Capítulo 29: A Bruxa, O Padre, e o Inferno

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—De fato, iremos morrer se continuarmos aqui, olha o tamanho dessa explosão e sabe o que irá acontecer depois disso? Isso mesmo, outra explosão em Nagasaki, uma cidade japonesa nem tão longe daqui.— Digo quando o choque finalmente sai do meu corpo, as lágrimas já tinham secado do meu rosto e a ansiedade tinha passado, agora só existia o extinto sobrevivente. —Já está pronto ou não?

—Para sairmos daqui eu preciso localizar o seu talismã Zanaina, e olha só que ironia não é mesmo? Eu não consigo achar!— Clyde se senta e coloca as duas mãos na têmporas.

—Tudo bem, o Clyde também precisa de um tempo para recuperar-se e pensar. Enquanto isso, podemos tentar planejar o nosso próximo passo.— Isabel diz olhando com preocupação para Clyde, que franzia a testa, estava fazendo bastante esforço.

—Não se force tanto Clyde, não temos todo o tempo do mundo mas também não precisa ter presa.— Amare continua olhando a situação pela janela, a destruição era tão nítida que chega a ser assustador.

—Só por favor parem de falar um segundo sequer.— Clyde diz entre os dentes, e de repente fica inconsciente novamente, caindo esparramado pela mesa.

—Ele está esgotado.— Thauan comenta enquanto ajuda Amare a colocar Clyde em um lugar confortável. —Dar tempo.

—Sabes de uma coisa? Estou realmente assustada com tudo isso. Nunca senti tanto medo na minha vida e quero ir embora o mais rápido possível. Mas, com o Clyde. exausto e a desmaiar a cada mudança, temo que não conseguiremos avançar assim.— Isabel diz para mim, abraçando o próprio corpo e com lágrimas presas nos olhos, eu estava naquela mesma situação.

Começo a andar de um lado para o outro agoniada com a situação atual, estar preso na época de Hiroshima e Nagasaki era pior ainda, e se Clyde não se recuperar imediatamente e acabarmos morrendo pela segunda bomba? E se eu não conseguir mais encontrar o colar e todos os nossos esforços serem em vão? E se quando eu chegar em Imperial, Antônio já está extremamente poderoso e com noventa por dentro da população sanguinária? Eram tantas perguntas e estavam me matando por não saber o que e como resolver.

Um estalo na minha mente se fez presente e eu imediatamente me propus a fazer o que eu pensava, me sentei no chão e fechei os olhos tentando me concentrar o máximo. O caos lá fora, o barulho de dentro da casa e a minha ansiedade estavam levemente me atrapalhando, mas eu precisava que isso fosse um sucesso, não podia falhar agora. Canalizei toda a minha energia no colar, senti uma energia diferente e muito boa, sabia que era a deusa mãe se fazendo presente e me mostrando que estava comigo não importava em que época eu estava, ela nunca me deixaria sozinha.

Um ano rapidamente surgiu na minha mente, 1947. Então era lá que meu talismã estava.

—Tudo bem?— Thauan me pergunta, me analisando atentamente cada passo meu. Ainda estava com medo de eu surtar novamente e sair desgovernada por aí.

—Sim, consegui identificar meu talismã e agora ele está em 1947, mas não sei o país e nem nada, apenas o ano se formou em minha cabeça.— Respondo confiante e agradecendo mentalmente pela deusa mãe me acalmar e me ajudar naquele momento delicado. —Assim que Clyde acorda e ter energia o suficiente para sair daqui, podemos ir embora.

—Preciso dizer o quão bizarro foi aquele bombardeio, por que estavam fazendo aquilo?— Amare me pergunta e seus olhos se enchem de curiosidade, Isabel estava igual.

—Bom, duas grandes guerras aconteceram durante o mundo, a primeira guerra e a segunda onde estamos presenciando agora. Estados Unidos sempre está nesse meio de guerra, ele sempre tem as grandes armas e recursos quase que impossíveis de vencer, foi o maior protagonista com a união soviética em uma quase terceira guerra que não aconteceu, chamamos de guerra fria.— Explico devagar, ainda mais por Isabel que não entendia muito bem o português Brasil. —Hiroshima e Nagasaki recebem esse nome por causa da cidade que se chama assim, tudo por conta dos Estados Unidos que estão forçando os japoneses a se renderem.

O Preço do Sacrifício [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora