Isabella Martini
"Entre a paixão que nos
une e o orgulho que
nos separa, há apenas um
passo para o caos."
.
.
.O único momento em que Matteo e eu conseguimos ficar juntos sem trocas de farpas é quando estamos com nosso filho, Lorenzo. Era uma dessas raras ocasiões, sentados à mesa para o jantar. Lorenzo falava animadamente sobre o seu dia na escola, e a sala estava impregnada com uma tranquilidade quase surreal, algo que só acontecia por causa dele.
De repente, Lorenzo largou a colher sobre a mesa e, com a inocência que só as crianças têm, perguntou:
- Madre, padre... quando vocês vão me dar um irmão? Todos os meus coleguinhas têm, só eu que não.
Engasguei com a comida, minha mente girando. Olhei rapidamente para Matteo, que manteve seu semblante sério, sombrio, sem deixar transparecer nada. Ele finalmente respondeu com uma calma que me fez sentir um calafrio:
- Não se preocupe, filhão. Na hora certa, seu irmão ou irmã virá.
Antes que eu pudesse reagir, me levantei abruptamente, limpando a boca e colocando o guardanapo sobre a mesa.- Está na hora de ir para a cama - falei, forçando um sorriso ao pegar Lorenzo nos braços.
Subi com ele para o quarto e comecei a trocá-lo de roupa. Assim que terminei, peguei um livro da estante para ler sua história favorita, e foi nesse momento que Matteo se juntou a nós. Ele ficou parado à porta, observando em silêncio, sua presença sempre carregada de algo denso e enigmático. Senti seus olhos sobre mim enquanto lia para nosso filho.
Quando terminei, Lorenzo, já sonolento, pediu com a voz doce:
- Vocês podem ficar comigo até eu dormir?
Olhei de relance para Matteo, aquele homem de presença esmagadora, cujos segredos e sombras eu conhecia bem demais. O que ele não sabia era que eu havia recuperado todas as minhas memórias... lembranças que ele achava estarem enterradas.
- Vamos ficar aqui até você dormir - sussurrei, sentindo a tensão entre nós aumentar.
Horas mais tarde, acordei com uma mão firme na minha cintura. Abri os olhos devagar, o quarto estava escuro, mas eu reconheci imediatamente o toque. A mão de Matteo. Nós dois havíamos adormecido na cama de Lorenzo, ainda com as roupas do trabalho. Nosso filho dormia profundamente, um anjo no meio da cama, alheio à tempestade silenciosa entre seus pais.
Tentei me levantar devagar, mas os dedos de Matteo se apertaram em volta de minha cintura, me mantendo no lugar. Ele abriu os olhos, sua expressão dominadora e intensa, os olhos sombrios me perfurando com a familiaridade de um predador que cerca sua presa.
- Tentando fugir de mim? - ele murmurou, a voz baixa e carregada de algo mais.
Havia algo na forma como ele disse aquelas palavras que me fez prender a respiração. Ele sabia. Ou suspeitava. Matteo sempre foi bom em ler as pessoas, e agora, seus olhos estavam cravados nos meus, como se estivesse tentando decifrar o que eu estava escondendo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
AMOR DE DUAS CARAS
RomansaMatteo sempre odiou a família de Isabella Martini. Movido por um desejo de vingança, ele passou anos estudando cada detalhe da vida dela, transformando-se em um stalker implacável. Descobriu seus gostos, seus medos, e armou um plano meticuloso para...