Olho para trás e o padre já estava indo embora pisando duro, ignorando todos os fiéis que vinham em sua direção, finalmente sua simpatia estava indo embora.
—Desculpa, eu...— Thauan começa a falar e eu prendo minha atenção para ele, que tentava formular a frase na cabeça. —Não queria, mas...me irrita muito.— Ele termina a frase com uma careta, pelo menos estava tentando.
—Tudo bem, não precisa se desculpar, o padre é podre e cínico.— Respondo continuando a andar, solto seu braço devagar. —Mas por favor, não faça isso quando eu não estiver por perto, eles podem acabar batendo em você.
—Eu sei.— Ele parecia procurar alguém com os olhos, seria o seu antigo dono? —Estraguei tudo, agora ele te odiar.
—Pelo menos agora não preciso mais ser cínica, posso desferir meu ódio à vontade.— Brinco com ele, mas o mesmo não sorri, não sei se ele realmente estava se sentindo culpado por isso. —Thauan, está tudo bem, ele iria me odiar uma hora mesmo.
Ele estava uma gracinha hoje, e não estava seminu dessa vez. A calça que eu costurei caiu perfeitamente no seu corpo, a blusa de algodão também costurada por mim ficou um pouco apertada, deixando evidente seu porte definido, mas ele não parecia incomodado com ela. O seu lindo cabelo longo estava preso em um coque, por ser extremamente liso já estava se desfazendo pelo vento, deixando alguns fios esconder seus olhos.
Desço meus olhos do seu rosto para mais baixo e observo o colar de urso feito com madeira que eu não me lembrava que ele usava, aquilo era novo, porque não me recordo de ver em lugar nenhum.
—O que é esse colar aí?— Pergunto e ele seguiu meu olhar, tocando no objeto.
—Talismã.— Ele responde simples, ajeitando as coisas nas mãos um pouco desengonçado.
—Vem sentar um pouco, e eu quero saber com mais detalhes sobre isso.— Começo a andar na frente e ele vem atrás sem dizer nada, acabei soltando uma risada e ele me olha com dúvida. —Desculpa mas eu estou achando muito fofo, os homens do meu século fazem isso para as mulheres, então se considere um homem ideal de muitas meninas.
Eu queria quebrar um pouco o clima, já que para Thauan sair de casa ele precisava fingir que era meu escravo, eu até quis que ele ficasse ou ir completamente livre como se fosse um ser humano normal, mas ele mesmo optou ter essa imagem de escravo para os europeus, disse que não nos causaria problemas. Mas isso era demais para mim, precisei segurar o choro muitas vezes enquanto caminhamos na praça, às vezes eu queria conversar com ele, mas não podia ser muito simpática para não causar estranheza e eu estava simplesmente odiando tudo isso.
Depois que o padre chegou e estragou tudo o que já estava estragado, eu larguei de mão e ativei o dane-se, não quero saber se estão pensando diferente, não iria tratar o Thauan com indiferença só para agradecer esse povinho racista.
Thauan se senta no banco da praça respirando ofegante, faz uns dias que ele andava cabisbaixo e demonstrando sintomas de desidratação e me preocupava.
—Tem certeza que está bem para continuar? Eu posso continuar sozinha e você vai para casa.— Ele revira os olhos resmungando algumas coisas em tupi. —Para de ser teimoso Thauan, não tenho tamanho e nem força para te arrastar se você desmaiar.
—Não vou desmaiar, dramática.— Ele me observa de cima, descendo seu olhos lentamente e me medindo com seus olhos. —Sobre os homens do seu século, eu sou seu homem ideal?
A pergunta me pegou de surpresa, eu realmente não estava esperando que ele me perguntasse tão diretamente, sem pudor nenhum. Enquanto eu com certeza estou mais vermelha que os tomates que ele carregava.
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O Preço do Sacrifício [CONCLUÍDO]
FantasíaLIVRO 4 DA SAGA "OS GUARDIÕES" [CONTÉM GATILHOS +16] Zanaina Viturino é especial, sua família vem de uma linhagem de viajantes do tempo, no intuito de apenas uma coisa: derrotar os Sanguinarius, uma seita perigosa de vampiros que vivem da imortalida...