Memórias perdidas| 19

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Isabella Martini

Isabella Martini

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" Entre as sombras
do esquecimento, ela busca
o fio que a conecta ao amor
e à verdade."
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Uma semana depois...

Vazio... Isso é o que existe na minha mente. Não me lembro nem mesmo do meu próprio filho. Eu estava em casa, mas sinto algo dentro de mim que me assombra. Existe em mim uma sensação de desespero.

Eu amo meu esposo, mas sinto que ele esconde algo de mim. Saio do transe quando meu filho me abraça; é tão estranho não reconhecer alguém que nasceu de mim. Eu sempre fico sem reação quando ele me chama de mãe. Abaixo-me até ficar na altura dele; seus olhinhos brilham sempre que me vê. Sinto-me um monstro por não me lembrar dele.

- Você é uma criança muito linda - digo, abraçando-o e cheirando seu cabelo.

- Madre, não mexa no cabelo. Eu não sou mais uma criança... - ele fala, cruzando os braços e fazendo um biquinho. Mas, a porta da sala é aberta por ele, e meu corpo se arrepia com uma sensação de medo. Por que eu sentiria medo do meu marido?

- Como você está, Bella? - ele pergunta, desabotoando o primeiro botão da sua camisa social azul, que tinha um contraste perfeito com a sua pele.

- Estou bem! - afirmo, segurando um riso envergonhado. Será que estou agindo como uma adolescente perto dele?

- Papà! - Nosso filho fala, correndo na direção do pai, que prontamente o recebe com um abraço. Ele levanta Lorenzo, que ri, e eu me levanto, admirando a cena. A risada dele preenche toda a sala, fazendo até mesmo eu rir.

Matteo coloca nosso filho no chão, que se senta no sofá, ainda rindo. Mas, ao encarar Matteo, percebo que ele me observa com um olhar firme e intenso. Lembro-me da primeira vez que ele foi à minha casa. Ele vivia com os olhos perdidos, mas hoje noto que aquele jovem não é o mesmo homem que está à minha frente.

Hoje faz uma semana que saí do hospital. Foi o primeiro dia que me permiti sair da cama. É muito ruim esquecer tudo o que aconteceu, não se lembrar nem do próprio filho, não saber o que ele gosta, o que ele teme. Essas emoções me atingem em cheio. Saio da sala e vou para o jardim. Já é noite, as estrelas brilham e a lua ilumina a escuridão.

Encaro as estrelas e me permito chorar. Estou frustrada. Mas, sinto o cheiro do perfume dele. Não é preciso nem olhar para saber que ele está aqui comigo. Tento limpar minhas lágrimas. Viro-me na direção dele. Ele já estava sem o terno, vestindo apenas a camisa social aberta e a calça social.

- O que você tem? Não adianta mentir - ele pergunta, me encarando com o mesmo olhar de sempre.

- Eu estou com medo de não me lembrar. Estou com medo de não ser uma boa mãe para meu filho... Porra, eu sou mãe? - falo, chorosa. É muita informação.

AMOR DE DUAS CARASOnde histórias criam vida. Descubra agora