O ar quase sumia dos meus pulmões, não tinha mais passagem e por mais que eu tentasse puxar com todas as forças, ele não vinha. A visão turva, meus sentidos se apagando aos poucos, a circulação sanguínea pulsando em busca de voltar a circular no meu pescoço, mas o demônio fazia muito bem o seu papel de apertar com firmeza, impedindo de tal ato ser feito.
Eu me debati em busca de ar novamente, tentando puxar com a boca e ao mesmo tempo tentando controlar meu coração que batia acelerado com a possibilidade de eu morrer asfixiada, os olhos azuis e o sorriso sádico eram as únicas coisas que eu enxergava com muita clareza, o resto eram apenas borrões. Seu terço esbarrava no meu rosto conforme ele se debruçou sobre o meu corpo, apertando meu pescoço ainda mais com as duas mãos.
Além do seu sorriso, ele também falava coisas no qual eu não entendia, tudo estava em câmera lenta e dolorosa, a única coisa que eu podia fazer naquela hora, era olhar em seus olhos e esperar morrer, enquanto perdia a consciência, um cântico leve e suave em outro idioma atiçava os meus ouvidos, me causando conforto.
O cântico ficou ainda mais evidente quando eu comecei a respirar novamente, tão fundo que senti meus pulmões queimando, abro meus olhos com medo de realmente ter morrido, mas era apenas um sonho conturbado em que o demônio me visita para atormentar a minha mente e psicológico. Thauan estava na minha frente de pernas cruzadas e me analisando com atenção, parando de mexer seus dedos entre seus cabelos. Um lado já estava completamente trançado e o outro ainda estava pela metade, então era dele que vinha o cântico.
—Obrigada.— Minha voz sai embargada, por mais que eu não queira admitir que eu não sou tão forte quanto pensam que eu sou, mas eu era a salvação de muita gente e eu não podia ficar chorosa por um pesadelo.
Mas eu estava esgotada. Naquela madrugada eu não consegui dormir, observava todos com cautela e cuidado para não acordar ninguém, estávamos em uma época desconhecida e perigosa, em uma fase da França que era literalmente um marco da história, sem o conforto da minha família e sem os meus poderes. Naquela madrugada, passei a observar o clima lá fora, a escuridão de cada viela apertada e pequena, sem um freche sequer de luz e sem barulho algum, me perguntei várias vezes se realmente valeria a pena todo o esforço que eu andava fazendo, mas não obtive resposta e por fim, permaneci estática até o amanhecer, quando meus olhos se fecharam sozinhos e entrei em um sono profundo.
Portanto, não sei por quanto tempo dormi, mas minha cabeça latejando alegava que não tinha passado nem duas horas de sono. Não me lembrava de estar deitada em algo fofo, mas sabia que o homem à minha frente foi o responsável por cuidar de mim, como ele sempre fez desde que eu o conheci em vida. Eu tinha muito o que agradecer, mas o meu obrigada em específico foi pelo seu cântico me tirar do inferno que Antônio mesmo que inconsciente estava me colocando, tinha ancestralidade na música cantada em tupi guarani, ele percebeu minha inquietação e me ajudou mesmo não sabendo do que se tratava.
—Hm, música dos ancestrais. Me ajudava, quando...tinha pesadelos.— Ele volta a trançar seu cabelo com uma rapidez impressionante, deve fazer isso desde a sua infância. —Percebi porque, estava rolando, suada, resmungando, mãos geladas.— Ele falava tranquilamente, sua voz estava quase me fazendo voltar a dormir de imediato.
—Você está melhorando no português, percebeu isso?— Pergunto o observando melhor, ele levanta uma das suas sobrancelhas como questionamento mas não me olhou, continuava prestando atenção nas suas tranças enormes. —É raro uma pessoa aprender algo assim apenas convivendo com pessoas que falam o idioma, mas é um tipo de aprendizado dinâmico interessante.
—O que estava sonhando?— Ele pergunta enquanto tira um pedaço de lã da sua blusa com a boca e amarra no final da sua trança, como seu cabelo era extremamente liso, com certeza o penteado não ficaria inteiro se ele não amarrasse.
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O Preço do Sacrifício [CONCLUÍDO]
FantasyLIVRO 4 DA SAGA "OS GUARDIÕES" [CONTÉM GATILHOS +16] Zanaina Viturino é especial, sua família vem de uma linhagem de viajantes do tempo, no intuito de apenas uma coisa: derrotar os Sanguinarius, uma seita perigosa de vampiros que vivem da imortalida...