Capítulo 7: Amaldiçoados por uma Bruxa

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Eu finalmente tinha conseguido achar um rio para beber água, tomar banho e aproveitar a paisagem, era um pouco longe da nossa casa, mas ainda sim escondido, era perfeito.

Tomar banho pela primeira vez depois de dias aqui era aliviador, nem preciso dizer que Thauan adorou a descoberta. O único problema era que o banho não tinha nenhuma privacidade com os demais, então ou você tirava uma coragem que não tinha para tomar banho nua na frente de pessoas, ou tomava banho de roupa.

Não foi o problema de Thauan, não importa quantas pessoas estavam no lago, ele tomava banho completamente nu sem vergonha de algo seu estar sendo exposto até demais, mas eu entendia muito bem que a cultura dos indígenas eram assim, eles não tinha pudor dos corpos descobertos, e nisso, também não tinham malícia em ver ninguém nu, apenas quando tinham interesse na pessoa.

Eu tomei banho com uma pequena camisola que colocava embaixo dos vestidos para sobrepor, era fina e transparente, mas mesmo assim era a única peça de roupa leve adequada para o banho, e por mais que eu seja sem vergonha para algumas coisas, ficar pelada na frente de um homem não era a coragem que eu tinha.

—Parece uma sereia.— A voz de Thauan tirou minha concentração totalmente das águas cristalinas, ele me olhava com admiração e eu não entendia o porquê.

Thauan sempre foi muito respeitoso desde a primeira vez que eu o conheci, ele me observava durante toda o dia, mas não de um jeito que me deixasse desconfortável, muito pelo contrário, era claro o quanto ele queria me observar nem que seja de longe. O fato de conhecer ele de algum lugar ainda me intrigava, principalmente quando olhava em seus olhos.

—Talvez eu seja, igual aquelas do pirata do caribe.— Falo brincando com a água, para disfarçar o quanto estava envergonhada.

—Piratas? Caribe?— Ele arqueia uma das sobrancelhas e eu seguro a risada com a sua confusão.

Ele tinha uma beleza tão única, seu olhar passava confiança e sua mandíbula definida dava um charme a mais no seu rosto másculo, eram características indígenas que não se encontravam em qualquer um.

—Às vezes esqueço que vocês não são da mesma época que eu, desculpe.— Ele se levanta e eu viro meu rosto rapidamente, morrendo de vergonha.

—Ir agora e já, não sabemos se brancos vem aqui.— Escuto sua voz distante e eu já sei que estava andando, saio rapidamente da água cobrindo meu corpo com as mãos, a camisola estava extremamente transparente.

Thauan não olhou para mim e nem ao menos falou comigo, seu cabelo escorrido e agora molhado cobria tudo facilmente de tão longo e cheio que era, será que ele gostaria de saber que no século 21 cabelos longos é considerado deselegante? E que existe progressiva? E por causa disso muita gente fica careca? Era tantas informações.

—O escravo fugiu, é isso que você precisa saber com antecedência, e em segundo lugar, bom dia.— Clyde faz uma reverência com o seu chapéu e anda para fora da floresta como se nada tivesse acontecido.

—Como assim o Amare fugiu? E para onde você vai?— Grito alto o suficiente para ele parar, mas não se vira para mim.

—Trabalhar, mas é claro.— Ele diz como se fosse óbvio, e volta a andar ajeitando seu casaco.

—É verdade Zanaina, Amare não estar mais.— Thauan diz dentro de casa, já vestido com a sua calça.

—Que droga! Eu já deveria imaginar, que burrice a minha achar que só falando iria mudar a cabeça dele.— Meu tom de voz sai um pouco irritado, mas não por Amare, mas por me achar imbecil o suficiente em pensar que isso daria certo.

Não sei o porquê eu precisava de toda essa gente perto de mim o tempo inteiro, não deveria me preocupar tanto com isso, se ele fugiu é porque ele não quer a nossa presença, mas ao mesmo tempo minha intuição me dizia que ele só estava desconfiado e assustado, passou por traumas irreversíveis e eu precisava ter paciência. Mas mesmo assim.... Me sinto frustrada por não conseguir fazer tudo dar certo a primeira vez.

O Preço do Sacrifício [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora