Capítulo 34

265 32 0
                                    

Olívia Harper

Já faz três dias que eu estava aqui, não faço a menor ideia de por onde anda Robert, mas desde que soube de minha gravidez não tive mais o desprazer de ver a cara dele.

É noite e amanhã já farão quatro dias desde o início desse inferno, sinto vontade de chorar, tento manter minha fé, mas cada dia é mais difícil, sinto medo, tenho falta de Aidan de todos na verdade. É como se minha vida estivesse sendo roubada de mim.

Alguns momentos me pego chorando e perguntando a Deus o porquê disso tudo.

Estava noite e não haviam ainda trazido nada para que comamos, racionalizam na comida e é como se fizessem de propósito só fazemos três refeições de forma mínima e temo por conta da formação do meu filho.

Ouço o barulho agudo de minha barriga indicando que estou com fome.

Valery nesse momento está tomando banho.   No mesmo momento que saí do banheiro, a porta do quarto também se abre e como sempre a escolta de homem entram, mas dessa vez empurravam um carrinho de onde vinha um cheiro maravilhoso de comida, mas em seguida entra Robert me tirando o momento de alegria que na verdade acho que é meu filho que está sentindo e eu só estou refletindo.

-Olha só, como estão? -pergunta com um sorriso imbecil nos lábios que me provoca repúdio. -E você está cuidando bem desse ser que está se formando aí dentro? -diz olhando para mim.

-Não se refira a meu filho, você não tem dignidade para isso seu maldito. -explodo com ódio me levantando e ele caminha olhando em meus olhos com seu semblante convencido.

-Olhe como fala comigo garota, você é igualzinha a sua mãe e sua avó, só mais uma vadia. Tenha respeito. -grita e nesse momento com as costas da mão bateu com força em meu rosto me fazendo virar e quase cair, passando a mão em meu rosto com os fios na frente.

-Seu covarde miserável. -Valery diz avançando em sua direção, mas é contida pelos seguranças, um deles lhe dá um forte soco na cara e olho apavorada.

-Não faça isso com ela. -grito e ele novamente sem perder o sorriso sádico dos lábios me olha.

-Se você se comportar direitinho nada vai acontecer. -diz bem ríspido. -Eu não tenho muita paciência garota, você vai fazer o que eu mando e tem sorte de eu não dar fim nessa criança. -fala com a maior naturalidade.

-Você não tem esse direito. -digo, mas minha voz quase falha temendo que realmente fizesse.

-Eu tenho o direito de modular essa família exatamente como eu quiser e você vai sim me obedecer de uma vez garota. Tem sorte de eu ter feito um acordo com Marcus e essa gravidez ser benéfica pois ele precisa o quanto antes que o filho case e tenha um filho, e como é um maldito homossexual você já trazendo uma criança ajuda no caso. -dizia como se estivesse falando de uma mercadoria.

-Eu não sou sua moeda de troca! -exclamo em um tom alto, mas me contenho mais por medo que faça algo e eu perca o meu filho.

-Você é o que eu quiser que seja garota. -dizia apertando meu queixo e minha mãe resmunga recebendo outro tapa no rosto. -E se eu estou dizendo que você vai casar com o filho viado do Marcus, e vai fingir uma família feliz com esse maldito bebê que carrega, você vai. -sibila com ódio cada palavra. -Eu não vou ser ridicularizado outra vez, ainda mais agora que o Marcus é o homem mais poderoso de toda a Inglaterra. -confessa e me solta empurrando pro canto e pela força me desequilibro e caio no chão.

Logo soltam a Valery e saem todos nos deixando ali e ela vem até mim me abraçando, nesse momento as lágrimas caem de meu rosto e não sei se consigo mais manter viva a esperança em meu coração, talvez tudo realmente esteja se findando.

-Por que ele faz isso?! -pergunto chorando.

-Ele é um maldito maníaco psicopata. Mas agora mais que nunca vamos ter que nos virar juntas para fugir daqui. -dizia e parecia realmente ter algo em mente.

Fiquei ali lhe ouvindo e apenas sentindo pela primeira vez num momento de medo o que é um abraço de mãe.

[...]

Valery disse para mim o que estava pensando. Sabe se defender muito bem embora nunca tenha usado disso, pois Vincent lhe protegia de tudo, afirmei que também aprendi muito com meu pai Otto e com Aidan nos últimos tempos.

-Eles sempre vêm com as armas em punho e cada vez mais abaixam a guarda. -dizia enquanto andava pelo quarto e eu comia algo, pois preciso estar forte, ela comeu um pouco, mas se satisfazia rápido.

Robert é tão rendido ao que esse tal de Marcus diz que hoje pela primeira vez veio mais comida e não da forma regrada de antes, como se nos castigasse até na alimentação. Com certeza o tal homem exigiu que a gravidez fosse tranquila para preparar meu filho para ser apresentado como de seu filho no futuro, mas isso não vai acontecer estou disposta a fazer o que for para mudar isso.

-Eles sempre vêm em dois, só vem três quando o velho vem. Não parecem ter uma boa percepção como o Aidan faz questão que todos tenhamos. -digo me lembrando de tudo que aprendi com ele que explicava tudo sempre com clareza.

-Precisamos manter a aparência, como se fossemos coitadas e estivéssemos com medo. -Valery continuava. -Vão cada vez mais pensar que somos fracas, mas temos que fazer isso durante alguns dias para ganhar tempo. -confessa e ela tem uma mente bem mais articulosa do que pensei.

-Mas e como sairemos daqui, esse lugar está cheio de seguranças. -digo e ela me olha como se já presumisse minha pergunta.

-Nós não iremos sair daqui, iremos ser levadas daqui. -confirma e fico sem entender como.

Uma série de questões vêm em minha cabeça e nenhuma delas com respostas.

-O sistema político básico na Inglaterra é uma monarquia constitucional e um sistema parlamentar, pelo que posso entender Marcus está dentro do sistema parlamentar e por isso é tão influente. Nós iremos só precisar ligar para o palácio eles tem uma segurança ríspida e se imaginarem que alguém possa oferecer perigo a Coroa irão agir sem pensar duas vezes. -dizia e parecia ser um plano sensato mesmo que pudesse falhar.

-Mas e se estiverem envolvidos também? -questiono.

-Nesse caso irão querer calar quem saiba e o afetado com isso será Robert, pois ele é o único que mora nessa casa e poderia saber de tais coisas, numa busca por ele obviamente vão nos achar e daí conseguimos sair. -diz e agora que eu conseguia visualizar tudo isso fazia sentido.

-Faz sentido e não podemos descartar nenhum plano. -digo simplória pois é o óbvio.

-De toda forma eles não poderão te matar, está basicamente sendo uma protegida do Marcus, só poderão matar a mim que sou inútil sirvo somente como objeto para a tortura que Robert quer fazer. Se a custo da minha vida você conseguir fugir, morrerei em paz. -diz e aquilo me aperta o coração.

-Não diga isso, ainda tenho muito para te contar, quero saber a sensação de ter uma mãe. -confesso e ela vem até mim me abraçando.

-Eu já fui muito feliz somente em ver a mulher incrível que se tornou. Devo tudo ao Otto, ele deu a vida por você. -profere e um semblante triste se propaga em seu rosto e em meu peito ao lembrar do meu pai.

Toda essa bagunça, tudo por conta de uma vingança que só existe na cabeça de Robert.

Aidan- Spin-off de Os Ceos da Maffia Onde histórias criam vida. Descubra agora