Agosto, de 1945Sou arremessada de repente e rolo para dentro da casa, sem entender o porquê do desequilíbrio repentino sendo que em todas as mudanças de época, conseguimos visualizar rapidamente e chegar em segurança. Eu não fui a única a ser arremessada de forma bruta para esse ano, Clyde foi o último a aparecer, caído imóvel e de qualquer jeito.
—O que aconteceu? Por que caímos desse jeito?— Amare se levanta com a mão na cabeça, confuso por sido pego desprevenido.
—Clyde?— Isabel sacode Clyde, mas o mesmo não reage. Eu me apressei para chegar perto e verificar se ele estava bem.
—Por que ele não acorda?— Exclamo sentindo um sentimento péssimo, o lugar era carregado de energias ruins e meu protetor caído desacordado no chão não era nada bom, sem Clyde ficaremos aqui para sempre.
Me levantei depressa e ando rapidamente para a porta enquanto Amare e Isabel levantavam Clyde e colocava em uma cadeira, ele permanecia desmaiado e respirando. Abro a porta e estava uma manhã quente, o ar vibrava com uma tensão palpável, as casas tradicionais japonesas, de madeira e telhados inclinados de cerâmica, alinhavam-se uma ao lado da outra. Algumas estavam desgastadas, as cores das fachadas desbotadas pelo tempo. As ruas eram movimentadas, mas havia algo diferente no ar, um peso, um pressentimento de que algo grande estava por vir.
As pessoas seguiam com as suas rotinas diárias: donas de casa saíam com cestos de compras para os mercados locais, tentando encontrar o que ainda restava nas prateleiras vazias pela escassez. Homens, muitos dos quais eram muito velhos ou jovens demais moviam-se rapidamente, preocupados com o trabalho. As crianças ainda encontravam tempo para correr e brincar entre os becos. Um centro militar estratégico, estavam em constante atividade, o barulho constante das máquinas tornava-se parte do ambiente. À distância, os telhados de algumas fábricas e escolas estavam reforçados com sacos de areia, e uma grande expressão de assombro se apossou do meu rosto.
O céu estava limpo, sem sinal de aviões, havia sussurros entre os mais velhos sobre bombardeios em outras cidades. "Será que Hiroshima seria a próxima?", perguntavam uns aos outros em voz baixa, mas ninguém queria acreditar nessa possibilidade.Apesar de tudo, os habitantes continuavam com uma resiliência quase comovente. Vestidos nos seus kimonos leves de verão ou nos uniformes escolares. Eu não queria associar a nada de muito terrível, mas eu sabia exatamente que era um território japonês e lembrando bem da história, uma grande tragédia histórica se fez presente nessa região: Hiroshima e Nagasaki.
—Merda!— Exclamou baixinho sentindo a minha ansiedade começar a se fazer presente, dou meia volta para a casa mas bato de rosto no peitoral de Thauan, coberto agora com uma camisa. —O que você está fazendo aqui?
—Você não está bem, por que saiu?— Ele pergunta com as suas sobrancelhas franzidas, me lembrei que eu saí igual uma desesperada sem avisar para ninguém para onde eu estava indo.
—Eu fui buscar ajuda, só isso.— Respondo rapidamente sem olhar diretamente para o seu rosto, aperto a barra da saia mais do que o costume, meus lábios estavam trêmulos.
—Zanaina, olhe para mim.— Thauan me pede com calma em seu tom de voz, mas eu não conseguia me concentrar em mais nada além do meu coração descompassado. —Está nervosa demais.
—Eu quero ir embora!— Respondo tão baixo que nem eu mesma tinha escutado, tremores involuntários começaram a aparecer, sem conseguir controlar meus movimentos e minhas pernas, eu vacilo. —Eu quero sair daqui.
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O Preço do Sacrifício [CONCLUÍDO]
FantasiaLIVRO 4 DA SAGA "OS GUARDIÕES" [CONTÉM GATILHOS +16] Zanaina Viturino é especial, sua família vem de uma linhagem de viajantes do tempo, no intuito de apenas uma coisa: derrotar os Sanguinarius, uma seita perigosa de vampiros que vivem da imortalida...