Isabella Martini
Nem sei como as coisas estavam em casa, mas todos pareciam aflitos. Matteo estava ao lado da cama, com uma expressão de preocupação estampada no rosto.
— Onde está o nosso filho? — pergunto, me sentando na cama de repente.
— Não sei... Nenhuma pista até agora. Coloquei todos os meus homens para procurá-lo, mas não tivemos notícias. — Ele passa as mãos pelo cabelo, visivelmente frustrado.
Me levanto, caminhando lentamente até o quarto do nosso filho. Quando vou abrir a porta, ela se abre de repente, e quem surge é Alice. Ela fecha a porta atrás de si e se aproxima, parando ao meu lado.
— Eu não gosto de você, mas acho que sei onde seu filho está. No entanto, você não pode contar para ninguém. — Ela fala com frieza, segurando meu queixo, me desafiando.
— Como você saberia onde está o meu filho? — Retribuo, retirando sua mão do meu rosto com força.
— Você é fácil de manipular. Mal sabe os monstros com quem convive. — Ela me provoca. Levanto-me de repente e seguro seu braço com firmeza.
— Quem não sabe é você. Podem haver monstros na minha vida... mas nenhum de vocês é capaz de destruir o próprio diabo. — Respondo, encarando-a com intensidade.
Ela sai do quarto, e sinto a raiva se acumular em cada célula do meu corpo, queimando como uma chama incontrolável. Meu peito se aperta, e meus pensamentos se voltam para a fonte de todos os meus problemas: Victória. Mas até onde Matteo estaria envolvido nisso? Será que ele sabe mais do que está me dizendo? A ideia de que meu próprio marido poderia estar por trás do desaparecimento do nosso filho faz meu estômago revirar.
Saio do quarto e caminho com passos firmes até a sala. Lá estavam minha tia, meu pai e a minha madrasta. Todos com expressões de ansiedade, como se realmente se importassem. Meus olhos param na figura de minha madrasta, a bruxa loura. A cada vez que a vejo, a certeza de que ela está envolvida cresce. Se alguém pode estar por trás disso, é ela. Eu saberia como arrancar a verdade de sua boca. Mas, olhando para aquelas três pessoas, uma pergunta me sufoca: em quem eu realmente posso confiar?
O resto do dia passa em um turbilhão de tentativas frustradas. Procuro, insisto, imploro por qualquer detalhe que me leve ao meu filho. Mas nada. Nenhuma pista, nenhum sinal. É como se ele tivesse simplesmente desaparecido, sumido no ar. O desespero cresce, corroendo cada pedaço da minha sanidade.
Já era noite quando me deito, exausta e vazia, com a mente ainda a mil. É então que o celular vibra ao meu lado, e meu coração salta no peito. Uma mensagem. Abro a foto e, ao ver a imagem, sinto o mundo desmoronar ao meu redor. Meu filho... machucado. As marcas em seu corpo me fazem querer gritar, mas o choque paralisa meus lábios. Minha visão embaça pelas lágrimas que começam a se formar. Eu preciso fazer algo, e rápido.
Em um impulso, ligo para Eduardo, meu amigo de infância, que também já foi meu segurança. Ele sempre foi alguém em quem confiei cegamente, e neste momento, não tenho outra opção.
— Eduardo... por favor, rastreia esse número. — Minha voz sai fraca, quase desesperada, assim que ele atende.
Ele promete fazer o possível e, alguns minutos depois, retorna a ligação.
— Esse número... — Ele faz uma pausa, e o silêncio do outro lado da linha é insuportável. — É como se nunca tivesse existido.
As palavras dele me atingem como um soco no estômago. Meu coração aperta tanto que quase não consigo respirar. Quem faria algo assim? Quem teria o poder para apagar todos os rastros?
Victória Lombardi
Finalmente, tudo estava correndo conforme o planejado. Sentada na escuridão do meu escritório, assisto a cada movimento deles, como marionetes nas minhas mãos. Isabella, tão forte e imponente por fora, estava desmoronando por dentro. Ela mal conseguia esconder o desespero, e isso era música para meus ouvidos. O que poderia ser mais prazeroso do que vê-la implorar por respostas, sem saber que eu era a orquestradora de todo o caos?
O sequestro de Lorenzo... Ah, aquele menino era a chave. Não era nada pessoal, claro. Ele era apenas um peão, uma fração mínima no meu jogo de xadrez. Mas as consequências de sua ausência? Essas sim, seriam devastadoras. Eu sabia que Isabella procuraria debaixo de cada pedra, desconfiaria de cada pessoa à sua volta. No fundo, era quase admirável o quanto ela resistia. Quase.
Mas o verdadeiro prêmio... esse era Matteo. Ele ainda não fazia ideia de como estava sendo manipulado. O amor que ele fingia ter por Isabella, essa farsa de casamento, tudo estava se desmoronando diante de seus olhos, e ele não tinha a mínima noção. Eu o conhecia bem o suficiente para saber que ele iria enlouquecer, que o orgulho e a necessidade de controle iriam consumir qualquer vestígio de bom senso. Isso o tornava vulnerável, exatamente como eu precisava que ele fosse.
Enquanto Isabella corria como uma louca atrás do filho, sem pista alguma, eu me movia com precisão. Cada passo estava calculado. Aquele número que ela havia recebido... pobre coitada. Pensava que poderia rastrear algo, que alguma pista a levaria ao seu filho. Mas o que ela não sabia é que eu tinha apagado cada vestígio, como um fantasma, tornando tudo impossível de encontrar.
E Eduardo... aquele idiota. Ele podia tentar o quanto quisesse. Nunca encontraria nada. Eu havia aprendido com os melhores, havia me rodeado das pessoas certas. E agora, tudo estava fora do alcance deles.
Mas, ah, o melhor estava por vir. Lorenzo estava seguro, é claro. Não sou um monstro. Eu não faria mal a uma criança... não fisicamente. Mas o que aquela criança representava, o que ele podia provocar em seus pais... isso era o que realmente importava. A dor deles seria a minha vitória.
Isabella não sabia, mas o verdadeiro inimigo estava bem ao lado dela. E quando ela finalmente percebesse, quando os véus caíssem e ela visse a verdade... será tarde demais.
— Seu tempo está acabando, Isabella. — Murmuro para mim mesma, um sorriso se espalhando em meus lábios enquanto pego uma taça de vinho. — Vamos ver até onde sua força realmente vai.
Lorenzo vai voltar para ela, um dia. Mas até lá, vou me certificar de que ela tenha perdido tudo o que mais ama.
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AMOR DE DUAS CARAS
RomansaMatteo sempre odiou a família de Isabella Martini. Movido por um desejo de vingança, ele passou anos estudando cada detalhe da vida dela, transformando-se em um stalker implacável. Descobriu seus gostos, seus medos, e armou um plano meticuloso para...