Desejo e Caos| 25

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Isabella Martini

"Em cada toque sombrio,
um desejo se revela;
em cada ferida aberta,
o amor se torna
um grito silencioso."
.
.
.

Acordo com uma sensação opressiva de ser observada, como se os olhos dele nunca tivessem se afastado de mim durante a noite. Matteo. O homem com quem compartilho uma casa, um filho e uma história manchada de traições e vingança. Ele tramou para se casar comigo, destruiu minha família e agora vive ao meu lado, como se nada tivesse acontecido. E eu... preciso fingir que aquele dia no sótão, onde guardo as lembranças mais sombrias, não existiu.

Após um longo banho, escolho uma saia preta justa, que vai até um pouco acima dos joelhos, uma blusa branca de alças finas e um blazer, completando com salto alto. A maquiagem é leve, apenas para realçar minha expressão fria e controlada. Quando termino, caminho até o quarto de Lorenzo, nosso filho, o único elo inocente nessa trama de mentiras.

Ao abrir a porta, encontro Matteo terminando de arrumar Lorenzo. Eles não me veem. Por um instante, observo a interação, tentando entender o que há por trás daquela fachada paternal.

--Papá, quero ser igual a você quando crescer.-- Lorenzo diz, com a voz pura de uma criança que não conhece a verdadeira face do pai.

Matteo dá um meio sorriso, mas seus olhos escurecem.

--Não, Lorenzo... você deve ser melhor que eu. Eu carrego uma escuridão que jamais quero que você conheça.-- Seus olhos encontram os meus, e por um segundo, o ar entre nós parece carregar segredos jamais pronunciados. Lorenzo corre até mim, sorrindo.

--Mamãe, você está linda.

Sorrio, mas dentro de mim, a sensação de que estamos todos encenando papéis para um público invisível é esmagadora.

--Ainda bem que você puxou a minha beleza.-- mas minhas palavras parecem perder força ao serem ditas.

Com Lorenzo na escola e Matteo envolvido em seus compromissos, eu me preparei para um encontro que não desejava. Meu cliente, Felipe, insistiu que a reunião fosse em um restaurante, uma arena onde máscaras são usadas e batalhas silenciosas são travadas.

Chego ao restaurante e sou levada até a mesa de Felipe. Ele é jovem, mas seus olhos carregam uma fúria reprimida. Quando segura minha mão e deposita um beijo nela, sinto meu corpo enrijecer de nojo. Tento disfarçar, limpando a mão na minha saia enquanto ele me oferece um sorriso malicioso. Sento-me, ele enrola as mangas da camisa, revelando tatuagens que parecem contar uma história de violência e arrependimento. O garçom chega e fazemos nossos pedidos.

--Vocês já tentaram terapia de casal?-- pergunto, mais por obrigação do que por curiosidade. Felipe solta uma risada curta e cruel.

--Há coisas que não podem ser consertadas, Isabella. Algumas feridas são profundas demais... e certas traições não podem ser perdoadas. A menos que você goste de sofrer, claro.

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⏰ Última atualização: 7 days ago ⏰

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